Não é só pelo ouro olímpico, o tri mundial, e os anos de domínio da velocidade na natação deste planeta. César Cielo tem um algo mais, um carisma, uma imagem e um nome que faz dele o mais celebrado, prestigiado e valioso atleta da nossa natação.

Não somos o esporte mais visível da mídia, longe disso. Se contarmos o número de eventos, Cielo e outros astros da natação brasileira aparecem cinco a sete vezes por ano na TV, e olhe lá. Adicionados a isso, as notícias nos jornais, na internet e as raras aparições nos programas de TV.

Mesmo assim, Cielo é um nome, estabelecido e reconhecido. A sua contratação pelo Minas tem um fator ainda mais significativo. Mais do que ser contratado pelo clube mais popular do Brasil em 2010, o Flamengo, desta vez Cielo não só integra a equipe, mas treina lá. Vai estar visível para o associado, para os jovens atletas do clube, para o público mineiro.

Não só pelos pontos que ele vai trazer para o Minas, mas a imagem e o marketing associado a sua contratação, fazem dela a mais expressiva e importante da natação brasileira nos últimos anos. Cielo vai estrear na equipe neste final de semana no Troféu Metropolitano, e sou capaz de apostar que a piscina vai estar cheia como nunca.

Jovens nadadores, amantes do esporte local, todas as emissoras de TV, enfim um público e um ambiente que quem tem nadado em Minas Gerais nunca viu. Bem administrado e promovido, isso pode virar rotina, afinal a natação é um grande espetáculo, falta promovê-lo.

Isso me lembra o famoso treinador americano James Counsilmann. Ele, nas décadas de 60 e 70, promovia um evento na Universidade de Indiana onde comandava alguns dos melhores nadadores americanos e do mundo na época. Nomes como Gary Hall, Mark Spitz e muitos outros. O evento era uma prova de 800 metros feitos no estilo principal do atleta e no qual se ele alcançasse o padrão de tempo determinado ganhava um punhado de bala de gomas.

Pois o “Jelly Beans Challenge” do Doc Consilmann enchia as arquibancadas de familiares, estudantes e amantes da natação. No dia seguinte, até mesmo os jornais locais publicavam resultados e fotos do evento.

Missy Franklin é outro exemplo de como um nome pode mudar uma cultura. Uma das maiores expressões mundiais da natação abriu mão da profissionalização para se tornar na mais famosa atleta-estudante da Universidade da Califórnia em Berkeley. Estamos falando de deixar de receber algo em torno dos três milhões de dólares por ano afim de manter a sua elegibilidade do NCAA.

Esta intenção de defender a CAL ganhou centenas de torcedores nas competições durante a temporada. De novo, não é só pela qualidade e resultados de Missy, mas a sua simpatia e boa imagem tem sido determinante para popularizar a natação em todos os níveis. As arquibancadas são a comprovação disso.

Os exemplos estão claros e visíveis. As passagens de Cielo pelo Flamengo e Thiago Pereira pelo Corinthians não funcionaram como deveriam pela falta de produção, de promoção e envolvimento dos dois com os clubes e seus programas. É a hora do Minas visualizar isso, trabalhar, promover e investir profissionalmente não só na imagem do Cielo, do Minas, mas acima de tudo de nosso esporte.

É pagar para ver. A arquibancada vai estar cheia, podem me cobrar.

Alexandre de A. Pussieldi, editor chefe Best Swimming Inc.

1 responder
  1. Rodrigo G
    Rodrigo G says:

    Coach, ótimo texto! Mas o último parágrafo, em especial, disse o mais importante:

    a passagem do Cielo pelo Flamengo e do Thiago pelo Corinthians foi uma lição para os clubes e atletas. A primeira parte percebeu que não dá pra investir tão pesado num atleta que não cria vínculo com o clube, já a segunda parte teve que entender da pior forma que não basta receber o contra-cheque e posar com a camisa do clube. Tem que VIVENCIAR o clube. O Corinthians corrigiu isso logo e hoje tem alguns nomes na seleção brasileira que treinam lá e convivem não só com atletas de outras categorias mas também com os associados.

Deixe uma resposta

Want to join the discussion?
Feel free to contribute!

Deixe um comentário