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Fonte • Contrapé de Jornalismo

Contrapé de Jornalismo

Albertinho e César Cielo nos preparativos olímpicos

 O técnico Alberto Silva, o Albertinho, comanda o Projeto Rumo ao Ouro em 2016, o PRO 16, grupo de treinamento de elite, que reúne atletas de vários clubes, entre eles a principal estrela da natação brasileira, Cesar Cielo, do Flamengo, treinando no Centro Olímpico, piscina pública da Prefeitura de São Paulo. Nos Jogos Olímpicos de Londres, a partir de sábado, quando começam as disputas da natação, e até o dia 4 de agosto, Albertinho vai ver na competição o trabalho de um ano e meio com o PRO 16. "O projeto começou com o Cesar Cielo, com a decisão dele de voltar ao Brasil, com a minha saída do Pinheiros… Fomos acrescentando mais alguns objetivos e passou a ser o sonho de outras pessoas que foram se juntando a nós. O projeto começou com o Cielo querendo voltar ao Brasil e o primeiro objetivo eram os Jogos", afirma Albertinho.



O PRO 16 tem um ano e meio. Que avaliação você faz?

Alberto Silva – É um projeto de alto rendimento, que juntou atletas do Brasil treinando juntos, em alto nível, num local bem estruturado, superando as deficiências que tínhamos – sempre faltava alguma coisa. Eu só colocaria coisas positivas em relação a isso. Fomos agregando cada vez mais atletas que estavam treinando em grandes centros e com grandes técnicos lá fora e acabaram voltando para o Brasil… Vemos o programa encaixando, o Centro Olímpico melhorando ainda mais com o pool com o COB e a CBDA. Mas fica difícil finalizar essa avaliação antes do fim dos Jogos Olímpicos.



Foi uma decisão acertada fazer o projeto?

Alberto Silva – O projeto começou com o Cesar Cielo, com a decisão dele de voltar ao Brasil, com a minha saída do Pinheiros. Fomos acrescentando mais alguns objetivos e passou a ser o sonho de outras pessoas que foram se juntando a nós. O primeiro objetivo eram os Jogos de Londres. Agregar os atletas, desenvolver nosso trabalho, nosso centro de treinamento, chegar com o grupo todo na Olimpíada. Está bem encaminhado e podemos ser vitoriosos. Estou satisfeito com o trabalho que eu e a equipe toda, de atletas e profissionais, conseguimos realizar – tudo o que identificamos como falha do grupo ou como estratégia de trabalho e das provas dos atletas pusemos em prática, trabalhamos, realizamos e vimos as mudanças para melhor. Agora, é esperar acontecer a competição.



Quais as perspectivas para Londres dos integrantes do PRO 16?

Alberto Silva – Os 100% em termos de grupo seria ter todos nas finais, uma meta difícil porque é uma questão de momento, o da competição, do fator psicológico na hora, e algo que tenhamos acertado mais ou menos… E o que pesa mais agora é o fator psicológico e o que a gente não controla, que são os adversários. Podemos ficar fora de algumas finais e será normal, mas os tempos que eles fizeram no ano…. Tivemos o grupo inteiro entre os top ten do mundo e oito vão à final. Eu diria que é uma meta realizável, apesar de a gente saber das dificuldades.



O que podemos imaginar para o Cesar Cielo?

Alberto Silva – Eu quero vê-lo bicampeão olímpico nos 50 m livre. Para os 100 m livre…. Bom, se a gente conseguir encaixar a melhor prova dos últimos anos, da vida dele, será muito bom. Ele se preparou para isso, dentro da nossa estratégia de fazer um trabalho de resistência lática para ele aguentar a volta, até o Maria Lenk, e, depois, um trabalho para ficar veloz e ter uma passagem confortável, lapidando essa volta dele. Ele realizou bem esse trabalho e espero que faça uma prova de 100 m muito boa. O Cesar tem uma percepção muito boa dele mesmo, então é muito de como ele se sentir, vai depender de como as coisas rolarem nas eliminatórias e semifinais, para ele e os adversários… Ele vai nadar dentro da realidade de como ele se sentir na hora.



E para os demais integrantes do PRO 16?

Alberto Silva –No caso do Thiago Pereira, a gente espera que ele traga uma medalha para o Brasil, que tenha a tranquilidade que teve a temporada praticamente toda para fazer eliminatórias e semifinais com características de eliminatórias e semifinais e a final da prova dentro do que treinou. Se ele fizer isso, a chance de medalha é grande, respeitando todos os adversários. Não é preciso se testar nas eliminatórias e semifinais e, na final, é preciso confiar na sua prova. Ele pode bem perto dos adversários na primeira metade da prova, dentro da característica que ele treinou, e acreditando na final.



O PRO 16 tem o Leonardo de Deus, o Henrique Barbosa, o Nicolas Oliveira, o Nicholas Santos…

Alberto Silva – Estão no mesmo patamar. O Leonardo de Deus tem 1:55 e meio (200 m borboleta). Se entrar numa final melhorando o tempo dele, para 1:54, isso poderia motivar para tentar estar entre os seis, levando em conta que acerte tudo. O mesmo para o Henrique Barbosa e o Tales Cerdeira. Eles tem 2:9…. No restante do mundo estão nadando 2:8. De repente nadam numa semifinal para 2.8 e entram numa final motivados. Seria um grande feito estarmos na final. O Nicolas Oliveira fez uma temporada curta com o grupo, do Maria Lenk para cá e talvez não tenha dado para fazer tudo o que era preciso, mas treinou bem. Como é a primeira vez que faz a temporada com o PRO 16, seria bom já nas eliminatórias ele sentir que tem condição. Ele tem e reuniu essas condições, trabalhou bem, mas precisa nadar uma eliminatória bem, para passar com confiança para uma semifinal. Se nadar como espero, pode ajudar o revezamento… O Cesar, um dos mais rápidos do mundo, tendo um cara desses bem, com tempo de top oito, pode contagiar positivamente o time, que fica mais forte. Pode ser um cara importante para ficar até o final da Olimpíada, de repente nadar a eliminatória do revezamento medley, poupando o Cesar ali. Espero que o Nicholas esteja bem para fazer o papel dele de ajudar a classificar o revezamento para a final e, indo um pouco além, que mostre um resultado tão bom que acabe cavando um lugar na final também. 



Os revezamentos são candidatos à medalha?

Alberto Silva – Revezamento é momento, mas dependeremos de quatro caras estarem bem, na mesma hora, no dia da competição. Não temos oito atletas nadando o mesmo tempo. Temos quatro. Mas temos o recordista mundial e se o Nicolas Oliveira chegar a uma final, nadando para um 48 baixo, já dá uma boa melhorada. Se não me engano, a média do revezamento americano foi de 48:4, 48 e meio. Se o Nicholas Santos melhorar também, o Chiereghini evoluir… O Fratus, sempre que a gente precisou dele, fez a parte dele no revezamento… Se tudo isso se ajustar, teremos um revezamento competitivo. A Austrália está acima de todo mundo, a França também tem um patamar até melhor do que o dos Estados Unidos no papel e os americanos nem estão tão melhor do que nós. Estamos entre os seis primeiros. Se tudo sair direito, no momento, dá uma clareada. No quatro estilos…. que é no final do programa, vai depender das provas individuais. Se Cielo, o França e o Thiago levarem medalha… Eles entrariam no revezamento com tudo. Se der tudo errado… pode dar uma brochada. Depende do que acontecer na competição.



Qual o tempo que o Cielo pode fazer em Londres? Ele fixou como meta, ganhar os 50 m livre com índice olímpico.

Alberto Silva – O Cesar muda as metas dele durante a temporada, conforme saem os treinos.Tem sensibilidade grande. Treinou, trabalhou, para nadar 21s20, mas criou a expectativa para 21s30, o recorde olímpico, nos 50 m livre. Mas ele não vai nadar tudo nas eliminatórias e semifinais e aí vai sentindo. Passou o Maria Lenk, priorizamos a velocidade. Ele fica feliz e confiante quando está rápido. A ideia foi de lapidar, depois do Maria Lenk, tudo o que construímos até lá. Espero mesmo que esteja rápido para defender o título dos 50 m livre e tentar melhorar nos 100 m com medalha. Espero que faça uma prova olho no olho… e a gente enfartando… Se disputar até o último metro, qualquer que seja o adversário, é o que trabalhamos no treino. Difícil falar em tempo. Se a prova for disputada em 47 e meio que ele esteja em condições de fazer isso, se for em 47:3 também. 

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