Vou parodiar o treinador (ou melhor ex-treinador) Mano do Corinthians, “uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa”. O Brasil é campeão mundial pela primeira vez do Mundial de Piscina Curta, feito histórico, épico e inacreditável em Doha no final de semana.

Sem ser entorpecido pela conquista, muito menos negativo nas constantes projeções para o Mundial de Kazan e os Jogos Olímpicos de 2016, o feito foi fantástico. Conseguimos algo que jamais havíamos chegado perto e derrotando algumas das melhores seleções do mundo.

A conquista do Brasil teve recorde em número de finais (ficamos em quinto lugar entre todos participantes), teve número recorde de medalhas de ouro (foram sete o recorde anterior eram três), teve número recorde de medalhas (foram dez o recorde anterior eram oito), dois recordes mundiais, três recordes de campeonato, dez recordes sul-americanos.

Se no quadro geral de medalhas, o Brasil foi o maior de todos, batendo a Hungria que ficou em segundo lugar e a Holanda em terceiro. Os Estados Unidos venciam este quadro há três campeonatos consecutivamente e desta vez ficaram num decepcionante nono lugar. Na pontuação, reconhecida pela FINA, e que ninguém dá bola, teve os Estados Unidos como campeão e o Brasil em quinto lugar, nossa melhor colocação em 12 edições do Campeonato.

Sempre vai haver gente dizendo que Mundial de Curta é menos importante do que Mundial de Longa (e é verdade), outros falando que faltou muitos dos melhores nadadores do mundo (verdade também). Aliás, dá para listar um bocado que não estava lá, mas nas provas onde conseguimos nossos melhores resultados (César Cielo, Felipe França, Etiene Medeiros e Nicholas Santos) foram alcançados contra alguns dos melhores do mundo, alguns consagrados como melhores do mundo.

Cielo foi campeão em cima de Florent Manaudou, Felipe França bateu o campeão olímpico Cameron van der Burgh, Etiene Medeiros além do recorde mundial (feito incontestável) derrotou Emily Seebohm e Katinka Hosszu, e para completar a prata de Nicholas Santos foi contra o melhor nadador do mundo na atualidade, Chad Le Clos.

E se faltou gente, faltou mesmo, nomes como Thiago Pereira medalhista olímpico, Felipe Lima medalhista do Mundial do ano passado, Bruno Fratus campeão do Pan Pacífico e Leonardo de Deus medalhista do Pan Pacífico são apenas alguns exemplos. Conclusão, faltou para os outros, faltou para nós também.

Tem outro dado muito forte de que este foi o mais forte Mundial de Curta da história. Foram 23 recordes mundias, batendo de longe o Mundial de Manchester em 2008 quando 18 marcas foram quebradas. Só para comparar, o último Mundial de 2012 foram apenas dois recordes mundiais.

Se existe algum ponto negativo em nossa performance continua sendo nossa limitação de performances nas provas mais longas. O que antes era um problema nas provas de fundo, agora também é no meio fundo. Tivemos apenas dois nadadores classificados para as finais das provas de 200 ou mais metros. Foi apenas Henrique Rodrigues que chegou a final dos 200 medley e Felipe França nos 200 peito, e só.

O Brasil campeão mundial de piscina curta não quer dizer sucesso garantido para o Mundial de Kazan, muito menos para nossa campanha olímpica em 2016. Quer dizer que o trabalho que está sendo feito no país está sendo muito bem feito. O planejamento tem funcionado e os resultados comprovam isso.

Estamos há uma semana do Open, primeira seletiva para o Mundial e os Jogos Pan Americanos e já vamos ter uma noção exata do atual nível da natação brasileira e as nossas perspectivas para o futuro.

Piscina curta é outro esporte. Já sabemos disso há muito tempo. Nossa tradição indica isso, a realidade mundial nos provou isso. Assim, temos de tentar levar ao máximo o que se passou na curta para o que vem pela frente na longa.

O momento é bom, temos muito que comemorar, mas sabemos que ainda temos muito que trabalhar, afinal “uma coisa é uma coisa, outra coisa é outra coisa”.

Alexandre de A. Pussieldi, editor chefe da Best Swimming Inc.

8 respostas
  1. Alexandre Madsen
    Alexandre Madsen says:

    44.68 Matt Greevers – Duel in the Pool 2009 – COM SUPER TRAJE

    44.67 Cesar Cielo – WORLD SWIMMING CHAMPIONSHIPS 2014 – SEM JAKED OU ARENA

    BEM DIFERENTE!!!

  2. Alexandre Madsen
    Alexandre Madsen says:

    Coach.

    44.68 Matt Greevers – DUEL IN THE POOL 2009 – SEM SUPER TRAJE

    44.67 Cielo – WORLD SWIMMING CHAMPIONSHIPS 2014 – SEM AJUDA PARA FLUTUABILIDADE.

    E foi com ouro, em cima de ninguém menos que Ryan Lochte e do próprio Matt Greevers, o todo podoreso TEAM USA.

    NÃO TEM PREÇO!!! BRASILLLLL!!!!

  3. Realista
    Realista says:

    Mas onde no comentário escrevi:

    “tudo que fazemos não presta.” ??

    Apenas foi feito um paralelo entre as competições de natação e de futebol.

    Only this!!

  4. Alex Pussieldi
    Alex Pussieldi says:

    Não realista, mas não mesmo.
    Quem é o país mais vencedor dos Mundiais de Piscina Curta? Estados Unidos.
    Maior medalhista em Mundiais de Piscina Curta? Ryan Lochte.
    Fora o Brasil quem foi destaque em Doha? Chad Le Clos, Katinka Hosszu, Sarah Sjoestroem, Florent Manaudou, Daniel Gyurta, Femke Heemskerk, Ranomi Kromowidjojo, Ruta Meilutyte, Alia Atkinson e por aí vai…
    Estas pessoas não representam nada na piscina longa?
    Voltamos com o espírito vira-lata do brasileiro onde tudo que fazemos não presta.

  5. Realista
    Realista says:

    Piscina curta é outro esporte.

    Re: Analisando melhor, a melhor definição para o Mundial de Piscina Curta seria:

    O Mundial de Piscina Curta está para o Mundial de Esportes Aquáticos assim
    como o Mundial de Futsal está para a Copa do Mundo de Futebol.

  6. DDias
    DDias says:

    Coach,
    concordo com quase tudo no seu texto, mas acho que faltou um levantamento sobre os revezamentos(masculinos).
    No 4x100livre, nem medalhamos na curta, mas acho que temos chance de medalha já em Kazan(e disputaremos o OURO em 2016).
    Nos 4x200livre, acredito que poderemos ter um time forte até 2016 com todo mundo na casa de 1.46(se o Pereira nadar principalmente), resta saber se haverá empenho de todos para isso(da CBDA principalmente).
    Nos 4x100Medley, não se iludam com o ouro de curta. Estamos muito longe do trio EUA-FRA-AUS quando os melhores deles nadam. Espero que o GUIDO e o MACEDO queimem o “cosmo” deles para melhorar.Nós precisaremos deles no topo de suas capacidades.

  7. Alex Pussieldi
    Alex Pussieldi says:

    Alexandre, eu não tenho este dado, apenas achei Matt Greevers 44.68 no 4×100 livre do Duel in The Pool de 2009. Assim, para mim o seu levantamento está correto, mas não posso precisar.

  8. Alexandre Madsen
    Alexandre Madsen says:

    Coach.

    A minha suspeita de que o 44.67 seja o melhor parcial da história se baseia nos seguintes dados. Da era dos trajes tecnológicos para cá, seguem os tempos dos 4 vencedores nos 100 livre individual em Mundiais de Curta:

    Manchester 2008

    1º Nathan Adrian – 46.67 ( 2 s acima!!! )

    Dubai 2010

    1º Cesar Cielo – 45.74

    Istambul 2012

    1º Vladimir Morozov – 45.65 ( CR na abertura do 4 x 100 livre – 45.52 )

    Doha 2014

    1º Cielo – 45.75 ( CR Morozov na abertura do 4 x 100 livre – 45.51 )

    Nestas últimas 4 edições de Mundial Short Course, ninguém nadou para 44 em nenhuma prova de relay.

    P.S. : A única possibilidade de alguém ter nadado para 44 médio em relay pode ter sido em 2009, ano dos super trajes Jaked e Arena. No Francês e no Europeu de curta ( Leveaux ou Bousquet ). Se nadou, nadou para 44 alto. 44 médio, acho difícil.

    P.S. 2 : Coach, eu sei que o principal é o tempo de abertura do reveza. Porém, assim como em Pequim 2008, foi destacado o parcial de 46.08 do Jason Lesak, fechando o 4 x 100 livre para os EUA ( o melhor em piscina longa ), têm quer ser destacados tbm os inacreditáveis 44.67 do Cesão, fechando o 4 x 100 medley para o Brasil ( o melhor em piscina curta ) em Doha 2014.

    P.S. 3 : Em Campeonatos Mundiais, é o melhor parcial!!! Sem dúvida!!!

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