E Thiago nadou… Como nunca antes!

Thiago Pereira disse que foi sensibilizado pela campanha #nadathiago e por mensagens de apoio para competir uma prova que afirmou, ao menos 3 vezes antes do Mundial, que não iria nadar.

Sensibilizou? Sim, ele foi atingido por mensagens. Mas o que realmente levou Thiago Pereira a nadar as eliminatórias dos 400m medley no último dia do Mundial de Barcelona tem outro nome: se chama Alberto Pinto Silva.

Ex-treinador do Pinheiros, um dos maiores técnicos campeões brasileiros da história, já passou pelo finado projeto PRO16 e hoje trabalha quase que como “freelancer”. Na sua carteira de atletas, Thiago Pereira e Nicholas dos Santos. Albertinho, mesmo com as declarações públicas de Thiago, inscreveu ele nos 200 e 400m medley, além dos 100m borboleta. Com visão, fez o que muitos treinadores de nível mundial fariam: escalou o atleta numa prova em que existiam adversários “reais”, que poderiam ser superados, e cuja chance de medalha era ainda maior sem os dois maiores nomes americanos na prova, Ryan Lochte e Michael Phelps.

A partir da inscrição, o trabalho foi psicológico. Com o bronze nos 200m medley, comemorando sua primeira medalha em mundiais mas ainda com um gostinho de “poderia ter sido melhor” por causa do 1 centésimo perdido para o japonês Kosuke Hagino, Albertinho sabia que a prova era um plano B para qualquer resultado, exceto se Thiago vencesse os 200m medley, medalha e resultado que o satisfaria por completo.

Mas o “poderia ter sido melhor” ajudou na decisão para entrar nos 400m medley e nas eliminatórias parecia que não estava nem aí para ela: entrou em 8o. lugar por apenas 9 centésimos, 4:15.81. Fechou com 1:02.89. O pior final de prova entre todos os finalistas disparados.

O calcanhar de Aquiles de Thiago foi colocado à prova na final. Por toda a extensão até a marca dos 375 metros, Thiago Pereira seria o 4o. lugar da prova. Mas fechou com nada menos que 58.33, sua melhor volta da carreira e o melhor últimos 50 metros da prova com 28.04.

Confira as parciais:

26.42, 56.63 (30.21), 1:29.27 (32.64), 2:01.17 (31.90), 2:36.52 (35.35), 3:11.15 (34.63), 3:41.44 (30.29), 4:09.48 (28.04).

Em Londres, quando conquistou a prata olímpica e a sua melhor marca pessoal, estas foram as parciais:

26.29, 56.76 (30.47), 1:28.39 (31.63), 2:00.61 (32.22), 2:33.98 (33.37), 3:09.16 (35.18), 3:39.52(30.36), 4:08.86 (29.34).

Thiago quase alcançou o jovem americano Chase Kalisz, que ficou em 2o. com 4:09.22. A vitória foi do japonês Daiya Seto, com 4:08.69. Foi um pódio imprevisível.

Tyler Clary terminou em 4o. com 4:10.39, seguido de ninguém menos que Kosuke Hagino, que terminou com 4:10.77 (ele tinha feito 4:07.61 em abril no campeonato nacional, recorde asiático) na maior travada da competição. Pela 17a. vez, ele estava na piscina. Kosuke perdeu uma medalha certa – muito provavelmente de ouro – por erro de estratégia, já que forçou bem em estilos que ele era mais fraco, o borboleta e peito. Resultado, fechou com 1:01.09, um tempo inaceitável para alguém que fechou os 400m livre no primeiro dia para 55.79!

Hagino terminou a competição com duas pratas, nos 400m livre e nos 200m medley e uma certeza de que nunca mais irá fazer o que fez em Barcelona.

Foi uma prova memorável para Daiya Seto, campeão em Istambul ano passado nos 400m medley e vice nos 200m medley, conquistas que lhe deram os recordes asiáticos, todos em curta. É seu primeiro campeonato mundial de longa. É também a primeira vez que um japonês vence numa prova de medley e apenas a segunda vez que o Japão tem um atleta no pódio na história das duas provas de medley!

Confira o rico histórico de Thiago Pereira nos 400m medley, nadando 66 vezes esta prova, ou 26.400 metros: