Nem o melhor dos otimistas poderia prever uma campanha história em águas abertas: 5 medalhas (1 de ouro, 2 de prata e 2 de bronze) e o título na polêmica pontuação geral, a frente da Alemanha, Estados Unidos e Grécia.

Todos foram surpreendidos: atletas, técnicos, comissão técnica, dirigentes e amigos. Aliás, a mídia também não estava preparada para tamanho sucesso. Foram 7 dias só falando de águas abertas.

O presidente da CBDA, Coaracy Nunes Filho, e o chefe da delegação e supervisor técnico da CBDA, Igor de Souza, concordam que esperavam um bom resultado, mas foi além do que estava sendo aguardado.

“Uma campanha que esperávamos fazer somente em 2015″, disse Igor de Souza.

“O trabalho do Brasil foi coroado em Barcelona. Tudo isso é fruto de muito esforço, de conversas, planejamento e investimento. Temos as maratonas no mesmo nível da natação na CBDA, com resultados que o mundo reconhece como excepcionais. Nosso objetivo é brilhar nos Jogos Olímpicos em casa”, disse Coaracy.

“Chegamos com uma previsão de três medalhas. Não importava a cor. O pódio dos 5 quilômetros foi a primeira surpresa para todos. Fomos avançando na competição e, mesmo as provas que não deram pódio, tiveram resultados que apontam para um futuro promissor, pois nossos atletas foram 5º, 6º ou 7º, mas muito juntos dos campeões mundiais, literalmente no pé dos caras. Nenhuma dessas medalhas teria saído sem o Projeto Medalha e o Projeto Olímpico (verbas destinadas pelos Correios). Hoje o Brasil tem um tratamento individualizado e muito específico para cada atleta de ponta. Graças a isso descobrimos que a Poliana, por exemplo, tem intolerância a mais de 10 tipos de alimentos, o que causava o cansaço extremo do Allan e estamos investigando algumas coisas com a Ana Marcela. São exames e profissionais caros. Acho que nossa maior dificuldade é a falta de fundistas (nadadores de longas distâncias em piscina) no país e vamos sentar com o Ricardo de Moura (supervisor da natação) para conversar sobre o assunto”, explicou Igor de Souza, profundo conhecedor do assunto águas abertas. Ele foi um dos poucos atletas no mundo a realizar a dupla travessia do Canal da Mancha (ida e volta na mesma tentativa).

A seleção brasileira somou 98 pontos contra 94 da Alemanha e 65 dos Estados Unidos. Na separação por gênero, Poliana Okimoto e Ana Marcela Cunha fizeram 74 pontos para o time brasileiro e Allan do Carmo e Samuel de Bona (pontuam os atletas até o 12º lugar em cada prova individual) fizeram 24 pontos.

No entanto, a pontuação da prova por equipes não foi considerada, prejudicando e muito a equipe alemã, que havia sido campeã. Se o resultado fosse computado na pontuação final, a Alemanha e o Brasil teriam sido campeões, empatados com 112 pontos.

“O regulamento da competição (summons – www.fina.org/H2O/docs/events/bcn2013/summons.pdf) fala dos revezamentos de piscina e estabelece pontos para eles; nas águas abertas não fala em pontos para a prova por equipes e muito menos cita nada sobre desempate. Como os pontos da prova por equipes foram incluídos (há dois dias) e retirados (hoje), o Brasil terminou com 98 pontos na contagem geral campeão mundial de águas abertas. Alemanha ficou em segundo com 94 pontos.
Mancada feia da FINA!” – explicou o editor da Best Swimming, Alexandre Pussieldi, em seu Twitter.

Mesmo se o Brasil tivesse ficado com o vice-campeonato por pontos, já seria muito mais do que o país havia ganho em toda a sua história na competição da FINA, que começou em 1973. Antes de Barcelona, as maratonas aquáticas tinham uma medalha de bronze com Poliana Olimoto, em Roma 2009, e uma medalha de ouro, com Ana Marcela Cunha, em Xangai 2011. A modalidade fez ainda a atleta brasileira mais premiada da história dos Mundiais dos Esportes Aquáticos, Poliana Okimoto, com uma medalha de ouro, uma de prata e duas de bronze.

“De 12 caídas na água, podemos dizer que conquistamos nove finais”, disse Fernando Possenti, em referência às provas de piscina, em que os oito primeiros são os finalistas. “E dessas nove finais, cinco medalhas”.

(com informações da CBDA e Swim Channel)

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