Time compacto e muito experiente, 3 atletas, 1 medalha de bronze. Esta é a coletânea de declarações de frases de Poliana Okimoto, Ana Marcela da Cunha e Allan do Carmo sobre a prova de 10 km nestes Jogos Olímpicos Rio-2016:
POLIANA OKIMOTO
Eu acho que comecei a acreditar nessa medalha em 2013, quando fui campeã mundial na prova de 10km. Eu acho que esse Mundial foi para me mostrar que eu era capaz, que dava. Só que em 2014 eu tive uma lesão e demorei pra voltar. Fiquei alguns meses afastada e o meu objetivo em 2015 era classificar. Classifiquei e voltei a treinar muito bem. Os treinos que eu fiz foram inacreditáveis. A minha preparação foi muito boa. Eu construí essa medalha a cada dia, em cada treino meu. Poucas pessoas conseguem acompanhar o meu treino porque ele é um pouco mais fechado. Eu não treino em equipe. As poucas pessoas que conseguem me acompanhar sabiam o tanto que eu estava em progressão, mesmo com 33 anos. Eu acho que eu mereci muito essa medalha. Eu lutei muito. Eu melhorei tudo, melhorei meu aspecto psicológico. Eu vim me divertir. Estava curtindo cada momento e a minha parte alimentar ficou muito melhor este ano. O meu técnico, por mais que a gente esteja há muito tempo juntos, ele conseguiu tirar o melhor de mim este ano, em cada tiro, em cada treino. A gente sempre achava que como eu já tinha uma certa idade não precisava treinar tanto e este ano eu cheguei a treinar 100 quilômetros semanais por causa dessa Olimpíada. E foi muito difícil porque com 33 anos não é igual quando eu tinha 20 e fazia essas loucuras. Todos os profissionais que trabalharam comigo me ajudaram muito a crescer, a melhorar em cada treino e fui acreditando mais.
POLIANA OKIMOTO
Acho que cheguei na hora certa, muito bem. Eu fiz uma boa prova, Não mudaria em nada a prova que fiz hoje. Sem pressão, sem precisar mostrar resultado nenhum. Eu fiz isso por mim e pelas pessoas que me ajudaram. Essa medalha é a concretização de um sonho muito antigo e ele está concretizado. Me sinto muito realizada. Me sinto a pioneira. Lá em 2006, quando eu conquistei a primeira medalha em campeonatos mundiais. Aquela medalha foi o início de uma era muito boa. O Allan e a Ana Marcela vieram neste lastro meu. O Pan de 2007 também deixou um legado. Me sinto muito realizada por conta da carreira que tive muito bonita. Quando eu fiquei em quarto, saí satisfeita porque dei o máximo. Foi muito emocionante. Eu acho que a experiência conta muito na maratona aquática. Eu podia ter me alimentado na segunda volta, mas eu estava no pé da holandesa e não queria perder. Faltou um pouco de energia no final, mas foi o acertado. Entrei nesta prova leve. A pressão não estava em mim, estava toda na Ana Marcela e talvez ela tenha sentido um pouco. A experiência conta muito. Depois de Londres entrei em depressão, mas consegui superar. Isso nos faz atletas melhores e pessoas melhores
ANA MARCELA DA CUNHA
Alguém bateu no suporte de minha alimentação naquela confusão de todos chegarem juntos, e ela caiu durante a hidratação dos 5km. Ia perder muito tempo em pegar novamente e continuei a minha prova. Depois, na volta dos 7,5km, eu estava muito na ponta e optei por continuar sem fazer minha alimentação, novamente. A falta disso me tirou energia no final. Mas valeu pela medalha para o Brasil, pelo menos isto
RICARDO CINTRA, TÉCNICO E MARIDO DE POLIANA
Poliana merecia isso. Ela foi a primeira maratonista brasileira medalhista em Mundial, a primeira em Jogos Pan-Americanos, tinha que ser ela a primeira em Olimpíadas. Ela merece ser conhecida e reconhecida pelo povo brasileiro. No final da prova, vi o que aconteceu entre a francesa e a italiana e sabia que poderia haver punição, mas fiquei quieto, esperando. E veio. Quanto à prova em si, foi muito boa, mas até dei uma bronca nela, pois ela começou o sprint muito cedo, logo após a virada dos 7,5km. Era pra fazer que nem a holandesa, como combinamos, nos últimos 300 metros. Mas valeu…esta conquista foi merecida
POLIANA OKIMOTO, SOBRE FILHOS
A gente já pensou em parar e voltar, mas eu acho que, como sou uma pessoa muito perfeccionista, não conseguirei fazer as duas coisas.
ANA MARCELA CUNHA
Eu tinha três alimentações para fazer, e só fiz a primeira. Nadei 7,5km sem me alimentar. Isso conta muito na prova. É uma prova que todo mundo se preparou, muito mais que para o Mundial. Infelizmente, não consegui render o que eu estava pronta. Na primeira prova eu me alimentei. Na segunda, derrubaram minha alimentação. Eu tinha um saquinho de alimentação extra, mas de repente não estava mais comigo. Na terceira volta, todo mundo passou distante, tentei acompanhar o pelotão, e não consegui me alimentar de novo. São detalhes que fazem a diferença. Não importa se são 10km, 100m de corrida do Bolt, 50m do Fratus. Foi isso que fez a diferença para mim. Eu tentei, estava pronta, mas não deu.
POLIANA OKIMOTO, SOBRE PLANEJAMENTO FAMILIAR
A Manuzinha, né? A gente já tem até nome. Vou querer estar 100% com eles. Então, enquanto estiver na natação, quero estar 100%. Estou na melhor forma da minha vida. Meus treinos foram incríveis. Seria judiação parar para ter filho nadando do jeito que estou. Estou nadando muito bem, não dá para a gente ter filho agora
POLIANA OKIMOTO
Nossa, eu dormi muito, estava muito cansada. A prova foi bem desgastante, e a maratona depois da prova também. Ontem, já comi brigadeiro. Hoje, esqueci tapioca, pão sem glúten… Comi bolo, um monte de porcaria
POLIANA OKIMOTO
Passou isso sim (a saída da prova em Londres), mas passou o meu sofrimento nos treinos. Eu acho que fui muito merecedora, porque não é fácil ter o comprometimento que eu tive. São pouquíssimas pessoas que são tão profissionais quanto eu fui. E acho que vai ser difícil eu conseguir ser dessa forma de novo. Eu dei tudo de mim, eu esqueci a minha vida, deixei minha vida de lado para me dedicar à natação. Eu perdi muitos momentos da minha vida. Perdi o casamento de um irmão, a formatura de outro. Mas foi tudo isso por um sonho, e esse sonho foi realizado
POLIANA OKIMOTO
O Ricardo é muito merecedor dessa medalha. Ele também deixou de viver, de ir atrás dos compromissos dele para me ajudar a ganhar essa medalha. Eu só tenho a agradecer a ele, dividir isso com ele, porque ele também faz muita parte disso. Nosso convívio é muito bom, a gente tem uma coisa muito boa juntos. A gente leva as coisas muito na brincadeira, tenta não discutir e tenta não misturar as coisas. É muito difícil. Muitas vezes, em casa está o treinador Ricardo Cintra e na piscina está o marido. É complicado, mas de uma forma ou de outra a gente consegue isso.
POLIANA OKIMOTO
Realmente, a gente não pode ligar muito para críticas. Se forem construtivas, a gente ouve, com certeza. Mas essas críticas que as pessoas fazem, a gente tem que deixar um pouco de lado. Eu aprendi muito com isso, a gente tem que ser a gente mesmo e esquecer um pouco o que estão falando da gente. Londres me deu uma força interna e uma resiliência muito grande. Hoje, sou uma atleta e uma pessoa muito mais forte e mais experiente. A gente tem que levar isso, as lições de cada vitória e de cada derrota.
ANA MARCELA CUNHA
São 200 milhões apoiando a gente. A gente fez história, a Poliana foi pódio. A maratona entrou para a história com uma medalha em Jogos Olímpicos. Eu faço parte desse esporte. Estou triste pela minha colocação, fiz o máximo que eu pude. Mas minha colocação não foi digna de todo mundo que esteve do meu lado, me ajudando.
POLIANA OKIMOTO
Eu não saí triste da prova, fiz a melhor prova da minha vida. Minha preparação olímpica foi a melhor do mundo. Mesmo quando eu fiquei com o quarto lugar, eu dei o meu máximo, tanto na preparação quanto na prova. Eu não tinha mais o que dar, eu não tinha um suor, não tinha mais nada, não conseguia mais girar o meu braço. Se eu não tivesse conseguido a medalha, as outras tinham sido melhores. Mas, quando o pessoal da Globo me deu a notícia, eu fiquei muito emocionada.
POLIANA OKIMOTO
Eu me sinto muito honrada de ser a primeira, de levar a maratona aquática para o mundo, abrindo portas para as novas gerações. Esse legado que a gente vai deixar vai ser muito importantes para os próximos talentos que vamos descobrir no Brasil. Me sinto muito honrada de ser uma das pioneiras
ANA MARCELA CUNHA
Eu me preparei, e não foram quatro anos, foram oito anos lutando para voltar para uma Olimpíada. Em casa, cogitada como uma das favoritas, tenho certeza de que o que eu fiz aqui foi meu máximo. Mas não é digno de uma atleta três vezes campeã de Copa do Mundo, não sei quantas vezes no pódio de Copa do Mundo, de Campeonato Mundial. Estou triste, é lógico
POLIANA OKIMOTO
Acho que as pessoas não estavam esperando muito de mim. Acho que a pressão estava toda em cima da Ana Marcela. O brasileiro precisa aprender que não tem só uma. A gente ainda não conseguiu entender isso. No nosso esporte é difícil ter duas muito boas, e a gente tinha duas muito boas. Sempre se olha só para quem está na frente. Acho que isso deveria ser mudado
POLIANA OKIMOTO
Claro que isso me deu força, mas foi bom para mim. Sempre, desde o meu primeiro bom resultado na maratona aquática, em 2006, sempre fui eu a referência, que tinha que levar a carga de pressão. Dessa vez eu fiz totalmente por mim. Não fiz para querer calar a boca de ninguém ou mostrar o resultado para alguma pessoa. Foi pelo sonho mesmo
ALLAN DO CARMO
Muito difícil. Uma prova atípica. Quem assistiu deve ter achado que já estava definido com o australiano vencendo, mas surpreendeu todo mundo. O pelotão fez as duas últimas voltas muito forte. Isso deixou a prova mais bonita, mais emocionante. Isso me deixa feliz, por ter sido uma prova muito forte, muito acirrada. Cheguei a estar entre os primeiros. Até a última volta eu estava no pelotão da frente, mas senti muito o final da prova, mas fica aquele sentimento de ter dado tudo até o final
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