Ao publicar ontem a nota do evento virtual que a World Athletics está fazendo destaquei que iria fazer outra postagem apontando algumas ações que tem colocado a entidade que organiza o atletismo mundial a frente da FINA, responsável pelos esportes aquáticos.
As duas entidades, sem contabilizarmos a FIFA e o incontestável futebol, são as maiores do esporte mundial. São as que reúnem o maior número de atletas, de países, e distribuem o maior número de medalhas nos Jogos Olímpicos. Aliás, neste item, a FINA em Tóquio pela primeira vez tem os esportes aquáticos distribuindo mais medalhas do que o atletismo em mais de 120 anos de Olimpíada, 49 x 48.
Um olhar crítico mais apurado identifica diversas iniciativas colocando a World Athletics a frente da FINA, mesmo tendo um orçamento e uma arrecadação menor. Este fator financeiro, irei analisar em uma futura postagem.
A World Athletics nasceu em 1912, quatro anos depois da FINA. Leva pequena vantagem no número de filiados, 214 contra 209 da FINA, ambas com mais países do que nos Jogos Olímpicos, onde são 206 reconhecidos pelo COI.
A World Athletics teve reformas mais significativas nos últimos anos. Mudou o seu nome em 2019, o seu logo. Antes, era IAAF, International Amateur Athletic Federation. Muito mais importante que nome ou logo, a entidade fez extensas reformas na sua estrutura, dando mais voz e espaço aos atletas.
Um dos grandes pontos foi a criação da AIU, Athletics Integrity Unit, uma agência independente de controle anti-doping que paralelo a WADA tem feito acompanhamento e controle do esporte. Desde a sua criação em 2017 são 196 atletas suspensos ou banidos.
Atletismo e esportes aquáticos fazem os seus Mundiais a cada dois anos, tanto o Mundial Principal, nos anos ímpares, como o Mundial de Curta para a natação e o Mundial Indoor para o Atletismo nos anos pares. A diferença nos eventos, entretanto, está no sucesso da Diamond League do atletismo e o fracasso da Copa do Mundo.
A FINA sabe e reconhece isso, e o pior, acabou permitindo o aparecimento da ISL, a Liga Internacional de Natação, um evento paralelo e feito fora de seu regime, coisa que não acontece no atletismo.
A World Athletics ainda criou o Mundial de Revezamento, um evento novo e que já na sua primeira edição ganhou simpatia e boa cobertura de mídia.
Só tem um aspecto bem negativo para a World Athletics em relação a FINA. Em 108 anos de existência, a World Athletics teve apenas sete presidentes. A FINA em 122 anos teve 17 presidentes, número que também não é lá grandes coisas, mas seria menos pior.
A comparação das duas entidades é bastante válida, até mesmo para encontrar pontos que possam ser utilizados para melhorar ambas gestões. A FINA tem eleições em junho deste ano e o atual vice presidente Husain Al-Musallam, por enquanto, é o candidato único. Na sua pauta, uma série de ideias e movimentos para revigorar e principalmente modernizar a entidade. Aguardemos…
A FINA tem que criar um circuito de natação, piscina de 50 m, no estilo da Diamond League.
E incentivar a criação das Federações Internacionais dos outros esportes aquáticos, para dessa forma ficar responsável apenas pela natação.