Desde que foi criado em 2012, o site americano especializado Swim Swam não falha. Nesta manhã de 1o de abril de 2020, o mundo da natação acordou com a matéria “FINA votes for dramatic post-olympic changes to breaststroke underwaters”. Na tradução, “FINA vota para uma dramática mudança nas regras do nado submerso do peito após a Olimpíada”. (link)

Na falsa matéria, fala que as mudanças irão eliminar a necessidade de toca das mãos na parede permitindo a virada olímpica (cambalhota) além do fim da restrição do número de pernadas de borboleta no nado submerso até a altura dos 15 metros. Mesmo sabendo que tudo não passa de fantasia, dá para concluir que seria uma mudança radical e com baixada enorme nos tempos das provas. Recordes mundiais seriam batidos quase que imediatamente!

Independente da matéria postada pela SwimSwam, é importante que se esclareça que a virada olímpica no nado peito é permitida, e há muito tempo.

Graças ao Diretor de Arbitragem da CBDA e árbitro FINA Marcelo Falcão identificamos alguns dos casos mais antigos da execução da virada olímpica nas provas de peito e borboleta no Brasil. Ainda na década de 90, o Cel. Jorge Passos que era técnico de natação em Porto Velho, Rondônia, orientava seus atletas a fazerem o movimento. Suas filhas, inclusive, eram as maiores especialistas na execução.

Por algumas vezes, chegaram a ser desclassificados ao não terem tocado com as duas mãos antes da virada olímpica. Já existia a permissão, mas a regra não era muito clara para o movimento.

Em 2017, esta permissão ficou ainda mais expressa com a mudança no texto das regras de viradas de peito e borboleta. O ato já era permitido, apenas ficou mais evidenciado.

A virada olímpica no peito e borboleta deve ser feita somente após o toque da parede com as duas mãos ao mesmo tempo. Elas não precisam estar na mesma altura, mas os ombros sim. Após o toque na parede, o atleta pode executar a cambalhota, sem qualquer irregularidade.

Com relação as mudanças de regras, a FINA tem um Comitê Técnico que analisa diversos itens e modificações que devem ser votadas e deliberadas pelo Bureau no próximo ano.

Ricardo de Moura, ex-dirigente da CBDA, quando integrante deste Comitê Técnico da FINA, era um dos maiores defensores da liberação das viradas para todos os estilos. Na sua visão, todos atletas poderiam executar qualquer tipo de movimento, sem qualquer restrição, e sem esta necessidade de toque na parede.

As regras da FINA são atualizadas a cada quatro anos. A atual vigência é 2017-2021. Mesmo que sejam revisadas no próximo ano, as novas regras não entrarão em vigor na disputa dos Jogos Olímpicos de Tóquio. Neste momento, não há qualquer intenção da inclusão das duas modificações publicadas no post falso da SwimSwam.

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