Autor • Plínio Rocha
Fonte • Best Swimming – LANCE!

 

Foi mais ou menos uma tropa de elite que Cesar Cielo resolveu fazer quando chamou um grupo de nadadores e um staff técnico para montar uma equipe, à qual deu o nome de P.R.O. 16. A ideia serviu tanto para criar uma iniciativa boa no Brasil como para resolver uma lacuna que se abria na vida esportiva do nadador, que já tinha decidido não ir mais para Auburn, sua meca durante três bons e vitoriosos anos.

 

Tem coisa parecida espalhada por aí. O Race Club, de Gary Hall, é uma delas. Não chega a ser o mesmo formato, mas engana bem. O próprio Cielo diz que o P.R.O. não se preocupa tanto quanto o Race Club no que diz respeito a criar uma marca famosa. Mas assim são os americanos, business em primeiro lugar, aquela tal cultura capitalista que se conhece, vê na televisão e em qualquer canto. Nos EUA, mesmo, o brasileiro citou o lugar onde Thiago Pereira treina, na Califórnia, como algo um pouco mais parecido com o que ele criou. Enfim…

 

No fundo, todo mundo busca a mesma coisa. Estrutura, uma equipe competitiva e que traga algum tom de motivação e tranquilidade para treinar. Esses caras têm objetivos grandes e estabelecidos, sonham com pódios em mundiais e olimpíada. Não é fácil chegar lá. Cielo já está nesse patamar, e vai ter de manter. Não dá para se aponsentar com 23 anos achando que já conseguiu tudo o que queria. O que podia, em termos, ele até já conseguiu, mas pelo discurso que sempre ostenta – que diz exatamente o que pensa – sabe-se que o cara quer mais.

 

Mas Cesar vai ter de trabalhar um pouco como administrador, sim, no P.R.O.. É a imagem dele que vende. Vai ter de colocar a camisa social e o sapato, pelo menos no que diz respeito à formalidade, e, vez ou outra, atacar de empresário. Para captar grana, claro. O governo até vai ajudar, mas ele deixou claro que patrocínios serão sempre benvindos. Sustentar essa galera custa caro, e ele resolveu que vai assumir a bucha.

 

Cielo é um cara determinado. E corajoso. Está dando a cara a bater nesse projeto. Se der certo, vai ser aclamado por ter dado o pontapé inicial a uma fórmula que criou campeões e gerou resultados. Será aplaudido de pé, mais por quem não tem muito knowhow da coisa, para falar a verdade, porque quem tem já admira a postura que ele tomou. Mas se a coisa não for bem, vão dizer que pode ter errado aqui ou ali. São os ossos do ofício, às vezes duros de roer, quando se resolve ser mais patrão do que empregado, e ele sabe bem dos riscos que assumiu.

 

Eu bato palmas para a coisa toda. Acho que a equipe foi muito bem escolhida. Quem está por trás do projeto é gente séria, focada naquilo que realmente interessa. Parece que já tem uma verba engatilhada. O lugar onde vão treinar pode não ser a sétima maravilha do mundo, antiga ou moderna, mas cumpre bem o papel necessário. Os objetivos iniciais que foram traçados, respeitando-se a realidade de cada um, são justos. Pelo comprometimento geral, a parada só não vai andar se alguma coisa acontecer. Não aposto nessa possibilidade, não depois da impressão inicial, pelo menos.

 

Cielo fez o que fez, como dito, por motivos pessoais. Gostaria, aposto, de ter uma baita duma estrutura no clube que representa, de contar com o apoio irrestrito da confederação que representa e de ter patrocínios que cobrissem um staff à la Michael Phelps, por exemplo. Mas aqui é Brasil, ainda, e quando se trata de natação não se fala como se fala de futebol. Mas ele encontrou uma maneira de tentar criar seu próprio país dentro de um contexto que pode ainda não estar tão preparado assim para recebê-lo, mas que pode começar a mudar um pouco a partir de agora.

 

Plínio Rocha é editor do LANCE!

6 respostas
  1. Jose Silva
    Jose Silva says:

    O projeto é bom e creio financeiramente viável. Como o foco está em nadadores de ponta, com potencial já demonstrado, os resultados estão quase que garantidos. É um excelente investimento para quem gosta de patrocinar campeões, com um excelente rendimento em imagem e marketing.

  2. Carvo
    Carvo says:

    Com o entendimento com os clubes e com a Federação esse projeto tem tudo pra ir pra frente sim, sem contar que eles tem um dos melhores técnicos de natação da atualidade. É torcer para esses resultados aparecerem o mais rápido possível.

  3. lala
    lala says:

    Como todo primeiro está sujeito ao certo e errado. Acredito mais que Cielo necessitava atenção só para ele no quesito técnico esta foi a forma encontrada. Descaracterizando no Brasil, CBDA e Federações. Tanto que Gary Halle seu Hace Club não vingou. Passou a era Gary Hall.Tudo tem o seu momento.

  4. DDias
    DDias says:

    Eduardo, acho que esse não é o ponto.
    A estrutura do Cielo é pequena e para atletas “prontos”, top mesmo.Essa estrutura permite analisar/verificar detalhes que outra com uma centena não seria possível.
    Cielo sabe que como estava em Auburn, seria impossível para ele ficar no lugar mais alto.No fundo, tenho certeza que ele não quer ficar o tempo todo levando a seleção brasileira nas costas.É um peso que mesmo um campeão olímpico não pode suportar(nem o Phelps!).
    É uma estrutura “egoísta”?”Panelinha?” Talvez seja, mas no momento, eu acredito que seja o meio mais próximo para levar nossa nação a um outro patamar no esporte, com quem sabe, uma(ou duas!) medalhas coletivas em olimpíadas.
    Algo assim, deveria já ter sido montado pela CBDA há tempos, mas esperar algo dela além da (má) política já é querer demais…

  5. Eduardo Henrique Domingues
    Eduardo Henrique Domingues says:

    Sem dúvida é um projeto bom, mas o governo precisa investir em tantos outros excelentes projetos pelo Brasil afora, mais abrangentes e que não discriminam atletas.

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