O ano 2014 é igual ao 2010, 2006 e assim por diante. É um ano atípico e diferente para a natação mundial. Um ano difícil de se avaliar exatamente onde se está e o que vem pela frente. São competições diferentes, em diferentes épocas e ao final não vamos saber exatamente quem são os melhores.

Vamos ter uma idéia, mas faltando dois anos para os Jogos Olímpicos do Rio, o 2014 é um ano “falso”. Esta condição diferente é por conta dos objetivos diversificados por diferentes países e até mesmo dentro deles.

Para os europeus, o Campeonato Europeu é a competição mais importante. Seria, mas a competição que começa dia 18 deste mês não vai ter a campeã olímpica e mundial Ranomi Kromowidjojo da Holanda. Para o húngaro Daniel Gyurta é importante, mas ele não vai nadar a sua principal prova, os 200 peito, onde é o campeão olímpico e detém o recorde mundial em piscina curta. Segundo o seu treinador, ele ainda não estaria pronto para esta prova.

Ainda tem nadadores como os da comunidade britânica que fizeram polimento completo para o Commonwealth Games num intervalo de três semanas para o Europeu de Berlim.

Do outro lado do planeta, os asiáticos vão ter os tradicioinais Jogos da Ásia em setembro. A cidade de Incheon na Coréia do Sul vai receber mais de 10 mil atletas e 36 esportes, maior do que a Olimpíada. A rivalidade entre China e Japão determina que o evento seja o principal da temporada.

Por conta disso, pelo que sabe, não vamos ter a China no Pan Pacífico deste ano. Eles tem sido presença constante e parece que desta vez não irão participar. A Coréia do Sul, ou melhor, o seu astro Tae Hwan Park também vai “escapar” o Pan Pacífico e focar nos esperados duelos que vai travar contra o fundista chinês Sun Yang.

Para as duas maiores forças da natação mundial, Estados Unidos e Austrália, o Pan Pacífico é a “competição”. Os australianos até participaram de forma completa no Commonwealth, tiveram um descanso, mas nada comparável ao que será o polimento para o Pan Pacs.

A sobreposição de competições também determinou uma sobrecarga sobre determinados atletas. Ellen Gandy foi uma que já pediu desconvocação e não vai estar no Pan Pacs. Christian Sprenger é outro que pode ficar de fora, aí seria lesão já que sentiu o ombro durante todo o Commonwealth na Escócia.

Os americanos encerrando a seletiva neste final de semana, fazem do Pan Pacs a principal disputa internacional da temporada. Mesmo assim, ainda vamos ver os americanos em fase de reciclagem. Não vão ter Dana Vollmer lesionada, Michael Phelps ainda distante da sua melhor forma e Ryan Lochte apenas se recuperando da lesão no joelho.

Para nós brasileiros, o Pan Pacífico é a oportunidade de competir em alto nível lá fora. Não temos costa com o Pacífico e competimos como convidados, uma oportunidade de enfrentar alguns dos melhores do mundo em piscina longa neste “ano falso”.

Mesmo assim, nosso melhor nadador, César Cielo abriu mão de estar na Austrália para se preparar para o Mundial de Curta no final do ano. A opção é estratégica e em busca do trabalho para 2016, Cielo achou melhor se adaptar ao trabalho do novo treinador Scott Volkers no Minas antes de enfrentar os melhores lá fora.

A verdade é que a natação internacional de alta performance está toda voltada para o ciclo olímpico. A impressão é geral e quase unânime. O que todo mundo quer mesmo é brilhar no Rio 2016. O resto é parte do processo até chegarmos lá.

Alex Pussieldi, editor chefe da Best Swimming Inc.

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