É o título de matéria de página inteira no jornal O Globo de hoje. A matéria fala da atual fase do esporte amador do Rio de Janeiro onde uma redução de praticantes e a limitação de espaços esportivos adequados.

A natação é o maior destaque, negativo é claro, entre problemas que também são vistos no vôlei, basquete e atletismo. A matéria do jornalista Pedro Motta Gueiros é importante e válida, mas não ressalta um lado de quem milita neste esporte e sabe mais detalhes.

Ao título de “Piscina polêmica” um box da matéria retrata o uso da piscina da Academia Rio Swim localizada na Praça Seca em Jacarepaguá. Lá, funciona a equipe de natação Celso Oliveira, filiado a FARJ e de propriedade do seu presidente.

A localização, a relação de interesse e talvez até os “benefícios” que o presidente Celso Oliveira poderiam estar levando são motivos de reclamações de muitos pais de atletas da natação do Rio de Janeiro. Até mesmo uma entidade foi criada, a Associação dos Amigos dos Jovens Nadadores Cariocas (ANJCS) com o intuito de discutir melhores propostas e em busca de algumas soluções.

Conheço o professor Celso Oliveira, há quase 30 anos. Talvez o diálogo não seja a sua maior virtude, mas é um administrador, um homem de negócios. Pegou a FARJ quebrada, com um número minguado de filiados e inchada com funcionários sem ter verba sequer para a folha mensal.

Em menos de um ano, aos trancos e barrancos, a entidade tem sobrevivido. Conseguiu equilibrar as finanças, diminuiu a folha, criou novas fontes, tomou medidas administrativas e financeiras. Algumas não muito populares, outras muito pior do que isso.

Uma delas é a sede das competições. Para realizar os torneios, os clubes não cedem mais as suas piscinas como antigamente. Estamos em novos tempos, isso não faz mais sentido. Para utilizarmos parque aquáticos de clube como Fluminense, Botafogo, precisamos pagar por isso. É a realidade e precisamos encarar isso como novos tempos.

Enquanto uns pedem uma verba para sediar as competições, outros nem oferecem. Não há interesse. O Maria Lenk jamais foi utilizado em eventos da FARJ e o Julio de Lamare segue fechado.

O que o presidente da FARJ fez foi encontrar um local onde não precisa pagar nada para realizar um evento. Popular ou não, democraticamente ou não, a decisão gerou benefícios para a entidade que precisa de fontes de recurso.

Não vejo como conflito de interesse, muito menos vantagem financeira (como a matéria do jornal chega a mencionar) em levar a competição para a piscina da Academia Celso Oliveira, ou Rio Swim, ou Arena FARJ. Vejo com tristeza por ser a solução.

A criação da associação de pais é um grande passo em benefício da natação carioca. Lembro bem que para organizar as competições na piscina que eu alugava nos Estados Unidos eu precisava pagar uma taxa extra. O aluguel para um evento de três dias (sexta a domingo) custava mais caro do que o aluguel de um mês completo de treinamento da minha equipe.

Para cobrir isso, a solução foi criar fontes alternativas de recursos. Os ingressos para natação nos Estados Unidos são cobrados, o balizamento é vendido na porta, confecção de camisetas, a cobrança de barracas para vendas de artigos esportivos, a cantina que era montada. Enfim, ao final das contas, o que parecia ser algo difícil, quase impossível de ser coberto, virava uma fonte de lucro. Tudo administrado pelos pais, que em sua associação criaram um fundo que nos finais de temporada servia de base para um banquete de comemoração do ano. No último deles, sorteamos uma scooter.

Tem uma coisa que o jornalista Pedro Motta Gueiros menciona com grande propriedade no artigo. “Restaram o personalismo do dirigente e a visão maniqueísta que o faz se apresentar como herói da salvação e ser visto como vilão”. É exatamente este o ponto mais importante de toda esta discussão.

Temos um impasse e falta do diálogo. A FARJ não tem verba, precisa de recursos e os clubes não querem (ou não podem) ajudar. A associação criada já teve encontro com a FARJ, mas resta saber se também estão em contato com os clubes, afinal, o problema que temos é grande e todas as partes precisam estar envolvidas.

Melhorar a situação da FARJ, coisa que foi alcançada neste pequeno tempo de gestão de Celso Oliveira foi bom, mas ainda falta muita coisa a ser ajustada. Uma delas é o diálogo, afinal estamos todos na mesma barca. Se a natação carioca voltar a crescer, vai ser bom para os atletas, clubes, a FARJ e todas as pessoas envolvidas nisso, até a mídia.

Aliás, por falar nela, da próxima vez que a natação carioca ganhe uma página inteira do jornal O Globo que seja para ressaltar os bons resultados e conquistas.

11 respostas
  1. Carlos Roberto Elisei
    Carlos Roberto Elisei says:

    Olá Alex, sou pai de atleta , aqui de Vitória ES. Meu filho nada pelo Álvares Cabral. Seria possível você buscar dados de nossos atletas aqui do Estado do Espírito Santo? Obrigado.
    Caso você queira um colaborador…estou à sua disposição. Carlos Roberto Elisei meu email carlos.elisei@terra.com.br

  2. Mauro
    Mauro says:

    Para começar eu concordo com você que o presidente da FARJ, o senhor Celso de Oliveira, realmente pegou a federação quebrada. Como também é certo que ele conhecia muito bem a situação da federação quando foi candidato.
    É também verdade que os clubes veem criando dificuldades para ceder suas piscinas. E é claro que todas as partes precisam estar envolvidas para resolver este problema, pais, federações e clubes.
    Parece que a situação financeira da federação melhorou nesta gestão, e concordo também que o diálogo é fundamental, mas também concordo com você que a personalidade do presidente Celso de Oliveira não contribui nem um pouco para isto.
    Acabam aqui nossas concordâncias. E que bom que apesar de respeitá-lo imensamente como profissional, posso humildemente e democraticamente expor a minha opinião pessoal.
    Na minha opinião falta antes de mais nada comunicação. Quer ver um exemplo disso? Leia com atenção o site da FARJ. Lá não você não vai encontrar uma linha sequer falando sobre a sessão da academia do presidente para a FARJ sem nenhum custo, atitude esta que se verdadeira deve ser louvada. Lá você não irá encontrar as atas das reuniões, que o presidente em sua reunião com a ANJAC, se comprometeu a publicar. Entretanto lá você irá encontrar uma resposta dirigida genericamente aos pais dos atletas da natação, logo no cabeçalho. Que reproduzo aqui:
    “Você, papai e mamãe com grandes interesses na performance de suas crianças, deveriam ir à diretoria do seu clube questionar qual a razão de seu clube de não realizar nas suas dependências, mas vocês não fazem, preferem atacar o presidente, que para não ficar sem competições no 1° semestre, colocou (sic)à disposição a piscina que se chama hoje ARENA FARJ, situada na Praça Seca”
    Ele não deixa de ter razão na necessidade de os pais questionarem os clubes por não cederem suas piscinas. E tenho a impressão que os pais de vários clubes concordam com ele, querem que os clubes cedam as piscinas. Existe um movimento forte dos pais que não querem só saber da performance de suas crianças, e sim ajudar a construir um ambiente esportivo de qualidade em nosso estado. Os pais estão pressionando seus clubes, e é muito necessário o diálogo entres as partes, mas caro professor, o senhor há de concordar que é complicado manter o diálogo com alguém que trata os pais com deboche e ironia. Segundo o próprio presidente, a sua maior fonte de renda são as competições pagas pelos pais, e acho que eles não têm se furtado a este papel.
    Isto não quer dizer que tenham que ser a única fonte, e muito menos que não sejam ouvidos nas demandas relativas a seus filhos.
    Permita-me discordar principalmente de sua abordagem sobre a questão que envolve a responsabilidade dos pais sobre a política esportiva. Educar seu filho é uma coisa e formar atletas é outra. Por mais que as duas coisas por vezes andem junto existe uma diferença enorme entre elas.
    Educar é obrigação legal e moral dos pais. Fornecer condições para que os pais cumpram seu papel na formação do cidadão é função do estado que arrecada os impostos.
    Esporte é apenas uma parte da formação de um indivíduo, mas um direito garantido por lei.
    E um estado que queria uma educação realmente completa, tem que ter uma política esportiva. Não se trata de paternalismo, de receber tudo do grande pai, o estado. É uma questão de educação, saúde e bem estar, de novo, uma obrigação prevista na constituição.
    Esporte deveria ser uma política de estado, e ela começa pela base.
    Concordo com o Dudu que “ se um ficar botando a culpa no outro, encontraremos vários culpados e nenhuma solução” e concordo mais ainda que compara qualquer aspecto de nossa política esportiva com os Estados Unidos é no mínimo complicado.
    Tenho certeza que os pais dos atletas do Rio de janeiro não estão esperando uma ação do governo, nem muito menos, só esperar pelas ações do presidente da federação.
    Afirmar como o senhor afirmou que: “O esporte faz parte da educação e responsabilidade dos pais” pode passar a impressão que a política esportiva do país é mais uma responsabilidade dos pais, que já pagam uma montanha de impostos.
    A simples comparação com o modelo americano é injusta. Até porque existem outros, tão competentes ou mais que este. Alguns modelos de política esportiva têm investimentos infinitamente menores, em uma população infinitamente menor, muito mais empobrecida e mesmo assim alcançam bons resultados, como Cuba, só para citar um exemplo. Esporte lá é uma forte política de estado, em média a cada 100 atletas praticantes de uma modalidade eles conseguem um atleta olímpico. Enquanto em nosso Brasil precisamos de mais de 1000. E Deus me livre viver no modelo cubano!
    Para terminar quero só lembrar que até o modelo americano depende fortemente da iniciativa privada. Como por exemplo as escolas e universidades que atraem clientes usando o desempenho esportivo de seus alunos e recebem vultosas doações que são deduzidas no IRS. Até lá a disseminação de uma modalidade depende muito de altos investimentos, afinal de contas um complexo com boas piscinas não dá para ser bancado pelos só pelos pais. Um bom exemplo disto é o YMCA Aquatic and Family Center, uma entidade bancada por Dr. Philllips Charities, que em fevereiro do ano passado recebeu as eliminatórias para a seleção americana, com a presença de Ryan Lochte e Missy Franklin e que durante o ano recebe milhares de atletas das categorias de base, que podem ou não pagar.
    É fundamental sim o diálogo. Torço para que ele exista, mas torço também para que não se abandonem outras fontes de verba e a necessidade de uma política nacional para o esporte. Alguns clubes aqui no Brasil já têm projetos que viabilizam as equipes de esportes olímpicos. Minas, Pinheiros, Tijuca e Flamengo são exemplos de clubes que através da apresentação do Certificado Negativo de Débitos ( CND) e um projeto consistente, conseguiram verbas oriundas das loterias através da Confederação Brasileira de Clubes.
    Saudações aquáticas meu caro Alexandre e obrigado pela paciência.
    Mauro Velhote

  3. Alex Pussieldi
    Alex Pussieldi says:

    Caro Dudu,
    Apenas uma correção, e substancial, sobre a natação americana.
    Não existe transmissão de televisão para nenhuma competição de natação ao vivo em todo o calendário nacional. Apenas a seletiva olímpica, o Olympic Trials e mesmo assim não são todas as etapas que são transmitidas.
    Nos Estados Unidos, todo mundo paga para nadar, todo mundo, todo mundo mesmo. Michael Phelps paga, sempre pagou. Os brasileiros que estão por lá pagam. Os pais pagam as quedas n’água dos atletas, pagam para assistir as competições, pagam pelo balizamento, pagam pelo uniforme e pagam para viajar. A realidade é diferente, todos sabemos disso, mas não estamos muito distantes disso não. Existem as bolsas universitárias, que são cada vez mais reduzidas, afinal a classe média também está em crise. O modelo americano é fantástico, organizado e funciona.
    Os mesmos pais que pagam tudo, ainda trabalham na competição. Seja organizando, ou como árbitros. Detalhe, tudo isso feito de forma voluntária, sem qualquer pagamento. Como falei anteriormente, é uma outra realidade, uma outra visão. Cito tudo isso apenas como informação, pois da forma como você descreveu lá seria um cenário distinto do que realmente é.

  4. Daniel Daisson
    Daniel Daisson says:

    Como o seu texto diz, diálogo parece não ser um ponto forte do presidente da FARJ, e isso dificulta muita coisa. O diálogo com os pais que formaram a ANJC com o intuito de ajudar a natação a buscar soluçoes foi atropelado por referências irônicas e depreciativas registradas em ata e no site da federação. O diálogo com entidades que deveriam ajudar a FARJ, como a CBDA ou o COB, parece não existir, se levarmos em conta as informações do presidente sobre o seu relacionamento com os dirigentes da Confederação e do Comitê. Sem diálogo, fica difícil trazer para o lado da FARJ os clubes, os patrocinadores, os pais e quem quer que seja. Continuamos com o intuito de melhorar a natação da qual os nossos filhos fazem parte, mas sem diálogo e transparência fica difícil… Assim mesmo, continuamos acreditando, torcendo e fazendo o possível para que tenhamos dias melhores, eles merecem.

  5. Dudu Saquarema
    Dudu Saquarema says:

    Caro Coach, entendo que é função dos responsáveis a educação das crianças, mas não estamos transferindo essa responsabilidade para clubes e federações, o que está acontecendo é que as administrações falhas é que estão transferindo suas despesas para os pais. e para os clubes. A falta de captação de recursos que tornem viáveis os eventos, a falta de “fichas limpas”, que tornem possível a captação, junto às Leis de Incentivo, dos necessários recursos à realização desses eventos é que impossibilitam essa atitude. Grande parte dos atletas treinam longe de casa, fazem sacrifícios diários para chegar aos locais de treinamentos, muitos moram no interior e gastam muito para participarem das competições na capital e onerar mais ainda esses verdadeiros heróis, não acho que seja a melhor solução. Eu, por exemplo, trabalho com um grupo de atletas do interior, e vejo o sacrifício que eles fazem quando há campeonatos, ou competições de menor porte, como as tomadas de tempo, os festivais, os torneios, às quais eles são obrigados a ir, muitas vezes por necessidade, ou por fazerem parte de uma equipe, que espera deles os pontos que eles marcam ou suas presenças em revezamentos e tudo o mais, isso sem falar na vontade deles em participar desses eventos, claro. Imagine um pai sair do interior, gastar combustível, hospedagem, almoço, lanche, janta, pagar a competição e ainda ter que pagar ingresso, para ver seu filho nadar uma ou duas provas. Me parece que é onerar em demasia alguém que já é bastante taxado no dia a dia. A federação é apenas um órgão normativo, mas que não se mostrou capaz de não acumular dívidas e agora precisa pôr em dia suas contas, mas não acho correto que os pais, os clubes ou os técnicos paguem essa ingerência. Os atletas ao receberem medalhas de 2012, 2011, 2013, já mostraram bastante paciência e resignação, ajudando, em todo o ano de 2014, a federação diminuir seus custos. As competições precisam ser atraentes, os dirigentes e técnicos precisam se reunir e cada segmento expor seus pontos de vista, precisamos aprender com os outros, mas não nos compararmos a eles, principalmente um dos maiores incentivadores do esporte no mundo, ser comparado ao país que não investe praticamente nada na descoberta de novos valores. E se for feito esse tipo de comparativo, principalmente com os EEUU, devemos também comparar o apoio da mídia, que transmite competições universitárias, de ensino médio, que facilita a entrada de grandes atletas nas universidades, e dá a eles salários gigantescos. Enquanto isso, nós fazemos o que com uma atleta medalhista e campeã olímpica como a Maureen Maggi? Absolutamente nada, nem local de treinamento ela tem. Um Cielo precisa se tornar um monstro das piscinas para receber apoio do órgão normativo maior. Hoje temos o Santana que provavelmente deve estar sendo preparado para a Rio 2016, e deve ter uma bolsa pódium. Mas e a Etienne, um marco na natação brasileira, não mereceu nem mesmo um bombardeio de notícias na televisão. A briga entre torcidas do vasco e do Atlético Paranaense, teve muito mais apelo do que o espetacular feito dela.
    Quantos atletas já abandonaram o esporte porque precisam definir suas vidas e não tem meios de se sustentar?
    Precisamos e devemos procurar a solução para cada um dos problemas, mas nunca transferir para os pais ou os clubes essa conta.
    Os clubes, principalmente os que tem futebol, destinam a maior parte dos seus recursos para esse, o futebol, os outros esportes tem que se manter às próprias custas e procurar atrair recursos para si, sem precisar do clube, essa é a realidade.
    Vamos juntos à procura dessa solução, vamos fazer a diferença, mas não devemos, nem podemos onerar mais ainda àqueles que já são os maiores contribuintes do nosso esporte.

  6. Ney Gonçalves
    Ney Gonçalves says:

    Muito bem DUDU…falou tudo!!!É preciso mudanças imediatas…É preciso união, diálogo e mais interesse nos órgãos do governo, para que nossa natação seja motivada.

  7. Alex Pussieldi
    Alex Pussieldi says:

    Professor Wagner,
    Sim, correto é exatamente isso. O esporte faz parte da educação e responsabilidade dos pais. Trasnferir esta responsabilidade para clube, federação ou governo faz parte da nossa cultura e que não há mais espaço na nossa realidade. A Federação é apenas um órgão normativo, nós, profissionais, pais, atletas e comunidade é que somos a Federação. Somos NÓS é que seremos capazes de mudar isso. Apenas criticar e esperar por uma ação do governo não vai nos levar a nada. Os maiores prejudicados são os atletas, os verdadeiros motivos de tudo isso.

  8. Wagner
    Wagner says:

    Acho lamentável que sejam feitas comparações entre a nossa realidade e a dos Estados Unidos. A solução é sempre dinheiro, verba, e sempre são os pais que tem que pagar. As crianças já são patrocinada exclusivamente pelos pais, não tem nenhum apoio nem dos clubes, nem uma bolsa de estudos, nem na escola nem em curso de inglês. E no fim das contas é esse pai que vai pagar as contas da federação endividada há anos? É fazendo rifa e cobrando entrada nas competições de crianças? É fazendo barraquinha de lanche nas competições? É sério isso? Estou decepcionado.

  9. Baruel
    Baruel says:

    Alex, esta foto é da piscina do ITAGUARÁ, em Guaratinguetá-SP.
    Seria do Campeonato Sudeste Mirim-Petiz, em maio do ano passado?
    Na ocasião, o Congresso Técnico discutiu a redução do número de participantes do evento.

  10. Dudu Saquarema
    Dudu Saquarema says:

    Caro Coach, o primeiro comentário que acho que devo fazer é com relação a comparar qualquer coisa feita no esporte brasileiro, com o esporte americano. Nós não temos um por cento do investimento, ou de interesse, ou de incentivo, ou até mesmo de vontade que os americanos tem. Nosso país não incentiva nem mesmo a educação Física nas escolas. Então acho que devemos nos ater ao nosso tipo de problema ou nossa possibilidade de solução. Em primeiro lugar a educação esportiva do nosso povo é muito direcionada pela mídia, como quase tudo no nosso país, os investidores precisam e procuram retornos, e se a mídia não divulga fica quase impossível conseguir obter recursos dos patrocinadores. As fábricas de material esportivo, inclui-se ai também os suplementos, lucram absurdamente e você não vê nada em termos de apoio, a não ser em seleções, ou seja, na base nada é aplicado, e é essa base que consome absurdamente os produtos fabricados por elas. Nossos clubes gastam muito com a manutenção de parques aquáticos, profissionais de ótimo nível e ainda são obrigados a ceder tudo isso sem nenhum retorno. Os clubes passam por problemas também, não é só a federação. No ano de 2014 a FARJ premiou todos os atletas com medalhas de anos e competições anteriores, não gastou nada com premiação, praticamente.
    O que acho que falta é que se façam competições atraentes, com custos accessíveis, e provas que sejam verdadeiramente importantes, não caça niqueis. Não podemos colocar o problema financeiro à frente do interesse do atleta. Como motivar um pai e uma criança a passar todo seu final de semana, numa competição que não vale nada? A federação já deve estar com suas contas equacionadas, se está, deve procurar junto aos potenciais patrocinadores, alguma forma de bancar suas despesas, dando como retorno a presença da marca no local de competição, a venda ou exposição nas competições e outras maneiras de recompensar o investimento. Não acredito que seja tão difícil se arranjar um patrocinador para a natação carioca. Porque os fabricantes de produtos para a natação, não investem na natação carioca? Será que ela não é interessante? Mas para vender os produtos é? Precisamos de várias estratégias para alavancar e trazer de volta o interesse pelos esportes, mas isso deve ser uma discussão muito maior, que abranja todos os setores do país. Quando você viu uma competição de natação, mostrada na televisão, que não fosse preparada para chamar a atenção? Porquê a Travessia dos Fortes não é mais mostrada? Porquê não se investe em base? Porque não se premia um jovem promissor, ofertando a ele uma universidade, ou colégio gratuito? Porquê não se divulga os eventos, regionais, estaduais, nacionais e internacionais, nos meios de comunicação? Temos que ter uma assessoria de imprensa, para alavancar junto à mídia nosso esporte. Esses são alguns dos problemas (questionamentos), que com uma divulgação maior dos eventos ou do esporte, pode vir a ser uma das soluções. Como ficou conhecida a Gama Filho nas décadas de 80 e 90? Investia pesado nos esportes e na continuidade deles na universidade e no colégio. Quando parou de investir no esporte, sumiu.A administração que ignorava os esportes, acabou com tudo e levou a Gama ao fundo do poço.
    Temos que partir para uma reflexão maior, temos que fazer do nosso país, um grande celeiro de esportistas, mas para isso, temos que investir na base. Quanto ganhou o clube que revelou o Cielo, ou a Etiene, ou o Felipe França, ou Thiago Pereira ou até mesmo Gustavo Borges? Qual o retorno dos atletas e dos clubes, antes deles se tornarem os grandes expoentes que se tornaram? E o que foi feito para que eles não abandonassem o esporte no meio do caminho? Se não fossem os técnicos da base, os técnicos de formação, os pais ou os clubes, eles não teriam chegado a lugar nenhum, pois o incentivo é zero. A quantidade de atletas de excelente nível, que foram campeões em Mococa, recordistas brasileiros de classe, e que largaram tudo por falta de apoio, é enorme.
    Podemos começar procurando responder a alguns desses questionamentos, e procurando a solução a partir daí.
    A natação carioca sobrevive com muitas dificuldades, não só a federação. Os problemas se estendem e tornam muito difícil a solução. existe muita gente com boa vontade, mas as soluções muitas vezes esbarram nos diretores e nos associados dos clubes, que não entendem ou não se preocupam com os problemas do nosso esporte. É muito complicado solucionar, mas se nos unirmos as coisas ficam mais fáceis. Se um ficar botando a culpa no outro, encontraremos vários culpados e nenhuma solução. Saudações Aquáticas.

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