Bem dentro do tópico da cobertura de imprensa e forma de abordagem que ontem aqui escrevi no Blog surgiu um artigo no jornal argentino Clarin que está recebendo uma saraivada de críticas e protestos de nadadores e comunidade aquática da Argentina.

Vou colocar o link da matéria abaixo para a análise de vocês, mas deixarei aqui as minhas impressões, e já vou adiantando, o Clarin está certo. É um jornal para a grande mídia, precisa ter este tipo de abordagem, e o esporte olímpico não está acostumado com isso, nem lá, muito menos aqui.

Lembro uma vez que conversava com Jessica Cavalheiro, nadadora da Seleção Brasileira Olímpica no Rio 2016 e falávamos como os nadadores têm uma certa dificuldade para lidar com as críticas. Palavras como “decepção, afundou, naufragou, fracasso” são muito mal digeridas. Apenas comparando, este tipo de expressão é usado com profusão nas cobertas esportivas do futebol, mas praticamente proibidas na cobertura do esporte olímpico.

É um tema que gera sempre discussão e dificilmente consegue ser abordado sem parcialidade e/ou passionalidade.

Voltando ao artigo do Clarin, já no título o jornalista Mariano Ryan joga duro com a realidade: “El gran logro de la natación argentina en el Sudamericano también desnudó un falso análisis de la realidad”.

Ryan celebra a vitória, destaca o fato que “ganhar do Brasil sempre é bom”, até cita a rivalidade que vem do futebol, mas é claro e direto, isso não representa que a natação argentina vai bem. Aliás, cita que de todos os 29 nadadores nacionais na competição, apenas dois, Macarena Ceballos e Julia Sebastian chegaram perto de seus melhores tempos.

Nem Delfina Pignatiello, multi campeã panamericano (3 ouros), vencedora dos 400 e 800 livre no Sul-Americano e prata nos 1500 escapou das críticas do artigo do Clarin. “Os números dizem tudo” cita ele por conta das marcas distantes dos seus melhores.

Para terminar, Ryan menciona a distância de ser campeão sul-americano em cima da Seleção Júnior do Brasil (o qual chega a dizer que poderia ser um time C), e sonhar com alguma coisa em Tóquio.

A frase final diz muito:
A menos de cuatro meses de la cita olímpica es fundamental que el deporte argentino sepa que una medalla en natación suena a una enorme utopía y que el gran objetivo deberá ser mejorar las marcas, la única manera de saber en el agua si el camino trazado es el correcto. Todo lo demás es un puñado de árboles que jamás podrán tapar el bosque más tupido.

Veja o artigo na íntegra aqui:
https://www.clarin.com/deportes/gran-logro-natacion-argentina-sudamericano-desnudo-falso-analisis-realidad_0_AEwRmuaLj.html

1 responder
  1. Gustavo
    Gustavo says:

    Alex, bom dia. Apoio a crítica pois está certíssima… ganhar um Sul-americano contra um time “B” ou junior do Brasil não é grande coisa, ou melhor dito, seria bom (pois o Brasil em comparação com Argentina, é uma potência na natação) se as marcas feitas fossem boas… mas estão muito longe disso… a natação argentina precisa mudar e aceitar que este caminho não leva a nada ou quase nada… Todos fizeram marcas bem distantes dos melhores tempos e também temos que aceitar que temos um time “velho” porque a maioria já está perto da apossentadoria… até Delfina, se não consegue melhores seus tempos este ano, já era… Medalha Olímpica? rsrs só se ganhar de presente.

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