Tive a oportunidade participar dos Jogos Escolares Brasileiros de 1980 em Aracajú representando a Seleção Gaúcha Estudantil, na época, dirigida pelo já falecido Professor Alceu Vaz. Foi uma competição e uma experiência que jamais esqueci, ficou para sempre. Talvez, uma das melhores coisas que levei em minha modesta carreira de nadador.
Vivendo nos Estados Unidos há 15 anos, vi que a natação escolar é algo que ainda pode ser desenvolvida, e muito, em nosso país. Os americanos dão show com sua temporada de high school e deixam a coisa ainda mais especial quando os estudantes chegam as competições universitárias do NCAA. É um modelo referência para o mundo inteiro.
Há alguns anos, o Brasil reativou (com sucesso) as Olimpíadas Escolares, re-batizadas de Jogos Escolares da Juventude, por motivos óbvios. O evento tem crescido a cada ano e a organização e o investimento tem sido determinantes para o crescimento deste “gigante adormecido”.
Os Jogos deste ano foram encerrados com sucesso na semana passada em Natal reunindo estudantes/atletas de 12 a 14 anos. Uma outra fase dos Jogos, para os estudantes/atletas de 15 a 17 anos acontecerá em novembro na cidade de Belém.
Este ano, o Brasil vai sediar pela primeira vez os Jogos Mundiais Escolares, a Gymnasiades que pela primeira vez será realizada na América reunindo 33 países (até agora inscritos e confirmados) em disputa de oito modalides esportivas. O evento é de uma magnitude impressionante e Brasília está se arrumando para recebê-lo. A piscina do DEFER está fechada desde o final da clínica da CBDA em fevereiro passando por reformas que vão até cobrir o complexo.
É bom ver o Brasil recebendo eventos e organizando competições de alto nível. Mas tem algo que, por incrível que pareça, é bem mais simples e descomplicado: organização interna!
Infelizmente, não temos um calendário pré-determinado, regras devidamente publicadas em antecipação e de acesso a comunidade. O desporto escolar corre paralelo ao esporte competitivo, não juntos, totalmente separados e ainda distantes.
Neste último final de semana, a seletiva (única) para formação da equipe que disputará a Gymnasiades foi em Brasília. No mesmo final de semana, quatro nadadores estavam representando o esporte escolar brasileiro na Grã-Bretanha e por isso perdendo a oportunidade de participar da seletiva. Muitos nadadores espalhados pelo país nem sabiam disso.
A organização fica ainda mais complicada com o fato da competição de natação da Gymnasiades estar marcada de 29 de novembro a 3 de dezembro enquanto outra Seleção Nacional Escolar estará no Sul-Americano Escolar em Mar del Plata na Argentina disputando uma competição que vai de 21 a 28 de novembro.
Ainda temos o Sul-Americano da Juventude que acontece na próxima semana em Lima, evento que terá realização a cada quatro anos sempre no ano anterior a disputa dos Jogos Olímpicos da Juventude. Tudo isso, mais o calendário da CBDA que tem oito campeonatos nacionais e mais regionais e estaduais espalhados pela temporada.
Enfim, se não tivermos um encontro entre as partes diretivas destes eventos e organizações vai ser sempre assim. Conflitos de datas, falta de divulgação, muitas vezes boicote e um crescimento desordenado e sem objetivos.
Se este país tem realmente o interesse em se tornar um país olímpico, uma das primeiras coisas a serem feitas é organizar o nosso calendário nacional, formar uma base e estabelecer metas e objetivos pré-estabelecidos. É o mínimo que se pode esperar de nossos dirigentes.
Alex A. Pussieldi, editor chefe Best Swimming Inc.
Alex , parabéns pelo contexto.
Preocupa-me o fato de eventos de grande interesse,organizados com dinheiro público ,não estabelecerem critérios claros e organização mínima.
A falta de profissionalismo demonstra puro interesse pessoal e ou incompetência gerencial.
Vamos sediar um Mundial estudantil e
alguns dos nossos melhores nadadores não estarão presentes.
Qual imagem apresentaremos ao países visitantes??
sds
Eduardo