Para quem não sabe, o Brasil é o país com o maior número de campeonatos nacionais de natação do mundo. Não é exagero não. Temos Brasileiro Infantil de Inverno e Verão, Juvenil de Inverno e Verão, Júnior de Inverno e Verão, Senior de Inverno e Verão, mais Troféu Maria Lenk, José Finkel e Open. Tudo isso em clubes, somando-se as competições por seleções do Chico Piscina para o Infantil e Juventil e de Anápolis para o Júnior são 13 campeonatos brasileiros.

Nos Estados Unidos, são quatro! Não há nenhum país do mundo com algo similar do que acontece no Brasil, e olha que vivemos num país de extensão continental.

Entretanto, o problema não é o número de competições, e sim a qualidade e a organização delas. Falo especificamente do Campeonato Brasileiro Júnior Interfederativo que Anápolis recebe neste final de semana pela 15a vez. Um esforço tremendo da comunidade local para uma competição que não decolou, e com ausência de times como a Seleção Mineira este ano compromete ainda mais o futuro do evento.

Nadador júnior é uma faixa etária complicada. É onde perdemos hoje a grande maioria de nossos atletas. Saindo das categorias menores, infantil e juvenil, e pressionados pelos seniors que se mantém no esporte, é no júnior onde acontece a maior evasão do esporte.

São nadadores de 16 a 19 anos, quase todos em fase de preparação para o vestibular e que perderam aulas para viajar a Anápolis para uma competição que perdeu muito do seu atrativo. Não estou querendo matar o evento, pelo contrário, faço um clamor para tentar resgatá-lo.

Somos um país de 27 Estados, 27 federações estaduais e só nove estarão em Anápolis. A equipe completa são 32 nadadores, e apenas São Paulo consegue fazer isso. Pior do que nove seleções e apenas 133 nadadores é ver o Estado que sedia, Goiás com apenas 12 nadadores júniors.

A ausência de Minas prejudica e muito a competitividade do evento, mas quais seriam os benefícios de fazer um esforço e arrecada fundos para enviar esta seleção para a competição?

Fechar os olhos e achar que está tudo certo é o caminho para o fim. E infelizmente é para onde caminhamos. Não podemos continuar fazendo as mesmas coisas e esperar resultados diferentes, não vão acontecer.

Criar novos atrativos, quem sabe uma seletiva anual para uma competição internacional onde os nadadores saíssem deste evento, enfim não dá para continuar do jeito que está. Quase todos os que estarão em Anápolis, foram integrantes de suas seleções em edições passadas de Chico Piscina. Será um veradeiro choque se fizermos um paralelo de um evento que virou a melhor competição de categoria do país para outra que vive as mínguas e cada vez pior.

Criar uma seleção júnior, uma competição, uma viagem, uma clínica, um prêmio que motivasse,  seja o que for, algo precisa ser feito, pois do jeito que está não pode continuar. E nem vai.

Alex Pussieldi, editor chefe Best Swimming Inc.

6 respostas
  1. Gabriel Oliveira
    Gabriel Oliveira says:

    É triste ver a situação da nossa natação (goiana), sediar um evento cada vez mais “vazio”. E pra piorar, talvez nao seja do seu conhecimento coach, a CBDA desta vez colocou o Centro-oeste na msm data do bras. de anapolis. Precisamos umir esforços pra salvar a natação no interior do país.

  2. Noely
    Noely says:

    Pussieldi parabéns pela reportagem!você tem toda razão. Mas sabe de uma coisa, eu tenho uma equipe de 20 crianças que adoram competir, adoramos estar juntos, os pais apoiam para que eles sejam atletas mas esse ano desistimos de competir por que os campeonatos tem o mesmo formato desde a década de 80. As federações não são nada flexiveis e não tem interesse em inovar para que a natação saia desse mal estar.Seria muito interessante se tivéssemos torneios nacionais e inter-estaduais de forma motivadoras e lúdicas. Você participou do evento do Gustavo Borges se não me engano Swim day, não foi? já pensou se as academias, escolas de natação e clubes abraçassem essa idéia? acho que com isso a base da natação ganharia mais força.

  3. Noely
    Noely says:

    Pussieldi parabéns por essa reportagem.
    Sou professora e técnica de natação aqui em Brasilia, tenho uma equipe com 15 crianças na categoria merim e petiz e infantil. Até ano passado participávamos de competições, este ano desistimos por que o formato é o mesmo desde a década de 80. Os presidentes das federações não são nada flexíveis e não tem interesse em fazer um trabalho motivador. Penso que os culpados deste mal estar na natação somos nos professores e técnicos Eu adoro levar meus meninos para competir, sempre estamos juntos em muitas atividades os pais incentivam para que eles sejam atletas mas essa questão de federados, alto rendimento para crianças de 10 anos treinando forte acho que é algo a se pensar. Por que vc, Gustavo Borges e Cesar Cielo não criam campeonatos nacionais e inter-estaduais com um formato de caça taletos?

  4. Guto
    Guto says:

    Coach, também acho que precisa ser feito algo para este campeonato, mas infelizmente o resultado é a longo prazo. Se tivesse algo para estimular a participação dos atletas, talvez tivéssemos mais 20 ou 30 participantes, o que ainda seria pouco. Estão indo os melhores do país! A seleção paulista está indo quase com força total (e vai ganhar de novo!). O problema é a falta de incentivo aos mirins/petiz! Inclusive dos pais, pois sou pai de atleta e sei como é trabalhoso obedecer uma rotina de levar e buscar no horário, lanche, dormir cedo… É uma pena, mas se mudarmos agora, os efeitos serão sentidos daqui a 10 anos!

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