O clima de adeus vai chegando, mas muita gente ainda quer deixar sua marca nestes Jogos Olímpicos, incluindo a pernambucana Etiene Medeiros. A prova mais longa feminina e a prova mais curta masculina, páginas e páginas de história olímpica que continuam ser escritas: confira o resumão do sétimo dia de finais destes Jogos:
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FINAL 200 COSTAS FEMININO
Talvez uma prova ofuscada pelas outras que seguiram. Mérito total para Madeline Dirado que bateu a favorita Katinka Hosszu por 6 centésimos, numa chegada dramática. Katinka liderou toda a prova, mas – e ao que parece é o verbo que definiu muitas provas – travou nos últimos 5 metros e permitiu que o avanço da americana, que já fechou melhor com 32.79 contra 33.33, se tornasse uma vitória. Decepção para Katinka? Nada disso. Em sua quarta participação olímpica – ela estreou em Atenas com 15 anos – e depois de 2 Olimpíadas com chances de ter sua medalha, principalmente em Londres, treinou e competiu como nunca se viu na história da natação e ficou com a prata, 2:06.05, apenas 2 centésimos pior que o tempo das semifinais. Maya Dirado, que tem um avô argentino e por isso o sobrenome mais latino, anunciou antes da competição que esta seria sua primeira e última participação para trabalhar em uma consultoria na California. O bronze, o 6o. da equipe canadense, ficou com Hilary Caldwell, 2:07.54, tirando a russa recordista mundial junior Daria Ustinova do pódio com 2:07.89. Hilary foi bronze no Mundial de Barcelona-2013, posição que foi ocupada no Mundial seguinte por Katinka. E, ao contrário da previsão do resumo de ontem, os Estados Unidos agora são o país mais vencedor nesta prova, com 4 ouros contra 3 da Hungria.
KATINKA: 29.37, 31.53, 31.82, 33.33
DIRADO: 29.69, 31.78, 31.73, 32.79
FINAL 100 BORBOLETA MASCULINO
Venceu e convenceu. E não só venceu 1, mas 3 grandes nomes da natação mundial. O nadador de Cingapura, Joseph Schooling, não se intimidou com ninguém. Nadou as eliminatórias e semifinais sempre se classificando em primeiro:
ELIM: 51.41
SEMI: 50.83
FINAL: 50.39
Saiu na frente, manteve-se na frente, não foi ameaçado em qualquer momento, venceu com uma diferença de 75 centésimos, uma das maiores da história (a maior foi 1.29 em 1972, Spitz x Robertson), comemorou timidamente, foi cumprimentado pelos três empatados em segundo lugar e até tietado por Phelps na premiação. O atleta de 21 anos, que treina na Universidade do Texas, venceu Michael Phelps num amistoso antes da seletiva americana, em junho. Em Kazan-2015, levou o bronze nesta prova. Esta é a segunda Olimpíada de Schooling. Em Londres nadou os 200 borboleta mas não passou das eliminatórias. Outro feito histórico foi o empate triplo entre Michael Phelps, Laszlo Cseh e Chad Le Clos, com 51.14. E ainda, na 5a. posição, teve o recorde mundial junior para o chinês Zhuhao Li, 51.26 (24.04), melhorando 7 centésimos de sua própria marca de Kazan.
FINAL 800 LIVRE FEMININO
E foi a mais esperada barbada destes Jogos. Katie Ledecky nadou contra ela mesma, contra a linha amarela do recorde mundial, e parecia estar em outra prova, enquanto as outras 7 adversárias estavam brigando pela prata. O recorde mundial veio e de forma esmagadora: 8:04.79 contra 8:06.68, batido em janeiro desse ano. Ledecky foi uma máquina, fez 4:01.98/4:02.81 na divisão em 2×400 metros e esteve muito constante durante toda a prova:
PARCIAIS: 28.03, 29.95, 30.73, 30.71, 30.64, 30.70, 30.37, 30.85, 30.22, 30.74, 30.60, 30.76, 30.77, 30.37, 30.36, 28.99
A prata ficou com a britânica Jazz Carlin por apenas 20 centésimos, num duelo com a bela húngara Boglarka Kapas, 8:16.17 x 8:16.37. Carlin ganhou na parcial dos 750 metros, quando passou a húngara que estava em 2o. lugar desde os 500m, e abriu uma diferença de 51 centésimos (750m: 30.70 contra 31.51). A espanhola Mireia Garcia, vice-campeã em 2012, até que esboçou estar na disputa pelo bronze mas a partir dos 650 metros a diferença de 1,5 segundo abriu mais ainda. Prova americo-européia: 2 americanas e 6 européias na final.
FINAL 50 LIVRE MASCULINO
Campeão olímpico em um longíquo Sydney-2000, empatado com Gary Hall Jr, Anthony Ervin nadou o revezamento 4×100 livre no segundo dia fechando a eliminatória com 47.65. Ele mostrou ali que estava bem. Na final, o espaço foi dos companheiros de equipe mas ainda assim levou o ouro como reserva. Vieram as fases eliminatória e semifinal e ele ficou sempre entre os 5 primeiros. Na final, ganhou por apenas 1 centésimo, batendo o atual campeão olímpico Florent Manaudou, com um resultado que não espantou ninguém, 21.40. Bruno Fratus tinha 21.32 ano passado. Nathan Adrian ficou com o bronze com 21.49 e o recorde de Cesar Cielo de Beijing-2008 ainda permanece, 21.30. Realmente ali não foi uma prova de bom nível técnico, foi uma prova onde quem bateu primeiro levou. E Ervin escreve novamente seu nome na história em 3 itens:
1. maior hiato entre duas vitórias olímpicas, 16 anos
2. nadador mais jovem a ganhar em 2000, é agora o nadador mais velho a ganhar em 2016
3. quebra uma sequência de derrota dos americanos em mundiais e olimpíadas que começou com Cielo em 2008
A revelação Andrii Govorov terminou em 5o., na frente de Bruno Fratus, 21.79, que no vídeo teve uma reação de saída mais lenta que os adversários, e foi muito preciso ao dizer “foi ruim” a todas as entrevistas que concedeu pós-prova. O melhor tempo de Fratus na temporada continua sendo o 21.71 obtido na semifinal. O tempo da final foi sua 18a. melhor marca pessoal.
SEMIFINAIS 50 LIVRE FEMININO
Ocorreu uma mudança na programação original desta etapa porque um ônibus estava levando atletas ao Estádio do Engenhão ao invés do Parque Olímpico, e havia atletas semifinalistas neste ônibus. A organização rearranjou os planos, jogou todas as premiações para serem realizadas antes desta semifinal – a última da competição – e o resultado foi interessante. Etiene Medeiros surpreendeu no apagar das luzes com recorde sul-americano, 24.45, chegou em 3o. na sua primeira série e ficou aguardando a outra série certa de que nadou bem e que estava com um pé na final. No término da segunda série, comemorou e extasiada foi abraçar o técnico Fernando Vanzella. Segundo eles, esta é a prova em que ela está melhor condicionada. São muitos nomes nesta semifinal que infelizmente sobram apenas 7 vagas restantes, fora a brasileira. O que dizer de Therese Alshammar, porta-bandeira da Suécia na cerimônia de abertura, 39 anos e terminando sua SEXTA participação com 24.72, 15o. lugar? A campeã dos 100 borboleta e bronze nos 100 livre, Sarah Sjoestroem ficou fora da final, assim como Jeanette Ottensen e Inge Dekker. A vice-campeã olímpica de 2012, Aliaksandra Herasimenia, conseguiu a última vaga, 24.53. Um dos nomes menos conhecidos e que estampam as primeiras posições é a de Pernille Blume, da Dinamarca, que venceu novamente a semifinal com 24.28, estreou em competições internacionais apenas em 2011, participou de Londres e nunca subiu a um pódio em provas individuais, sempre em revezamento (campeã européia do 4×100 medley em 2014). Sua heroína? Rebecca Soni, bicampeã olímpica de 200 peito. As irmãs Campbell estão na final e podem dar um respiro para a seleção australiana que não vem fazendo uma boa competição, enquanto que Ranomi Kromowidjojo está com o 3o. tempo para defender o seu título olímpico. A campeã dos 100 livre, Simone Manuel, também está na finalíssima e a veterana britânica Francesca Halsall (duas Olimpíadas e cinco Mundiais) também está. Mas, como provou-se a prova masculina, o tempo na final não vai importar e sim quem bater em primeiro.
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