Em CNTP, Condições Naturais de Temperatura e Pressão, disputar um Sul-Americano Absoluto em Assunção no Paraguai e que termina 13 dias antes da última seletiva olímpica do Brasil, seria algo inviável, mas na carência competitiva de nossa natação, o Sul-Americano acaba sendo um paliativo, e dos bons.

Competir tem sido um problema no calendário nacional. A assembleia tardia da CBDA e a definição do calendário, a própria estrutura das federações estaduais, somados a crise financeira, tudo isso limita, e muito, a capacidade competitiva de nossos atletas. Os clubes já modificaram seus calendários, as férias de fim de ano diminuíram, os treinos recomeçam mais cedo, mas competições… não existem.

Clubes acabam obrigados a fazer suas próprias tomadas de tempo, algo que o Pinheiros, talvez o principal clube do país, teve de organizar no último final de semana. Competir lá fora também ficou limitado, a disparada do dólar ainda deixou mais complicado.

Ou seja, o Sul-Americano, mesmo há 13 dias antes do Maria Lenk, cai como uma luva. Vamos ter uma bela competição em Assunção. Todos países, com exceção do Brasil, fizeram programação específica para o evento. É lá que eles pretendem alcançar os índices A para os Jogos Olímpicos.

Até agora, são poucos os sul-americanos nesta conquista. Apenas nove, da Argentina são três (Santiago Grassi, Federico Grabich e Martin Naidich), da Venezuela outros três (Andreina Pinto, Christian Quintero e Carlos Claverie), da Colômbia um (Jorge Murillo), do Equador um (Esteban Enderica), do Chile um (Kristel Kobrich).

O local também é de primeira. O Centro Acuatico Nacional é um sonho de longa data dos paraguaios. Materializado pelo esforço do Presidente da Federação local Juan Carlos Orihuela. O país não tinha uma só piscina de 50 metros, hoje, tem três. Orihuela foi incansável e o CAN está entre os melhores complexos aquáticos do continente. Seu trabalho lhe valeu até o reconhecimento dos países vizinhos que lhe levaram a Presidência da CONSANAT.

Isso vai elevar o nível da competição, muita gente querendo nadar para as marcas A, ou pelo menos chegar próximo delas, superando as marcas B e se posicionando perto de uma vaga olímpica numa piscina de alto nível.

Para nós, é diferente. É um treino de luxo. A oportunidade de competir em alto nível, acertando os detalhes finais para um objetivo maior. Dos 28 nadadores da Seleção Brasileira no Sul-Americano, dez já tem índices olímpicos. Dos 18 que não tem, muitos estão próximos, alguns muito próximos. Também temos cinco nadadores estreando na Seleção Absoluta do Brasil, oportunidade que não se perde e muitas vezes pode representar um passo a frente na carreira destes atletas.

Teve gente que optou ficar de fora. Muita gente. Alguns nem pensaram duas vezes, outros até queriam participar, mas o número de desistências foi de quase 50% da equipe.

O tempo em Assunção não vai ser problema. A temperatura está oscilando próximo aos 30 graus, um pouco abaixo do que se vê no Rio de Janeiro nestes últimos dias. O problema talvez esteja nas mínimas, em Assunção, podemos ter algo em torno dos 15 graus nas primeiras horas da manhã. Nada de grande impacto. A viagem também é curta, quatro horas de vôo, na mesma zona de fuso.

É um treino de luxo, com um toque competitivo, mas um treino de luxo. Para quem quer brilhar no Rio 2016, e fazer parte do Time Brasil, nadar bem no Sul-Americano será apenas consequência.

Alex Pussieldi, editor chefe da Best Swimming Inc.

  • A Best Swimming vai fazer cobertura in loco do Sul-Americano Absoluto em Assunção no Paraguai a partir desta quarta-feira dia 30/03. 
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