Não são poucas as mensagens e pedidos que recebo, muita gente, mas muita gente mesmo, quer saber o que aconteceu com Caeleb Dressel em Budapeste quando deixou o Campeonato Mundial de forma repentina após nadar duas das suas seis provas que iria participar.

Dressel saiu do Mundial no dia 21 de junho. Ainda nadou a eliminatória dos 100 metros nado livre fazendo o segundo tempo da manhã com 47.95, 35 centésimos acima do romeno David Popovici. A sua retirada da competição chegou a sala de imprensa no intervalo do almoço. Éramos poucos no local.

Na parte da tarde, antes das finais, a USA Swimming foi bastante discreta no anúncio, coisa que é bem comum na entidade. Dressel estava fora dos 100 livre e o seu retorno para a competição era algo para ser decidido. Este tipo de anúncio ficou logo afastada a possibilidade de Covid, pois tínhamos outros nadadores testando positivo. Era algo físico ou, o mais provável, mental.

Na manhã seguinte, dia 22 de junho, Dressel não apareceu na piscina. Os americanos não falavam sobre o assunto, mas os rumores eram grandes, e circulavam. Foi quando recebi uma informação, Dressel estava indo embora, ou talvez até já tivesse embarcado.

Fui até a sala de imprensa e encontrei apenas um jornalista, Nick Zaccardi da NBC. Contei a ele a informação que havia recebido, ele não sabia de nada, ali compartilhamos informações. Foi a NBC, que horas depois, que abriu a transmissão das finais anunciando que Dressel estava fora do Mundial. Depois veio a avalanche de notícias da saída de Budapeste do maior nadador do mundo na atualidade.

Desde então, não se viu mais Caeleb Dressel. Nem nas redes sociais. Ontem começou o Campeonato Americano em Irvine, na Califórnia, Dressel nem foi inscrito. Há duas semanas, a USA Swimming anunciou a equipe para o Duel in the Pool e ele também não está na convocação.

A última vez que Dressel postou na sua única conta de rede social (Instagram), foi em 17 de junho, no dia de abertura do Mundial, um comercial que ele fez para a Toyota, um de seus patrocinadores. Há alguns dias, postou um stories com um “minion” personalizado que ganhou de um amigo.

A USA Swimming não divulgou o motivo, e nem vai divulgar, o que tirou Dressel do Mundial. A entidade segue um protocolo rígido e vale lembrar que até hoje, passados três anos, ainda não sabemos o que Katie Ledecky teve no Campeonato Mundial de Gwanjgu, em 2019.

Nos Estados Unidos, uma lei de 1996, o Health Insurance Portability and Accountability Act, é seguido a risca. Conhecido pela sigla HIPAA, a lei assinada por Bill Clinton é rigorosa no cumprimento da privacidade do indivíduo e sua condição de saúde. A USA Swimming, se liberasse alguma informação de forma não adequada, seria passível de um processo, talvez até milionário.

Pelo histórico que ele mesmo já descreveu, fica evidente que Dressel teve algum problema emocional durante o Mundial. Tal tipo de problema, até mesmo por recomendação médica, jamais deveria ser compartilhado.

Dressel teve depressão antes mesmo de chegar a Universidade da Flórida, quando ainda era um jovem estudante de high school. Em recente entrevista, descreveu outros momentos de pressão em sua preparação olímpica. Também revelou que teve de abandonar a ISL em meio a sua disputa em episódio muito similar ao que aconteceu em Budapeste.

A disputa da Liga, logo após a Olimpíada, é algo que tem sido apontado por muitos nadadores como algo que não foi muito bem recebido por todos. Dressel foi apenas um deles.

Fora do US Nationals e do Duel in The Pool, a temporada de Dressel do primeiro semestre acabou. Resta saber se ele volta a competir no segundo semestre, tem Copa do Mundo em Indianápolis dias 3 a 5 de novembro e tem US Open em Greensboro, de 30 de novembro a 3 de dezembro.

Até lá, vamos torcer para que ele se recupere e volte para fazer o que faz a todos nós lhe admirar como um dos melhores do mundo.