Quem assistiu a luta de sábado viu que o americano Jon Jones de 27 anos continua sendo o melhor lutador de MMA do mundo. O também americano Daniel Cornier até foi um bom adversário, mas a vitória, a 21a em 22 lutas manteve o título para aquele que “pound por pound” é considerado o melhor lutador da atualidade.

Esta avaliação peso por peso, é uma forma subjetiva de analisar diferentes campeões em suas diferentes categorias indicando qual é o melhor dos melhores. Jon Jones luta na light heavyweight para lutadores de 84 a 93 quilos. Nesta sua carreira de pouco mais de seis anos, Jones foi derrotado apenas uma vez, em 2009, ou melhor, foi desclassificado por bater em seu adversário com os cotovelos quando ele estava caído, ato considerado ilegal nas poucas regras do MMA.

A primeira verdadeira derrota de Jon Jones foi anunciada ontem quando em um comunicado a Yahoo Sports ele anunciou o seu teste positivo para a substância benzylecgonine, principal metabólito da cocaína. O teste foi dos chamados “surpresas” realizado no dia 3 de dezembro e o resultado saiu 20 dias depois.

A cocaína está na lista proibida da WADA na categoria S6 estimulantes onde também estão a S7 narcóticos, S8 cannabinoides, e S9 glucocordticoides todos proibidos apenas nos testes realizados em competições. Como foi um teste surpresa, Jon Jones apenas entrou na “lista negra” onde os testes serão incrementados na busca de um outro teste positivo o que aí poderia representar a sua suspensão.

Antes da luta de sábado, Jones foi testado mais uma vez, dois dias antes e após a luta novamente. Caso estes testes apresentem a substância, aí sim ele seria punido.

Não punido na esfera esportiva, Jon Jones deixou manchada a sua carreira. A internação em um centro de reabilitação minimiza o fato, mas não apaga.

Jon Jones representa para o MMA e a sua poderosa empresa UFC o que Michael Phelps representa para a nossa natação. O mesmo Michael Phelps que em setembro foi pego dirigindo embriagado pela segunda vez em um túnel da sua Maryland nos Estados Unidos.

Phelps foi suspenso pela USA Swimming por seis meses, abriu mão do Mundial de Kazan e na esfera jurídica fica em liberdade condicional por 18 meses. Phelps que, como Jon Jones, também esteve num centro de reabilitação, agora frequenta o grupo de Alcóolatras Anônimos e durante todo este período não poderá beber ou utilizar drogas.

Phelps, como Jones, tem um impacto e uma influência muito grande no seu esporte. Sua imagem foi afetada e a repercussão muito negativa.

Negativa também foi a forma que o doping do fundista chinês Sun Yang teve no ano passado. Considerado um dos mais populares atletas da China, Yang é o melhor fundista da natação atual. Recordista mundial dos 800 e 1500 livre, campeão mundial em Barcelona 2013 dos 400 aos 1500 além do título olímpico dos 1500 em Londres 2012, Yang teve mais destaques nas controvérsias do que nos resultados em piscina neste último ano.

Em novembro de 2013, Yang se envolveu num pequeno acidente de carro em sua cidade. De vítima no acidente, Yang dirigia seu carro sem habilitação, ou melhor, sem nunca ter uma. Foi parar na prisão, uma semana detido pelas autoridades chinesas. Da Federação de Natação foi suspenso por três meses de qualquer atividade ou treinamento.

Yang voltou em tempo de disputar a seletiva nacional em abril na busca de uma vaga para os Jogos da Ásia, principal competição da temporada passada para os chineses. Na seletiva, ele venceu tudo e fez algumas das melhores marcas do ano, mesmo ainda longe da sua melhor forma.

Nos Jogos da Ásia, ele ganhou ouro nos 400 e 1500 além de uma prata nos 200 livre. Em novembro, a agência anti-dopagem da China, CHINADA anunciou que ele havia testado positivo em abril após a prova dos 1500 livre para o estimulante Trimetazidine.

O tardio anúncio foi ainda mais surpreendente com a punição já “cumprida” por Sun Yang, três meses, contados de abril a julho, o que lhe dava condição de competir nos Jogos da Ásia sem qualquer restrição.

O controverso caso de doping de Sun Yang ganhou as manchetes antes de ser oficialmente comunicado pela FINA, o que aumentou ainda mais a repercussão negativa do caso.

Jon Jones, Michael Phelps e Sun Yang são ídolos, nomes famosos e importantes no cenário esportivo. Representam milhões de dólares em investimentos e patrocínios, e acima de tudo têm uma relação direta com o público de seus respectivos esportes.

Embora seus atos tenham impacto negativo tremendo nos seus respectivos bolsos e patrocinadores, a oportunidade de recuperação é grande e logo estarão de volta fazendo o que lhes deu o status de foras de série.

A realidade é de que estes super-heróis também são seres humanos e cometem os mesmos erros que qualquer um de nós poderia estar cometendo. A diferença não está nos erros e sim nas oportunidades de recuperação, afinal eles não são super heróis por acaso.

Por Alex Pussieldi, editor chefe da Best Swimming Inc.

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