Autor • Alex Pussieldi
Fonte • Best Swimming
Nunca se subiu tanto. Mas nunca mesmo. Treinamento de altitude não é algo novo, mas nunca foi tão popular. Graças a Lei do Incentivo Fiscal, os principais clubes e equipes do país não tem poupado esforços e decidiram investir tudo ainda mais em ano olímpico.
A CBDA já faz há alguns anos treinamentos de altitude. Primeiro destino foi o México que foi abandonado por conta dos inúmeros problemas gástricos que nossa equipe sofreu. Chegamos a Sierra Nevada na Espanha onde se tornou no destino mais desejado até a criação do centro de Las Lomas, em San Luis Potosi. Este destino, mesmo no México tem melhor estrutura, coisa de primeiro mundo e que atrai vários dos melhores nadadores e seleções do mundo inteiro.
Mais recentemente, Flagstaff no Arizona também foi adicionado ao destino dos brasileiros, principalmente Poliana Okimoto tem estado muito por lá.
Este 2012 abriu com o Pro 2016 nas alturas. O técnico Alberto Pinto da Silva nem quis muito pela altitude, mas sim por ter um training camp em algum lugar distante para melhor concentração e conscientização do grupo. O objetivo da fase era ganhar força. O treinamento fora d'água tem mais incremento com os efeitos da altitude do que na água. Entretanto, todo cuitdado é pouco. Nas séries de piscina, um atleta cansado pára de fazer força e termina a série. Na preparação física ele continua e pode trabalhar acima do que deveria fazer e até se lesionar. Por conta disso, em qualquer equipe que se preze, viajar para a altitude sem atendimento médico é loucura. Por mais que o treinador seja autodidata e capaz de identificar e reconher os efeitos em seus atletas, o acompanhamento bioquímico é uma necessidade.
Depois do Pro 2016 foi a vez do Grêmio Náutico União subir para a mesma Las Lomas. Destino de parte da equipe principal do Pinheiros, o Corinthians e o Fluminense. O Flamengo foi para a Bolívia, subiu mais alto, 2.700 metros em Sucre com o maior grupo entre todos que estão viajando.
A CBDA tem previsto em seu planejamento dois treinamentos de altitude pré-Olímpiada. Tais viagens ainda poderão se dividir em várias já que treinadores discordam com relação ao período de quando subir, quando descer, quanto tempo ficar lá e por aí vai.
O primeiro grupo está marcado para subir e ficar três semanas chegando 10 dias antes do início do Maria Lenk. Para alguns, perfeito! Para outros, loucura!
A baixa concentração de oxigênio em altitudes acima dos 1.500 metros incrementam a capacidade do organismo em lidar com tal dificuldade incrementando a produção de células vermelhas e hemoglobinas. Tal adaptação ainda consegue ser sentida quando se desce da altitude em períodos que variam de 10 a 14 dias.
Também existem diferentes teorias com relação a este período pós-altitude. Todas estas variáveis e principalmente as consequências de um treinamento mal feito causam muitas inquietudes. As consequências fisiológicas para um trabalho mal programado pode comprometer toda uma temporada. E os erros acontecem, e a frequência não é pouca.
Subir para a altitude também requer preparação. "Oxigenar" o corpo na subida, e "adaptar na chegada", "preparar a descida" e "aliviar nos primeiros treinos no retorno" soam quase que como praxes comuns para todos.
Recentemente estive em Colorado Springs, lá conversei com o experiente treinador americano Bill Rose. Ele, sorrindo, não escondeu que "desafia" as condições naturais e vai sempre além do que deveria nos treinamentos de altitude. É como saber o que está fazendo mesmo que seja errado. Algo que pode dar alguns resultados espetaculares ou comprometer toda uma temporada.
O treinamento de altitude também tem efeitos diferenciados em diferentes atletas e suas individuais características. Alinhavar todas estas questões e dúvidas faz parte do dilema que os treinadores estão a vivenciar neste ano olímpico.
Os vôos podem ser bem altos, mas as quedas poderão ser muito grandes.
Alexandre Pussieldi, editor chefe da Best Swimming Inc.
Coach, muito bom texto.
Não sabia ser tão complexo e PERIGOSO para a VIDA ESPORTIVA DO ATLETA este assunto.
O que diria você sobre fazer um programa de altitude com um técnico que não seja o seu?
E sobre levar um grupo de atletas de técnicos diferentes mas não levar os técnicos?
Reforçando sua preocupação segue texto sobre treinamento em altitude.
http://www.totalsport.com.br/colunas/moraes/ed2700.htm