Demorou nove dias para o Presidente do Comitê Tokyo 2020 Yoshiró Miro de 83 anos de idade pedir demissão do cargo. No dia 3 de fevereiro ele havia feito comentários sexistas indicando que “mulheres falam muito”, “atrasam as reuniões”, “gostam de aparecer”. Desde então, críticas vinham sendo despejadas aos montes, e hoje, numa reunião de emergência do Comitê, ele entregou o cargo.

Ainda não temos um substituto, aliás, o primeiro nome levantado, Saburo Kawabuchi, ex-Presidente da Federação de Futebol do Japão, já foi rechaçado. “Seria trocar um de 83 (Mori) por outro de 84 (Kawabuchi) reagiu grande parte dos críticos”. A idade, entretanto, não é o único problema.

Japão é absolutamente uma sociedade machista, que tem problemas estruturais no tocante a participação da mulher em todos os níveis. O CEO do Comitê Tokyo 2020 Toshiro Muto anunciou que ainda não há a definição para o substituto e que ela “vai sair o mais breve possível”. Não há garantia de que seja uma mulher, mas uma tendência bem forte para que isso ocorra.

O nome natural seria a atual Ministra da Olimpíada, Seiko Hashimoto, que foi três vezes atleta olímpica da patinação de velocidade e medalha de bronze nos Jogos de Albertville em 1992.

Para a indicação do novo Presidente, o Comitê irá formar uma comissão, e esta, pela primeira vez terá representação expressiva de mulheres, fato que até agora vinha sendo deixado de lado pelos dirigentes.

As declarações de Yoshiró Miro não tiveram apenas críticas nestes últimos nove dias. Mais de 300 voluntários pediram desligamento da missão de atuar na Olimpíada e pelo menos três pessoas que estavam indicadas para participar do revezamento da tocha abdicaram da indicação. Uma petição online coletou mais de 147 mil assinaturas pedindo a sua saída.

Yoshiró Mori foi indicado para o cargo de Presidente do Comitê Tóquio 2020 em 2013 pelo antigo Primeiro Ministro Shinzó Abe. Neste momento, para a substituição, o atual Primeiro Ministro Yoshihide Suga está totalmente fora do processo.

Por consequência de tudo o que aconteceu nesta semana, o novo Presidente do Comitê deverá ser indicado com atenção aos princípios da igualdade de gênero, além do respeito e principalmente transparência.

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