Criado no início da década de 1990 pela CBDA, o Festival CBDA-Correios de Natação Mirim e Petiz tem como objetivo de acordo com seu regulamento “acompanhar, desenvolver e incentivar a natação destas classes”. Eles estão divididos hoje em 4 grandes regiões, realizados duas vezes ao ano: sul, sudeste, centro-oeste e norte-nordeste.

A competição é considerada a primeira de muitos atletas. Para participar é necessário que os atletas sejam federados/confederados, o que requer o pagamento de uma anuidade que varia entre 40 a 120 reais, dependendo do estado. E apesar de ter estampado no nome o termo “festival”, o evento é uma competição onde se premia os 3 melhores de cada prova. Quando é realizado em alguns estados, como no Espírito Santo, existe uma premiação adicional do 4o. até o 8o. lugar.

O Norte-Nordeste é o mais tradicional de todos, chegando a contar com 1000 participantes antes do ano 2000. Ele também é o primeiro a dar um nome: Troféu Kako Caminha, homenagem ao nadador amazonense, um dos maiores da história manauara, que morreu tragicamente em 1985, logo depois de ter disputado o Troféu Brasil daquele ano. Outro Festival que leva nome é o sudeste: Troféu Ivo Lourenço. Infelizmente, numa rápida pesquisa, não obtive mais informações sobre quem foi Ivo Lourenço, mas já agradeço por qualquer contribuição postada aqui nos comentários.

Não há dúvidas quanto à importância destes Festivais Brasil afora, ainda mais que funciona em sistema de rodízio, levando mais equilíbrio em regiões onde a distância geográfica é continental, como no Norte e Nordeste. Mas um levantamento feito pela Best Swimming e Swim It Up! concluiu que nos últimos 9 anos a participação nestes campeonatos está em queda, e coloca em risco a já frágil base da natação competitiva brasileira.

Os dados foram obtidos direto do banco de dados do Swim It Up! e levam em consideração apenas as provas efetivamente concluídas, descartando-se atletas desclassificados e que não compareceram.

Começamos com a região centro-oeste. Em junho de 2005, a competição já teve 172 participantes, caiu bem até 65 em maio de 2010, repetindo a mínima quantidade em 2012, mas desde então mantém-se numa média de 130 atletas por campeonato.

Gráfico de participantes do Festival Centro-Oeste 2005-2013

Gráfico de participantes do Festival Centro-Oeste 2005-2013

O Norte-Nordeste já não vive os seus melhores dias e vem sofrendo um declínio de participação desde 2009, com ápice de 551 atletas em outubro de 2005.

Gráfico de participantes do Festival Norte-Nordeste 2005-2013

Gráfico de participantes do Festival Norte-Nordeste 2005-2013

Apesar de contar com o maior número de participantes do país, chegando a 871 atletas em 2006, a região Sudeste também está em declínio de participação desde outubro de 2010, atingindo as duas menores totalizações dos últimos 9 anos em 2013: 466 e 488 atletas em maio e outubro de 2013 respectivamente.

Gráfico de participantes do Festival Sudeste 2005-2013

Gráfico de participantes do Festival Sudeste 2005-2013

A região Sul apresentou um quadro mais estável que as outras regiões, e curiosamente apresentando sempre mais atletas competindo no 2o. semestre do que no 1o. semestre, o que pode ser explicado em parte pelo frio, já que é realizado entre abril e junho. Nas 18 edições analisadas, a região conta com uma média de 346 atletas por evento, chegando no ápice de 425 em setembro de 2010 e apenas 208 em abril de 2012.

Gráfico de participantes do Festival Sul-Brasileiro 2005-2013

Gráfico de participantes do Festival Sul-Brasileiro 2005-2013

No geral, a participação no Festival CBDA-Correios é a seguinte (azul representa número de atletas e vermelho número de quedas n’água):

Involução de número de participantes nos últimos 9 anos de Festival CBDA-Correios

Involução de número de participantes nos últimos 9 anos de Festival CBDA-Correios

A distribuição dos atletas pelas regiões, durante estes 9 anos analisados, ficou assim:

Distribuição de atletas do Festival CBDA-Correios pelas regiões

Distribuição de atletas do Festival CBDA-Correios pelas regiões

Para comparação, esta distribuição só pode ser considerada válida neste campeonato e também nestas categorias, já que, por exemplo, se pegarmos os últimos resultados do Troféu José Finkel, a concentração de atletas da região sudeste sobe para preocupantes 86% enquanto que a região nordeste teve 1,7% dos participantes de uma das mais importantes competições do país – considerando a representatividade do clube, não pela origem do atleta (por exemplo, Felipe Lima é matogrossense, mas defende o Minas Tênis Clube e portanto está incluído nos 86% da região sudeste).

7 respostas
  1. Edu
    Edu says:

    Boa tarde, Julian vejo que os problemas são vários, desde a parte financeira de cada clube e a organização dos eventos. Começando pelo regulamento dos eventos onde sempre é alterado com algumas coisas sem nexo, as provas destes eventos são escolhidas por pessoas do conselho onde as mesmas nem ao menos trabalham com a categoria, este ano tivemos como obrigatoriedade as provas de mirim e petiz 100li e 200li no troféu Ivo Lourenço, me diga porque essas e não as provas de medley.

    É só lamentos provas fora de ordem e quando nos reunimos nos congressos técnicos nada mais acontece do que discussões e nada se resolve, a única coisa que sempre a CBDA fala é que essas categorias são nossa base. E ai o que muda?

  2. Professor Airton
    Professor Airton says:

    O Sr. IVO LOURENÇO foi um grande administrador na area da natação do Rio de Janeiro.Diga-se FARJ.Saudades.

  3. Ratto
    Ratto says:

    Na minha opinião são vários os fatores que vêm contribuindo para a diminuição do número de nadadores nas categorias de base no Brasil.
    Aqui no RJ, chegamos a ter que dividir as competições de Mirim e Petiz por grupos (branco e Azul, anos 80)para poder administrar melhor as competições tamanho o número de crianças inscritas. Eram mais de 1000…
    A crise nos Clubes, o advento dos condomínios com grande área de esportiva e de lazer, que fez com que diminuísse a importância e a necessidade social de clubes e a frequência nos mesmos caísse drasticamente. O fim dos Bingos, que era uma fonte de recursos para as Federações jogou as mesmas praticamente na falência, junto com a queda do número de registros e quedas n’água nas competições. Má gestão das Federações, fazendo com que muitas não tenham as certidões negativas necessárias para receber recursos públicos e repasses. Má gestão das Federações na Organização dos eventos afastando as famílias que desistem de “perder” fins de semana nas competições de seus filhos. O Sistema Desportivo Nacional, que repassa verbas para as Confederações, que por sua vez aplicam a maior parte destes recursos na Elite do esporte, ficando a base totalmente a deriva. A falta de uma política nacional de desenvolvimento do desporto de base e especialmente do desporto escolar que em muito poderia contribuir para o fomento ao desporto de rendimento com a descoberta e a migração de talentos esportivos nas escolas. Aqui no Rio de Janeiro o então Governador Leonel Brizola construiu inúmeros CIEPS com piscina semiolímpica, hoje muitas delas aterradas por falta de uma gestão adequada. Hoje estou lotado num destes CIEPS em Maricá e estou montando um projeto de Natação Desportiva Escolar e luto na obtenção de recursos materiais que viabilizem o Projeto. A nossa natação somente sobrevive por conta de uns poucos abnegados que realmente amam a Natação e das poucas famílias que ainda acreditam na importância do esporte e da Natação na formação de seus filhos. Se nada for feito, ainda vai piorar!

  4. Notícia de 2005
    Notícia de 2005 says:

    Vide notícia de 08/04/2005 – Site CBDA – Falecimento do Sr. Ivo Lourenço – A Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos comunica com muito pesar o falecimento de seu querido ex-diretor financeiro Ivo da Silveira Lourenço no dia 6 de abril de 2005. À família enlutada, todos os sentimentos da comunidade aquática pela passagem do sr. Ivo, também ex-presidente da Federação Aquática do Rio de Janeiro – FARJ. Mais que saudades, Ivo Lourenço deixa um exemplo de amor ao esporte.

  5. Maviael Samapio
    Maviael Samapio says:

    Julian, Ivo Lourenço foi um excelente colaborador e presidente da Federação do Rio de Janeiro, dentre outras coisas. Residia em Niterói, e, se não me engano, foi diretor de algum clube por lá (Canto do Rio???).
    Com certeza ele era o presidente de FARJ no início dos anos 80.
    Grande pessoa, que ajudou muito a natação do Rio de Janeiro nos seus anos aureos.
    Um abraço.

  6. André
    André says:

    Boa noite Julian, fazendo um prognóstico para o ano que vem onde teremos as competições no RS, que infelizmente será realizado provavelmente em piscinas descobertas diminuindo a participação dos atletas.

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