Dia mais frio de toda a competição de natação, um pouco de chuva e uma noite que não teve o mesmo desempenho da tarde para os brasileiros, apenas Thiago Pereira avançou à final. Confira o resumão do quinto dia de finais dos Jogos Olímpicos Rio 2016:

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FINAL 200 PEITO MASCULINO

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Uma surpresa, uma medalha inédita e da forma mais inesperada possível, um exemplo de olimpismo. O cazaquistanês Dmitriy Balandin era nadador de águas abertas até 2012, venceu os Jogos da Ásia em 2014 com 2:07.67 (ele venceu também os 50 e 100 peito) e também venceu os 100 peito na Universíade de 2015. A surpresa não é pelo desempenho, aqui ficou em 8o. nos 100 peito no segundo dia, mas sim da forma como veio, nadando na raia 8. Passou em 6o. com 29.43, pulou para 2o. com 1:01.39, manteve-se em 2o. com 1:34.15 nos 150m e apesar de ter feito o pior parcial de últimos 50 metros entre os medalhistas, a diferença que tinha entre Josh Prenot, medalha de prata, conseguiu se manter, batendo o sprint do americano por 7 centésimos. 2:07.46 contra 2:07.53. O russo Anton Chupkov, que nadou na raia 7, estava em último nos 150m e com certeza aproveitou a liderança do quase compatriota para pular à terceira posição, fechando com 2:07.70. Yasuhiro Koseki liderou com folga nos primeiros 100 metros em ritmo de recorde mundial, 1:00.86, mas decaiu demais e fechou em 5o. com 2:07.80. O recordista olímpico Ippei Watanabe estava em 7o. nos 150m e terminou em 6o. com 2:07.87, uma grande decepção para eles e para o público japonês que aguardava, assim como nós, ao menos um dos dois no pódio. Campeão de Kazan-2015, Kevin Cordes foi o último, 2:08.34. Ao sair do pódio, Josh Prenot estava visivelmente decepcionado com a prata, já que o tempo obtido na seletiva americana o credenciaria para o ouro, que quase veio. Dia histórico em Cazaquistão, primeira medalha da história na natação, de ouro, em um país tradicionalmente voltado para o levantamento de peso. O atleta de 21 anos e 1,95 metros nunca treinou nos EUA, sempre treinou no Cazaquistão.

SEMIFINAL 100 LIVRE FEMININO

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Cate Campbell, Cate Campbell, Penny Oleksiak, Penny Oleksiak. As semifinais resumiram-se nestas duas nadadoras, ambas recordistas mundiais. Cate, 24 anos, sobrou na prova e aqui marcou o primeiro recorde da noite, outro olímpico, melhorando sua marca das eliminatórias em 7 centésimos, 52.71. Ao lado dela, a canadense sensação Penny Oleksiak, de 16 anos, superou não só o recorde mundial junior como também o recorde das Américas, pela primeira vez uma canadense consegue o feito: 52.72. A americana Simone Manuel, que nadou na primeira série, finalmente vai disputar diretamente com elas na finalíssima, balizada com o 3o. melhor tempo, 53.11. Sarah Sjoestroem, 53.11, e Bronte Campbell, 53.29, seguem a lista do top 5. Etiene Medeiros passou bem nos 50m, 25.82, mas teve a pior volta entre todas as semifinalistas, 28.77, e terminou em 16o. com 54.59. Agora sobrou os 50m livre para ela e, se classificar, o 4×100 medley.

SEMIFINAL 200 COSTAS MASCULINO

Leonardo de Deus durante semifinal dos 200 metros costas no OAS. Jogos Olimpicos Rio 2016. 10 de Agosto de 2016, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Foto: Satiro Sodré/SSPress

Leonardo de Deus durante semifinal dos 200 metros costas no OAS. Jogos Olimpicos Rio 2016. 10 de Agosto de 2016, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Foto: Satiro Sodré/SSPress

Mais uma semifinal com brasileiro e mais uma vez parando aí. Leonardo de Deus veio empolgado e confiante depois do recorde brasileiro com 1:57.00 obtido à tarde, entrou com tudo à noite em uma estratégia velha conhecida entre os brasileiros de passar com tudo, e com 1:57.67, não foi suficiente para a final, algo que mesmo que melhorasse mais um pouco de sua melhor marca já ficaria difícil. As parciais de Leo foram 27.53, 56.93 (29.40), 1:27.41 (30.48) e 1:57.67 (30.26), ou 56.93/1:00.74. Leo termina sua segunda participação olímpica com dois 13o. lugares e um recorde brasileiro. A final será liderada pelo russo esguio Evgeny Rylov, com 1:54.45, seguido do campeão mundial de 2015, Mitchell Larkin, 1:54.73, e pelo americano Jacob Pebley com 1:54.92, os 3 únicos a nadarem na casa do 1:54. O campeão dos 100 costas, Ryan Murphy, está com o 4o. tempo, 1:55.15, e escondeu o jogo…

FINAL 200 BORBOLETA FEMININO

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8 anos depois e muitos, mas muitos quilômetros de treino depois, Mireia Belmonte Garcia finalmente sagra-se campeã olímpica. Com 2:04.85, venceu na unha de forma dramática batendo por 3 centésimos a australiana Madeline Groves. Alías, é o contrário: Madeline estava chegando perto de Mireira:
MIREIA: 28.48, 31.52, 32.17, 32.68
MADELINE: 27.49, 32.05, 32.77, 32.57
A parcial dos 100 para os 150 metros de Mireia foi o diferencial para ajudar a estampar um largo sorriso no rosto da espanhola. Ela era vice-campeã olímpica e vice-campeã mundial em 2012 e 2013, não foi ao Mundial de Kazan para tratar seu ombro (o Coach bem que avisou que ninguém no mundo treina mais que ela…) e o resultado foi colhido. Completou o pódio a japonesa campeã mundial de 2015, Natsumi Hoshi, com 2:05.20. Ninguém ouviu falar das chinesas, que predominaram no pódio desta prova de 2008 a 2013.

FINAL 100 LIVRE MASCULINO

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A prova mais clássica da natação mundial, 120 anos de história, trouxe novamente à tona um personagem que está em evidência nesta Olimpíada: a juventude. Kyle Chalmers é campeão olímpico aos 18 anos de idade, e ele é o mais jovem ganhador da prova desde Yatsujo Miyazaki, que em Los Angeles-1932 venceu a prova com 58.20 aos 15 anos de idade! Jovem na idade, mas muito maduro para fazer uma prova muito bem dividida, sem ser intimidado pelo fato de passar em 7o. lugar com 23.14. Venceu porque teve a melhor volta de todos: 24.44. É novo recorde mundial junior, é a 4a. medalha de ouro da história desta prova para a Austrália, um feito que James Magnussen e, agora, Cameron McEvoy não conseguiram. Aliás, McEvoy estava na final, ficou em 7o. com 48.12 mas está doente e por isso os maus desempenhos dos 3 primeiros dias. Uma zebra foi Pieter Timmers, o belga de 28 anos que bateu Nathan Adrian no finalzinho e pulou para a prata com 47.80 contra 47.85 de Adrian. O canadense Santo Condorelli saiu muito forte, distanciou-se do grupo em  quase meio segundo com 22.22, mas sentiu o peso do gás que soltou e terminou em 4o. com 47.88, 3 centésimos do pódio. Marcelo Chierighini até disse que o problema foi nadar esta prova à noite, mas difícil de acreditar depois da semifinal de ontem. Não soube explicar exatamente o que se passou, e terminou em 8o. com 48.41 (22.98).

SEMIFINAL 200 PEITO FEMININO

O nado de peito sempre foi o mais polêmico da Olimpíada. Quem não se lembra dos vários “óóóóoó” de Atenas, graças às golfinhadas pegas pela câmera submersa de Kosuke Kitajima? Aqui a britânica Chloe Tutton fez do mesmo artifício, deu duas golfinhadas após a virada dos 100 metros e não foi desclassificada. Está na final em 7o. com 2:22.71, atrás da russa Yulia Efimova, com 2:22.52 (que continua tendo a melhor volta de todas as semifinalistas, 1:09.51/1:13.01). Lidera a final a australiana Taylor McKeown com 2:21.69, seguida da japonesa Rie Kaneto, 2:22.11, e Molly Renshaw, 2:22.33. Um segundo separa a 1a. da 8a. colocada e é, sem dúvida, a prova mais aberta que temos até agora. A campeã dos 100 peito, Lilly King, terminou apenas em 12o. com 2:24.59. Coisa rara para a final, pela primeira vez não teremos representantes dos Estados Unidos.

SEMIFINAL 200 MEDLEY MASCULINO

Thiago Pereira durante semifinal dos 200 metros medley no OAS. Jogos Olimpicos Rio 2016. 10 de Agosto de 2016, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Foto: Satiro Sodré/SSPress

Thiago Pereira durante semifinal dos 200 metros medley no OAS. Jogos Olimpicos Rio 2016. 10 de Agosto de 2016, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Foto: Satiro Sodré/SSPress

Se nas eliminatórias o objetivo era classificar para as semifinais, nas semifinais o objetivo era não ficar atrás do adversário. Na primeira semifinal, Henrique Rodrigues nadou junto com Kosuke Hagino, que malandramente suavizou sua vitória apenas para vencer a série com 1:57.38. Henrique não nadou bem novamente a parcial do peito, 34.67, a pior entre os 9 primeiros, chegou em 4o. na mesma série com 1:59.23, posição boa mas tempo ruim. Veio a segunda semifinal e Michael Phelps não quis saber de brincadeira, pulou na frente a partir dos 150 metros e liderou a série para uma melhor performance geral deixando apenas 2 da primeira série entrarem na finalíssima. Henrique terminou em 9o. e Thiago seguiu o roteiro e terminou em 3o. com 1:57.11, ainda mostrando um preocupante nado crawl, fechando com 29.52. Para comparar, Phelps fechou com 28.44, Lochte com 28.45 e Hagino para 28.66. Entre os 4, Thiago é o que tem o crawl mais fraco. Ryan Lochte foi o segundo tempo com 1:56.28, e o número 1 das eliminatórias, o alemão Philip Heintz, terminou com o 8o. tempo, 1:58.85.
PHELPS: 25.08, 28.91, 33.35, 28.44
LOCHTE: 25.10, 29.16, 33.57, 28.45
THIAGO: 24.99, 28.97, 33.63, 29.52
HAGINO: 25.15, 29.57, 34.00, 28.66
HENRIQUE: 25.41, 30.16, 34.67, 28.99
Amanhã é o tudo ou nada e em jogo mais um feito inédito: ninguém foi tetracampeão olímpico na mesma prova na história dos Jogos. Os 3, Phelps, Lochte e Thiago, já fazem parte da história por serem os únicos a conseguirem ir à final de uma mesma prova por 4 edições.

FINAL 4X200 LIVRE FEMININO

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Se o masculino foi uma barbada, no feminino não teve a facilidade, mas teve Katie Ledecky para balançar os adversários. Ela fechou com 1:53.74 – o melhor parcial da prova novamente – depois de receber o revezamento em 2o. lugar, atrás da Austrália e levou o time americano composto por Allison Schmitt (1:56.21), Leah Smith (1:56.69) e Maya Dirado (1:56.39) para mais um título, o 4o. seguido desde 2012, em piscina longa. A Austrália repete o pódio de Londres-2012, Barcelona-2013 e Sydney-2000. É o terceiro ouro de Katie Ledecky na competição, as americanas devolvem o troco nas australianas pelo título no 4×100 livre. E elas podem ter comemorado, mas quem estava irradiante era a equipe canadense, que pela primeira vez sobe ao pódio nesta prova para o bronze com 7:45.39, com uma performance memorável da sensação Penny Oleksiak, que veio da semifinal dos 100 livre para fechar o revezamento com 1:54.94, mantendo a equipe na terceira posição em disputa com a China, que ficou em 4o. É a 3a. medalha dela na competição, uma prata e dois bronzes, e iguala-se a lenda canadense Victor Davis em número de medalhas em uma única edição para o Canadá em todos os esportes.

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