Autor • Alex Pussieldi direto de Shanghai
Fonte • Best Swimming

AFP

Enxugando as lágrimas de um momento em homenagem a seu povo

 

Quatro campeões mundiais, quatro histórias. Shanghai reúne o melhor dos melhores, atletas que treinam durante anos para a conquista de um título que representa muito mais do que uma simples medalha. Uma jornada de esforço, dedicação e sacrifício.

 

Dana Vollmer nasceu em New York e ainda pequena foi morar com a família no Texas. Lá, iniciou no esporte da natação e já tinha relativo sucesso a nível nacional nas categorias inferiores. O drama daquela menina de 15 anos veio com maus súbitos durante o treinamento. Uma investigação mais apurada e o diagnóstico: uma taquicardia supra ventricular no coração. Uma complicada e delicada cirurgia se fazia necessária. E assim foi. Um ano depois, Dana estava no time americano dos Jogos Olímpicos de 2004 em Atenas.

 

Até hoje, Dana tem cuidados especiais com relação a sua condição. Diz que para onde vai uma das coisas que precisa estar atenta é de onde se encontra os defibriladores. Atleta da Universidade da Califórnia, Dana está no melhor momento de sua carreira e ganhou em Shanghai o seu primeiro título mundial individual na prova dos 100 borboleta.

 

Na China, os atletas de destaque são isolados de suas famílias desde cedo. A jovem Ye Shiwen não foi diferente. Nascida na cidade do leste de Hangzhou , a chinesinha já se destacava na natação desde cedo. Foi uma professora do jardim de infância que identificou o talento da menina.

 

Quanto tinha 11 anos já fazia parte do time Provincial e no ano seguinte passou ao time nacional. Isso quer dizer sair de casa e passar a viver num regime integral de treinamento e dedicação.

 

No ano passado, aos 14 anos, Ye Shiwen conquistou as medalhas de ouro nas provas de 200 e 400 medley terminando o ano como a melhor do mundo na prova dos 200 e quarta melhor nos 400 medley.

 

Shanghai 2011 é seu primeiro campeonato mundial e foi a única das finalistas a conseguir melhorar o seu tempo pessoal num final incrível saindo do quarto lugar para a primeira medalha de ouro da China neste Mundial.

 

Os últimos dias foram dias difíceis de serem administrados para os integrantes da delegação da Noruega. Uma verdadeira tragédia para um pequeno país nórdico e que tem pouco mais de 4 milhões de habitantes. Uma nação com criminalidade baixíssima e não acostumada com ataques ou ameaças terroristas.

 

Alexander Dale Oen está na Seleção Nacional de seu país há oito anos. Seu primeiro Mundial foi em 2005. Desde 2006 ganha medalhas em campeonatos nacionais de curta, europeus, foi vice campeão olímpioc em 2008. Só faltava um título de campeão mundial.

 

Também faltava um equilíbrio emocional nos grandes eventos. Seus últimos resultados indicavam uma queda de produção muito grande nas competições com eliminatórias, semifinais e final. O fator emocional lhe derrubava. Já estava ficando famoso em cair de produção a cada vez que caía na água.

 

Shanghai foi a chance que Alexander teve de poder mudar esta história. De crescer a cada vez que pulava na água e fazer algo especial pelo seu povo, pela sua nação.

 

Estava a entrar na piscina todos os dias com uma tarja preta no braço indicando o pesar pela morte de seus conterrâneos e apontava com orgulho para a bandeira do agasalho ou da touca.

 

Ao vencer os 100 peito na última prova do segundo dia, a comemoração foi entusiasmante e contagiante. No podium, teve de fazer muita força para conter as lágrimas. Alexander Dale Oen havia se tornado no primeiro homem a nadar na casa dos 58 segundos na era pós-traje e dava uma alegria a seu povo, o primeiro campeão mundial da história da natação da Noruega.

 

O quarto campeão mundial do segundo dia de competições você já conhece a história. Nadando a prova pela primeira vez a nível mundial, César Cielo enfrentou muito mais do que adversários. Enfrentou o período mais conturbado de sua carreira.

 

Acostumado a chorar de emoção, Cielo chorou de alívio, de desabafo. A superação foi muito mais além de uma simples vitória. Analisando a prova, nem nadar bem Cielo nadou. Estava tenso e nervoso.

 

Na coletiva, Cielo chegou a dizer que a medalha tinha o mesmo gosto da primeira medalha de ouro olímpica, tamanha foi a pressão para se chegar a isso e a importância que esta volta por cima teve.

 

Dana Vollmer, Ye Shiwen, Alexander Dale Oen e César Cielo são nomes que fizeram história na segunda noite de disputa do Campeonato Mundial em Shanghai. Todos eles apenas seguiram um lema que serve para qualquer um que pretende um dia fazer parte deste seleto grupo de campeões: o de não desistir nunca. 

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