Com o perdão da palavra, mas eu acho o James Magnussen foda. Um baita nadador. Os feitos do cidadão falam por si próprios, mas vale a pena ressaltar. Sou fã assumido dele. Ponto-final.

E, quando ele começou a nadar os 100m livre para 47s, a torto e a direito, todo mundo pensou que seria o novo dono do recorde mundial. Claro, os 46s91 de Cesar Cielo são de se respeitar absurdamente, mas se o cara mete 47s10, sem traje de poliuretano ou sei-lá-o-quê, o que dizer?

Que daí para baixar mais alguns centésimos era um pulo. Literalmente, se ele acertasse uma saída perfeita, como ainda não fez e, talvez, nem seja o forte dele.

Mas o tempo foi passando. E, percebeu-se, os 46s91 de Cielo talvez sejam definitivos, mesmo, porque, afinal, é uma marca sensacional. Quem esperava que alguém fosse nadar os 100m livre, na longa, abaixo de 47s? Além de Alain Bernard, só o brasileiro fez isso. Mas o francês… Ah, o francês…

Talvez a mesma pessoa que pense que Magnussen pode quebrar esse recorde. O australiano já nadou para 47s em 12 oportunidades. Doze. A mais recente, em um estadual na Austrália, para 47s73. É a melhor marca do ano, que acaba de começar.

O australiano tem alguns objetivos. O primeiro, na verdade, é buscar o recorde nacional. Vale ressaltar, sempre, que Eamon Sullivan, outro cara que pintava como séria ameaça ao recorde mundial de Cielo, por mais que já estivesse mal quando o brasileiro fez a marca, tem aqueles 47s05. Magnífico. Mas parou por aí. Ou, para não ser injusto, teve de parar, porque parece que o tal problema da lesão nas costas era coisa grave e séria, mesmo.

Magnussen tem de correr atrás disso. E tem de deixar para trás, definitivamente, a performance decepcionante de Londres-2012. “Ah, mas o cara conseguiu uma prata e um bronze”, vão dizer. Dane-se. Talvez, para ele, tenham o mesmo sentido que o bronze dos 50m livre tem para Cielo. Gosto amargo, que só deve ter sido levemente açucarado depois que o australiano foi campeão mundial dos 100m livre em Barcelona, em 2013. Dá aquela amenizada, como deu para Cielo, num assunto tratado num texto anterior, aqui mesmo na Best Swimming.

O campeão mundial Magnussen lavou a alma na Espanha. Bicampeão mundial, aliás. Enche de moral para o que ele realmente quer buscar, agora.

E do que ele estaria atrás? Recorde mundial? Ouro olímpico?

Certamente. Mas, principalmente, de respeito. Magnussen já era visto como um dos melhores do mundo. Depois da Olimpíada, essa aura ameaçou se enfraquecer. O ouro em Barcelona e os tempos que vem mantendo o recolocam na posição que ele merece estar.

E, às vezes, é esse o detalhe que um cara desses precisa para tirar dez, 20 centésimos de um tempo já absurdo. Confiança. Como brasileiro, dá para cruzar os dedos quando ele cair na água inspirado, numa próxima vez, mas Cielo que se cuide. O australiano tem cheiro de 46s nos 100m livre.

Se vai conseguir? Quem pode dizer… Quem viver, verá.

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Plinio Rocha

Plínio Rocha é editor do Diário de S.Paulo e assina a coluna Na Raia na Best Swimming desde 2007

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