Tenho de ser sincero e reconhecer que no dia 2 de outubro de 2009, quando o Rio de Janeiro foi escolhido como sede dos Jogos Olímpicos de 2016 não vibrei. Fiz parte do time que torceu contra, e os motivos todos sabem. Um descrédito nos nossos governantes, nos nossos dirigentes esportivos, na superfaturação de obras, da falta de legado por completo dos Jogos Pan Americanos, e decepcionado com anos e anos trabalhando com o esporte em todos os níveis.

Diferente de mim, o então Governador do Rio, Sérgio Cabral Filho, ainda no seu primeiro mandato, vibrou demais. A imagem do anúncio da vitória em Copenhaguen na Dinamarca é marcada por pulos de alegria de dirigentes e políticos, e um dos mais animados era ele, o Governador.
Sérgio Cabral se re-elegeu sem problemas em 2010 e ainda mais fácil do que havia sido na sua primeira eleição, agora diretamente no primeiro turno com 66% dos votos. Mesmo assim, seus mandatos são recheados de obras inacabadas e superfaturadas. O Arco Metropolitano do Rio que era para ser concluído em 2010 será terminado este ano. A obra seria de 536 milhões e já superou a barreira de um bilhão há dois anos. A Transbaixada era para ser inaugurada em 2012, até hoje não há nem previsão. Uma compra de trens da China em 2009 para uma Supervia só tivemos o primeiro deles rodando três anos depois. E tem mais, obras do metrô prometidas, cotadas e que nem começaram, rodovias que seriam duplicadas e nada foi feito.
Foi por conta disso que o Governador Sérgio Cabral foi um dos maiores alvos dos protestos de junho do ano passado. Sua amizade e parceria com Elke Batista, seu jeito autoritário de governar, o uso de helicóptero oficial para viagens particulares, até mesmo o cachorro do seu filho já usufruiu disso. Não é para menos que hoje, é o Governador com pior avaliação do país em 18% da população.
Pois este é o Governador do Rio, o mesmo que prometeu fazer do Rio a Capital Mundial do Esporte eagora vive cancelando compromissos e promessas sem planejamento, sem programação e muitas sem nexo. É o mesmo que teve de cancelar a realização da entrega do Prêmio Laureus, inadimplente desde o ano passado em uma dívida de 11 milhões de reais mesmo que tivesse contrato assinado para a realização do mesmo. O fato não foi exceção, afinal, a Copa do Mundo de Tiro Esportivo, a Copa do Mundo de Pentatlo Moderno, o Torneio Athina Onassis de Hipismo, a feira mundial da Soccerex e até mesmo o Grand Slam de Judô. Todos eventos que estavam programados, marcados e sob a ciência de seu governo. Todos frutos do projeto de fazer da Cidade Maravilhosa, a Capital Mundial do Esporte.
Sérgio Cabral é o mesmo que mandou derrubar o Parque Aquático Julio de Lamare e depois de meses de briga com o Ministério Público foi obrigado a reconhecer seu erro. Mesmo assim, prometeu coisas que ainda não fez levando o Presidente da CBDA Coaracy Nunes a protestar publicamente frustrado com as promessas que nunca se realizam, uma constância em todo o seu governo.
Menos mal para os esportes aquáticos que ainda conseguiram segurar sua piscina, pois coitados do atletismo que ficou sem teto com a destruição do único estádio público da modalidade no estado e principal local de treinamento do atletismo carioca.
Este é o Governador que prometeu zerar o déficit do investimento nos projetos olímpicos. É o mesmo que garantiu que 80% da Baía de Guanabara vai estar limpa até a Olimpíada.
Este Governador termina o seu mandato este ano para alegria dos cariocas. Vai apoiar ao seu vice para a próxima eleição, Luiz Fernando Pezão que aparece em último lugar em todas as pesquisas de opinião com apenas 6% dos votos. Ao que tudo indica vai sair candidato ao Senado e vai receber nas urnas o castigo por todo estes anos de péssima administração e marcado pela corrupção.
Sem Sérgio Cabral, quem sabe o Rio continue lindo e encontre uma nova administração capaz de organizar as obras e compromissos até os Jogos Olímpicos.
Não há como não querer que o país faça bonito, esteja organizado e consiga deixar um legado de obras e realizações para um evento grandioso, mas, acima de tudo, para muitas gerações que poderão tirar proveito deste projeto.
A Olimpíada é nossa, mas o Governador já vai tarde.

Alex A. Pussieldi, editor chefe Best Swimming Inc.

2 respostas
  1. Adriana Picolli
    Adriana Picolli says:

    Cabral não foi perfeito,mas péssima administração?basta pegar os números da economia e da violência antes e depois dele,aliás arrisco dizer que nenhum governador no Brasil teve os mesmos números e nem citei as Upps.Sou realista,achavam que o RJ antes dele era a cidade mais violenta do mundo,assim como tem gente que deve achar que ele é o único governador que tem forte ligação com empresário.

  2. 021
    021 says:

    Mesmo com sua saída, o horizonte é tenebroso. Garotinho, Crivella, Lindberg ou César Maia?!?! Vamos trocar 6 por meia dúzia. Triste!

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