Ultimamente o que percebo nos brasileiros é receio do futuro e tristeza pela ineficácia de seus políticos. A economia está instável gerando uma alta na inflação e um aumento elevado nos preços, além de presenciarmos um dos maiores escândalos de corrupção da história mundial envolvendo uma estatal brasileira, a Petrobras. Eu, inocente, acreditava que havia uma certa distância entre o esporte e a política e gostava da época quando o primeiro bloco do Jornal Nacional era sobre política em geral e o último era sobre os feitos no esporte. Porém, infelizmente esses dois assuntos se misturaram e temos presenciado notícias esportivas no primeiro bloco. As denúncias de corrupção que envolvem confederações esportivas (CBV) não só ganharam destaque nas capas dos noticiários, como também tem servido de alerta a nós atletas sobre o fato de que o que acontece em Brasília não está tão longe assim de nós, e que política e esporte tem uma intersecção.
No meio do escândalo da Petrobras, a operação Lava Jato, vimos o Banco do Brasil declarar a suspensão da sua parceria vitoriosa com a CBV por causa de um suposto desvio de dinheiro. Não satisfeitos os atletas de vôlei (com toda razão) reclamaram rapidamente perguntando onde foi parar o dinheiro, e no meio a tudo isso até agora não se sabe aonde a verba desviada foi parar, pelo menos um investigação foi aberta, mas se ela trará os culpados e devolverá o dinheiro para o esporte só o tempo dirá. Logo depois, vimos o escândalo na CBT sobre a falta de prestação de contas, suspeitas de graves irregularidades e dinheiro público sendo gasto com contas pessoais dos seus gestores.
No meio desse momento delicado, nossa Presidente nomeia o pastor George Hilton para liderar o Ministério dos Esportes, um ano e meio das Olimpíadas que serão realizadas no Rio de Janeiro. Hilton, que durante o período em que foi deputado, nunca apresentou uma única proposta relacionada a qualquer atividade esportiva, declaradamente assumiu que entende pouco do ramo esportivo. Além disso, não conseguiu explicar como usou a verba indenizatória de seu gabinete para alugar 2 computadores iMac por R$84.996 de uma empresa cujo o dono é ligado a sua Igreja, quando em uma casa de equipamentos eletrônicos as mesma máquinas podem ser compradas por R$15.000.[1] Hilton também foi “flagrado pela Polícia Federal num avião com 600.000 reais em dinheiro vivo, distribuídos em onze malas”.[2]
Preocupada com tudo isso, a ONG Atletas pelo Brasil, cujo um dos membros é o nadador Gustavo Borges, expressou sua indignação perante a nomeação de Hilton ao cargo. Em uma carta aberta disseram que “a Presidente Dilma abriu mão de uma oportunidade de melhorar a gestão do esporte”[3]. O que deu pra entender é que a opção por Hilton foi apenas política, segundo a Revista Veja, foi devido a necessidade de Dilma contemplar o PRB, partido da base de apoio[4].
Bernardinho destacou em entrevista ao site oglobo.com.br que o Esporte precisaria de um representante seu, do Esporte, na pasta afirmou que Hilton não pareceu um boa escolha, porém acredita que ele ainda pode ser rodeado de pessoas com competência e que tenham conhecimento na área para que a sua gestão seja um grata surpresa”[5].
Ao que tudo indica o Ministério dos Esportes foi usado para agradar políticos ao invés de desenvolver seu principal papel: construir uma política nacional de esporte que além de desenvolver o esporte de alto rendimento, construa ações de inclusão social por meio do esporte, que garanta aos brasileiros o acesso gratuito à prática esportiva e cada vez mais esporte para todos e como atleta eu acredito que cidadãos que viveram do esporte podem contribuir muito na gestão do ministério do esporte. Por quê não ter um ex-atleta ao lado do ministro, creio que assim política e esporte trariam bons frutos para o país.
[1] Blog do Josias – < http://josiasdesouza.blogosfera.uol.com.br >
[2] Ceolin, A. Mandato Novo, Problemas Velhos. Veja. Ed. 2407. nº1. P36-43. janeiro de 2015.
[3] Veja Essa. Veja. Ed. 2407. nº1. P34-35. janeiro de 2015.
[4] Ceolin, A. Mandato Novo, Problemas Velhos. Veja. Ed. 2407. nº1. P36-43. janeiro de 2015.
[5] Maltchik, M. Bernadinho revela pressão de Ary Graça sobre seu filho. O Globo. Rio de Janeiro. 11 de jan. de 2015.
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