Preciso ser honesto que demorei para acreditar e me dar conta da gravidade da notícia publicada hoje pelo jornal Metrópoles, em Brasília (link). Segundo a matéria, o IPHAN aprovou na sexta-feira o plano apresentado pela Arena BSB no projeto de construção ao redor do Estádio Mané Garrincha.
Arena BSB é a empresa aprovada pelo Governo do Distrito Federal desde 2019 como administradora do Complexo por 35 anos. Na análise do órgão federal, o projeto não afeta “a volumetria arquitetônica das edificações e sem causar impacto na preservação do Conjunto Urbanístico de Brasília”.
O projeto prevê a construção de um Boulevard, turístico e de entretenimento no valor de 500 milhões de reais e geração de 4 mil empregos diretos. Uma pista de skate, um anfiteatro, algumas quadras, área verde, estacionamento para 4.717 carros. Fora isso, o projeto prevê também a destruição do Parque Aquático Cláudio Coutinho e das quadras do Ginásio Presidente Médici.
O Complexo Aquático de Brasília é um dos melhores do país. Arquibancadas cobertas nos dois lados da piscina, caixa de saltos ornamentais e até tinha uma piscina de 25 metros coberta. O local já sediou vários campeonatos nacionais, JEBs e até as Ginasíades de 2013.
Brasília talvez seja a cidade do Brasil com o maior número de piscinas de 50 metros, mas nenhuma tem a estrutura competitiva que o chamado DEFER possui. Aqui também vale destacar que mesmo com toda esta grande estrutura, a piscina tem pouco, ou quase nenhum uso da comunidade. O local recebe apenas as competições da Federação Aquática do Distrito Federal, sem um programa de assistência a comunidade ou até mesmo de utilização por clubes da cidade.
A comunidade aquática de Brasília iniciou um movimento nas redes sociais e até subiu a #derrubarpiscinasnão tentando sensibilizar as autoridades e a entidade da Arena BSB. Vale lembrar que movimento parecido foi executado no Rio de Janeiro, que previa o fim do Parque Aquático Julio de Lamare para a construção de um estacionamento que serviria para a Copa do Mundo de 2014. Na época, o movimento foi vitorioso, e o projeto acabou sendo revisto sem o fim do complexo.
Agora é a hora de nos movimentarmos pela natação de Brasília!
Na imagem do projeto não fica claro se as piscinas vão continuar. Além disso, pq elas não estão listadas junto com as outras “benfeitorias” que a Arena Bsb está propondo???
Destruir seria mais um absurdo neste país. Mas um complexo deste porte não oferecer atividades para a comunidade é algo inacreditável…tem que ser usado, não só para competições, mas aulas, treinos, projetos, outras modalidades aquáticas!
Alerta de fake news: A Arena BSB esclarece que não será demolido o Parque Aquático Cláudio Coutinho, mas apenas o ginásio de mesmo nome, que foi condenado pela Defesa Civil.
Na imagem do projeto veiculada na matéria jornalística linkada é possível perceber a manutenção do complexo aquático.