Foi o assunto esportivo da manhã de hoje no Brasil. No dia que se comemora os 4 anos da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos Rio 2016, o Governo através da Secretaria Especial de Esporte anuncia mudanças no Programa Bolsa Atleta. Aqui cabe um retrospecto para que todos possam compreender melhor e até mesmo tirar suas próprias conclusões.
* Bolsa Atleta é um projeto criado pelo Ministério do Esporte em 2005, no Governo Lula. Posteriormente, foi ampliado e reforçado para atender a preparação dos atletas olímpicos e paralímpicos na campanha dos Jogos do Rio 2016.
* Segundo dados do Governo, são 6.357 atletas beneficiados atualmente.
* O valor anual do Programa Bolsa Atleta é de 140 milhões de reais. Entretanto, desde o Governo Dilma, iniciou-se um processo de atraso no pagamento. Isso atingiu o cume nos dois últimos anos do Governo Temer. Quando deixou o governo, Temer garantiu apenas três meses de pagamento do projeto.
* Assim, todo ano, o Governo tem reduzido valor para pagamento do programa pois parte dos 140 milhões anuais já foram gastos com a temporada passada. Este ano, só temos 70 milhões para o Bolsa Atleta.
* São as seguintes categorias do Bolsa Atleta: base e estudantil (370 reais), nacional (925 reais), internacional (1.850 reais), olímpico e paralímpico (3.100 reais) e Bolsa Pódio (entre 5 a 15 mil reais).
A Secretaria Especial do Esporte publicou hoje um press release indicando que o Bolsa Atleta de 2021 utilizará os critérios dos resultados de 2019 e 2020. Na publicação, alega que muitas competições foram canceladas e que isso servirá para garantir a classificação dos atletas.
A decisão é boa, afinal, são os resultados que garantem a classificação dos atletas nas respectivas categorias do Programa dando a oportunidade para se garantir os melhores resultados. Entretanto, a publicação não menciona a “janela” que ficará entre os valores a serem pagos, no caso, um total de 12 meses sem receber. Isso foi expresso na publicação do jornalista Demétrio Vecchioli no seu Blog Olhar Olímpico.
Na sequência, no início da tarde, a assessoria de imprensa da Secretaria Especial de Esporte faz nova publicação, agora indicando que atletas olímpicos e paralímpicos “celebraram a decisão do governo”.
Não há o que celebrar quando você deixa de receber 12 meses, não tem como.
Também é importante destacar que comprometido pela temporada anterior, e até mesmo pelo Governo Temer, a Secretaria Especial do Esporte não tem os 140 milhões de reais do valor do Programa Bolsa Atleta.
Gostaria de citar que no final de 2018, conversei com diversos integrantes do governo atual que me garantiram que o fim do Ministério do Esporte era algo bastante positivo para o esporte nacional. Cético e reticente, nunca escondi minha insatisfação com a decisão. Um dos argumentos repetidos inúmeras vezes para mim foi de que o esporte teria “uma oportunidade de um orçamento muito maior”. Várias vezes isso me foi repetido!
Sem os 140 milhões de reais para bancar o Bolsa Atleta, isso só se resolveria com um aumento de verba para este propósito. Resta saber se o Secretário Especial de Esporte Marcelo Reis Magalhães levou isso para o Ministro da Cidadania, Onyx Lorenzoni, onde o esporte está alocado. Será que o Ministro Lorenzoni foi consultado sobre isso ou até mesmo se fez um pedido ao Ministro da Economia Paulo Guedes para este incremento de verba?
Sem Ministro do Esporte, perdemos espaço e representatividade política. E você, integrante do Bolsa Atleta, perdeu 12 meses de benefício.
Se forem utilizados os rankings, como serão feitos por categoria? Usando os dois anos?
Se tivermos campeonatos nacionais este ano, os resultados serão comparados com o do ano passado?
E os atletas que mudaram de categoria de um ano para o outro?
Confuso…
Lamentável Coach, mas previsível. Esporte nunca foi prioridade deste governo que estava esperando uma brecha para poder travar o Bolsa Atleta já que não tem grana para honrar os compromissos. A pandemia + pausa do calendário será essa desculpa do governo. Uma pena porque quem vai sentir mais será os atletas da base.