Favoritos caem nas finais da quinta etapa

O penúltimo dia de finais reservou o melhor dos dias em termos de disputa. O 53o. Campeonato Brasileiro Aboluto – Troféu Maria Lenk – já tem o seu campeão: é o Minas Tênis Clube, o oitavo título na história da competição. A equipe mineira conquistou seu último título em 2011. Já a maior equipe da competição, o Esporte Clube Pinheiros, vem em segundo com 1251 pontos, o melhor dia do clube, que ampliou a diferença de ontem do Sport Club Corinthians Paulista, que estava em 4 pontos, para 104 pontos. O Corinthians perdeu pontos preciosos com a desclassificação de sua equipe de revezamento no 4x100m livre masculino. O SESI-SP mantém-se em 4o. apesar dos ganhos da Unisanta com a vitória de Nicholas dos Santos, que praticamente anulou os ganhos de pontos de Thiago Pereira nos 200m medley.

Agora, vamos aos detalhes de cada prova, que tenho que admitir, não foi nada do que havia previsto. Quer dizer, nos 200m medley feminino foi o previsto…

Joanna Maranhão (NN SESI CPR) consegue sua 3a. vitória neste campeonato, 7o. título da prova neste campeonato e pela segunda vez com índice: 28.93, 1:02.47, 1:43.24, 2:14.29. O tempo é apenas o 9o. da sua carreira – 68 centésimos a menos que o índice para Barcelona – mas deu um ânimo adicional à pernambucana que parece estar mais determinada em mostrar que pode brigar em nível mundial. Com o vice ficou a equatoriana Samantha Salinas (Fluminense) com 2:18.54 e em 3o. a gaúhca Julia Volkmann (GNU) com 2:20.19. Nenhuma atleta júnior conseguiu nadar abaixo do índice de 2:18.62 do Mundial de Dubai.

Os “imprevistos” começaram nos 200m medley masculino, com uma excelente prova nadada pelo paranaense Henrique Rodrigues (Pinheiros) que não se intimidou com Thiago Pereira (SESI-SP) e manteve-se paralelo ao prata olímpico durante toda a prova. Thiago iniciou melhor a prova, e quando parecia que fosse se distanciar na parcial do peito, eis que Henrique não só grudou mas também tirou diferença, e continuou diminuindo a diferença no nado crawl, o calcanhar de Aquiles de Thiago, vencendo por meros 11 centésimos. Compare os tempos:

– HENRIQUE: 25.85, 29.50, 33.84, 28.18 = 1:57.37
– THIAGO: 25.57, 29.39, 34.00, 28.54 = 1:57.48

Foi um ótimo duelo, muito bom de se ver. Logo após a prova, Thiago saiu e foi soltar enquanto Henrique comemorava a vitória, o tempo – sua melhor marca, claro – e novamente o índice. Declarou confiante que o trabalho feito está correto e que fará o mesmo para Barcelona. Já Thiago poderia até ficar chateado pela derrota, mas o tempo não é de se jogar fora não, o tempo é o 3o. do ranking mundial de 2013 até o momento (hoje começou a seletiva australiana para o Mundial), atrás do Henrique e do japonês Kosuke Hagino, número 1 com 1:55.74. Thiago Simon (Corinthians) nadou esta prova pela primeira vez este ano – em longa – e foi outro que fez um bom resultado, sua melhor marca com 2:01.88. Confira a evolução de Henrique Rodrigues:

A campeã mundial dos 50m borboleta, Inge Dekker (Fiat/Minas) não foi bem exatamente uma surpresa, mas não ter conquistado os pontos-bônus referentes ao recorde sul-americano que era muito possível, mostrou que as holandesas estão bem relaxadas, ainda mais com a conquista antecipada do título por clubes pelo Minas. Venceu a prova com 25.99, mas não convenceu. Ela já tinha feito este ano 25.93 há pouco mais de um mês atrás. Em 2o. ficou Daynara de Paula (SESI-SP) com 26.34, 9o. tempo do mundo mas mesmo assim não foi índice, já que a Confederação definiu como índice para as provas de 50m estilo o 4o. tempo do mundo da última temporada. Completou a prova Bruna Rocha (Pinheiros) com 26.58, segunda vez que faz abaixo dos 27 segundos, e claro, sua melhor marca pessoal.

O duelo entre o campeão mundial de 2011, César Cielo (CC Piracicaba), e o campeão mundial de 2012, Nicholas dos Santos (Unisanta), coroou dois itens notáveis. O primeiro deles foi o índice para Nicholas, que venceu com 23.05. O segundo deles foi a excepcional saída do atleta, que lhe deu uma vantagem de quase meio corpo a frente de todos os adversários, incluindo aí um dos donos da melhor saída do mundo! Cielo teve uma recuperação de prova incrível também e o tempo de 23.16 foi secundário. Mostrou-se muito bem no nado, extinguindo o temor de que pouco treino foi insuficiente para bons resultados. Este é o 3o. título de Nicholas nesta prova em Troféus Maria Lenk. Uma prova entre irmãos d’água. Completou o pódio mais dois atletas: o gaúcho Guilherme Roth dos Santos (GNU) e o paulista Felipe de Souza Martins (Fiat/Minas) ambos com 23.94. Para Cielo, a competição acabou, enquanto Nicholas ainda disputa os 100m livre.

Nos 400m livre feminino, o 3o. lugar para Femke Heemskerk (Fiat/Minas) depois foi explicado, mas no momento pareceu algo totalmente supreendente. A capixaba Carolina Bilich (Fiat/Minas) deu um sprint e venceu com 4:14.99. Para melhorar ainda a surpresa, Ana Marcela da Cunha (SESI-SP) faz o melhor tempo de sua vida com 4:15.60 e também bate a holandesa que terminou em 3a. com 4:16.48. Manuella Lyrio (Fiat/Minas), que cogitei como favorita, terminou em 4o. com 4:16.59. No fim do dia, ouviu-se a informação que Femke “soltou” nos 400m para concentrar forças no 4x100m livre, que viria 15 minutos depois. Viviane Jungblut (GNU) foi quem chegou mais perto do índice para o Mundial Júnior, com 4:20.95, 1 segundo e meio distante da marca exigida. Carolina melhorou 3.61 segundos de sua melhor marca que vinha do Sul-Americano Juvenil realizado em março deste ano em Valparaíso, no Chile, competição aliás que a coroou como a Señora del Sipan, título concedido aos melhores atletas da competição. Confira a evolução da atleta:

A trinca do fundo foi completa para Juan Pereyra (Fiat/Minas) com a vitória nos 400m livre com 3:54.10. A prova esteve embolada entre Juan, Marcos Ferrari (Fiat/Minas) e Luiz Altamir Melo (Flamengo) até os 330m, com alternância entre eles. Lucas Kanieski (Fiat/Minas), numa distante raia 1, tentava esboçar uma ameaça mas não conseguiu, sendo superado no fim por Brandonn Almeida (Corinthians), 3:57.20 contra 3:57.25. Aliás, outro que foi superado no fim por Brandonn foi o veterano Luiz Rogério Arapiraca (Unisanta), que terminou em 6o. com 3:57.60. Marcos Ferrari ficou em 2o. com 3:54.26, repetindo a posição que teve nos 800m, e em 3o. o jovem Luiz Altamir com 3:55.74. Luiz e Brandonn e também Leonardo Castilho Santos (SESI-SP, 3:58.61) conseguiram nadar abaixo do índice pro Mundial Júnior, de 3:58.71.

A economia de esforço de Heemskerk surtiu efeito e foi recompensado com o novo recorde do campeonato – o sexto da competição – para a equipe do Fiat/Minas (Inge Dekker, Roberta Albino, Lorrane Ferreira e Femke Heemskerk, a mesma equipe do 4x50m), que venceu o 4x100m livre feminino com 3:44.24. A equipe do SESI-SP, que havia nadado de manhã, terminou em 2o. com 3:45.02, enquanto que o Pinheiros terminou em 3o. com 3:46.16.

No masculino, o Pinheiros volta a ser o top da prova, depois de um hiato de 4 anos, com Bruno Fratus abrindo para 49.13, seguido de Marcelo Chierighini com 48.94, Leonardo Alcover com 50.05 e André Daudt com 49.04, totalizando 3:17.52. O Corinthians, como anunciado no início do texto, perdeu pontos preciosos na disputa pelo vice-campeonato contra o Pinheiros sendo desclassificado (havia ficado em 2o.), deixando a prata com a equipe do Fiat/Minas com 3:20.20 e em 3o. a equipe gaúcha gremista com 3:22.48.

PONTUAÇÃO

Completam o grupo dos 10 primeiros da competição o Grêmio Náutico União/RS (522), Fluminense (500,50), Botafogo (297), Curitibano (209) e Praia Clube/MG (160).