Autor • Alex Pussieldi
Fonte • Best Swimming

 

É cedo para dizer que a volta de Ian Thorpe deu errado, mas está mais do que na cara do que não vai ser fácil. Thorpe anunciou sua aposentadoria em novembro de 2006, o seu retorno em fevereiro deste ano. Voltou agora, novembro de 2011, foram cinco anos fora da natação competitiva. Na verdade, este período é ainda maior pois naquele 2006 foram vários "bolos" que Thorpe deu. No Commonwealth, em etapas da Copa do Mundo, outras competições. Thorpe não estava bem e não queria mais treinar, muito menos competir.

Agora é diferente. Voltou porque realmente quer e está "amando" o esporte novamente. Este "amor" tem um incentivo a mais. Segundo a imprensa australiana publica na edição deste domingo, uma classificação para Londres 2012 representa um milhão de dólares para Thorpe.

Se não classificar para aquela que será a sua terceira Olimpíada, o negócio é faturar até a Seletiva Australiana em março. Isto mesmo, e não dá para perder tempo. O agente de Thorpe, David Flaskas, esteve em Singapura, já está em Beijing, próxima etapa da Copa do Mundo onde seu pupilo volta a nadar.  Lá, Flaskas vai assinar um contrato de cinco anos com um novo patrocinador para Thorpe. Assine tudo o que puder, o futuro é incerto.

Outros nadadores passaram pelo mesmo problema que Thorpe está passando. Entretanto, suas voltas foram menos dramáticas e renderam muito menos dólares. Dara Torres é o exemplo de que tudo é possível. Chegou a ficar sete anos fora do esporte competitivo mas voltou de outra forma, primeiro nos Masters até estar em condição de encarar a natação de primeira linha.

Até mesmo o compatriota Michael Klim usou de diferente estratégia de Thorpe. Nadou um evento festivo no início do ano, foi destaque na prova de revezamento e vai treinando "na surdina". Agora está em Sierra Nevada na Espanha, fazendo o treinamento final para a sua volta oficial.

Tem ainda a americana Amanda Beard que foi mãe e voltou em uma competição local ou mesmo Brendan Hansen que também nadou eventos sem importância.

Acontece que Thorpe é muito mais mercado que estes nadadores e sua volta veio toda caracterizada como um grande empreendimento mercadológico. Assim, querendo ou não, Thorpe vai enfrentar toda esta pressão de patrocinadores, de mídia e de seu nome.

Os resultados de Singapura para mim indicam uma forte pressão psicológica e, desta vez, Thorpe não foi bem. Ele mesmo disse em declaração que se ao final da semana não conseguir reverter este quadro vai ficar muito chateado.

Palavras de incentivo é o que não faltam. Seu treinador Gennady Touretsky, diz que falta muito tempo e até mesmo o treinador da Seleção Australiana, Leigh Nugent, resumiu o que representava os resultados de Thorpe em Singapura: "Absolutamente nada!".

Eu iria um pouco mais longe. Talvez os tempos e as provas nada representam, mas a pressão e a forma como Thorpe está reagindo a tudo isso pode determinar o sucesso ou não de sua volta.

 

Alex Pussieldi, editor chefe da Best Swimming Inc. 

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