Autor • Julian Romero
Fonte • Best Swimming
Quatro provas abriram o segundo dia de eliminatórias da Seletiva Olímpica Canadense, que vai até este domingo na Piscina do Parque Olímpico, em Montréal.
200 BORBOLETA MASCULINO
Dos 8 finalistas A dos 400m medley, 6 marcaram presença nesta prova. O campeão de ontem e já com passaporte carimbado para Londres, Alec Page, marcou 2:00.16 para seguir à final, ficando atrás do americano Anestis Arampazis (1:59.69) e do atual recordista nacional da prova Stefan Hirniak (2:00.02). No entanto, na final A só podem seguir canadenses, então Anestis segue à tarde para a final B. Interessante notar a presença de 5 mexicanos só nesta prova. Stefan e Alec são do Island Swimming, clube localizado em Vancouver e sob o comando do técnico da seleção canadense e também do Victoria Academy of Swimming, Randy Bennett. Por enquanto na Seletiva, é o clube que mais levou ouros e medalhas.
OS ESTRANGEIROS
Além dos mexicanos e americanos (em menor número), ainda tem atletas das Bahamas, África do Sul, Alemanha, Grécia, Noruega, Singapura, Colômbia, Macedônia, Finlândia e Coréia do Sul. Para todos eles, é possível também obter a vaga olímpica, de acordo com outros critérios nacionais, se eles atingirem aqui os índices A ou B da FINA.
QUER NADAR?
Bem, além de realizar certos procedimentos burocráticos junto à Swimming Canada, ainda é preciso desembolsar uma boa grana pra poder competir neste evento. A inscrição custa CAD$ 135 (R$ 250, mais ou menos) por atleta – mas dá direito a nadar quantas provas quiser – e um hotel básico aqui perto do Parque Olímpico não sai por menos de CAD$ 60 por dia por atleta.
QUER ASSISTIR?
Para assistir, todas as finais e eliminatórias saiu por CAD$ 180 (R$ 340), mais taxas, uma média de CAD$ 17 por sessão. Ah, quer um programa completo da competição – balizamento das eliminatórias? CAD$ 15. Quer só o balizamento da final do segundo dia? CAD$ 5. Quer uma camiseta oficial do evento? CAD$ 25.
FEDERAÇÃO RICA
A Swimming Canada ainda está longe de se tornar uma USA Swimming ou Swimming Australia, ou ainda como a Federação Alemã e Britânica, em termos de número de patrocinadores e quantia de patrocínio. Mas com o objetivo de angariar 8 milhões de dólares este ano, os recentes contratos com a Air Canada e o RBC (Royal Bank of Canada) – que está bancando a maior parte do evento, além de verificar os custos envolvidos, não resta dúvida que aqui circula muito mais dinheiro que no Brasil, mas eles nunca estão satisfeitos e usam os resultados dos próprios olímpicos como “estratégia” para próximos contratos, conforme consta no Media Guide da competição.
100 COSTAS FEMININO
Como o que vale mesmo é a final A, classificar basta, correto? Julia Wilkinson lidera as finais com 1:00.48, seguida da atual recordista nacional Sinead Russell, 1:01.42, e de Dominique Bouchard, 1:01.56. Interessante notar duas coisas nesta prova: o número de participantes das provas feminina é bem superior que nas correspondente prova masculina (131 participantes nos 100m costas contra 77 no masculino), e eu não vi – ao menos nas 3 últimas séries – nenhuma das atletas usando completamente os 15m na ondulação submersa, tanto na saída quanto na chegada. É um fato, pra mim, curioso. Nos 200m borboleta, por exemplo, Alec Page abusou da ondulação na última virada, o que diminiui bastante a distância entre os outros adversários.
E OS TRAJES?
É, os tempos dourados dos trajes acabaram. Agora ninguém mais quer saber com que traje o atleta nadou, se o recorde foi com Speedo, Arena, Jaked ou Blueseventy… Agora na conta dos diversos, mas diversos pais na arquibancada é: “acabei de comprar um FS3 pra minha filha, mas não gostei muito do preço não, 700 dólares, acho um absurdo pra usar uma única competição”, foi o comentário de um fervoroso pai. Rasgos no FS3? Ainda não vi algum.
100 COSTAS MASCULINO
A versão masculina promete uma festa da casa, o CNPPO. Charles Francis, recordista nacional dos 50m costas, liderou as eliminatórias sem economizar na força com 54.77 (26.67-28.10), seguido de Matt Hawes (55.92), Matthew Swanston (56.16) e do atual recordista nacional da prova, Pascal Wollach (56.30). Por enquanto é a prova masculina com média de idade mais alta: 23,9 anos.
RUIM PARA COSTISTAS
Tentei conversar com algum costista para testar a teoria que ouvi de um árbitro e de uma mãe de atleta da piscina, dizendo que esta piscina é horrível para costistas, pois o teto oval, combinado com a estrutura metálica amarela oval em diagonal, causa a falsa sensação de estar nadando “reto” para o atleta, e de fato eu notei que alguns atletas batiam na raia nos segundos 50m. Mas não consegui ainda conversar com ninguém sobre o assunto… Por enquanto então é uma teoria.
400 MEDLEY FEMININO
Fechando o programa “normal” da competição, a prova que promete ter uma ótima disputa entre 4 atletas: Stephanie Horner (4:46.62), Breanne Siwicki (4:46.78), Alexa Komarnycky (4:47.96) e acredito que por um erro de estratégia está no páreo ainda Karyn Lewell, 8o. tempo da final, mas classificada nas eliminatórias como 3o. tempo, teve um péssimo últimos 150m e mesmo assim ganhou mais uma chance de batalhar. Das finalistas, apenas Alexa Komarnycky já experimentou o pódio: ela ficou com o bronze nos 400m livre ontem.
ALIÁS…
O pódio é única coisa desproporcional ao evento. É feio, só tem o piso do o 1o. lugar e está num lugar que é difícil para os atletas chegarem na hora – já teve atleta pegando a medalha só de maiô. Uma coisa feia para um evento desse.
LOCUÇÃO NOTA 10
Conhecimento dos atletas, conhecimento das regras, conhecimento do desenvolvimento dos atletas na competição e habilidade plena em francês e inglês. O locutor da competição está nota 10. Durante todas as provas anuncia fatos sobre o atleta bem como seus últimos resultados na própria competição. Não cansa de comunicar sobre a ausência dos estrangeiros nas finais A. Nas finais, este locutor ainda tem o auxílio de outro que vai à beira da piscina para entrevistar os atletas.
PARALÍMPICOS
O Canadá é um dos poucos países no mundo que fazem um Campeonato Nacional junto com os atletas paralímpicos. A Inglaterra teve também durante sua Seletiva, no início de março. Nos EUA, conforme me contaram, a USA Swimming e o Comitê Paralímpico não se bicam e fazem eventos separados. No Brasil, o Comitê Paralímpico Brasileiro tem suas próprias competições e até um Circuito. A inclusão dos atletas com deficiência física, mental ou visual tem dois cunhos: um cultural, manter a integração social dos paralímpicos junto com a sociedade “normal”, e outro cunho é financeiro, embutir mais 40-60 atletas numa competição com já 600 atletas, mais custos envolvendo coisas específicas do Comitê Internacional (árbitros, técnicos e médicos especialistas), é bem mais barato do que uma competição separada.
Deixe uma resposta
Want to join the discussion?Feel free to contribute!