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O sergipano Diego Costa atendeu ao “coração” e decidiu defender a Espanha na Copa do Mundo no próximo ano no Brasil. A notícia irritou o treinador Luis Felipe Scolari e o Presidente da CBF José Marin. As opiniões da população e mídia foram divididas. Alguns apoiaram e respeitaram a decisão de Diego Costa, outros revoltados acharam uma afronta a cidadania brasileira.

A mudança de nacionalidade no esporte não é coisa nova e muito menos exclusiva do futebol. Na natação, já tivemos uma brasileira que foi aos Jogos Olímpicos de 1996 em Atlanta pelo Brasil e optou por defender a equipe americana em Sidney 2000.

Foi Gabrielle Rose, carioca nascida no Rio de Janeiro no dia 1o de novembro de 1977 e que teve toda a sua carreira como nadadora desenvolvida nos Estados Unidos mas defendeu a Seleção Brasileira em campeonatos sul-americanos e na sua primeira Olimpíada em 96. Existem duas versões para a decisão de Gabrielle Rose abdicar da cidadania brasileira e defender os Estados Unidos em 2000 em Sidney. Uma delas fala em desacerto da nadadora e sua mãe com a CBDA em busca de melhores condições. A outra versão fala em opção por maiores desafios e defender a Seleção Americana. Gabrielle estava em busca de uma vaga no revezamento 4 x 100 livre americano mas acabou ganhando uma posição na prova dos 200 medley. Depois de terminar a eliminatória em 16o lugar ganhando a última vaga para a semifinal, ficou sétimo para chegar a final onde foi vice campeã do USA Olympic Trials. Na Olimpíada, Gabrielle terminou na sétima posição.

Outra brasileira que virou olímpica na natação por outro país foi Duane da Rocha Merce, nascida em Brasília no dia 7 de janeiro de 1988 e vivendo na Espanha desde a infância, Duane foi olímpica no ano passado em Londres defendendo a Seleção Espanhola.

Duane chegou a semifinal da prova dos 200 costas terminando na 13a colocação. Os 200 costas tem sido sua maior especialidade e onde inclusive se sagrou campeã européia de piscina curta em 2010. Confira a prova:

Entre os homens, tivemos um brasileiro que quase virou olímpico pelo Canadá. É Carlos Chuck Sayão, nascido no Rio de Janeiro, no dia 28 de outubro de 1982 e com apenas um ano de idade se mudou para o Canadá. Lá começou a nadar e se destacar desde cedo. Em 2002, Sayão chegou a ser convocado para a Seleção Brasileira para o Sul-Americano, mas já havia feito a sua opção de cidadania esportiva pelo Canadá desde quando começou a defender a seleção júnior em 1999. Sayão esteve na Universíades de 2001 e no Mundial de 2003 em Barcelona, e por duas vezes disputou, sem sucesso, a seletiva olímpica canadense em 2000 e 2004.

Entre os nadadores olímpicos do Brasil, também já tivemos um estrangeiro nos defendendo. Foi Fernando Souza da Silva, o conhecido “Pikolino” que nasceu em Roma na Itália no dia 7 de abril de 1986. Fernando foi integrante do revezamento 4 x 100 livre nos Jogos Olímpicos de 2008 em Beijing quando a equipe brasileira acabou sendo desclassificada. Aliás, a desclassificação foi entre Fernando que nadou na terceira posição para a saída de Nicolas Oliveira que fechou.

Fernando Silva defendendo a Seleção Militar do Brasil.

Fernando Silva defendendo a Seleção Militar do Brasil.

A nível internacional, o número de nadadores que trocaram de nacionalidade é muito grande. Confira alguns dos mais destacados e recentes:

* Cládia Poll foi campeã olímpica pela Costa Rica mas nasceu na Nicarágua.

* Outro campeão olímpico, Michael Klim grande estrela da natação australiana nasceu na Polônia.

* Lenny Krayzelburg, ouro nos 100 e 200 costas em 2000, nasceu em Odessa na Ucrânia.

* Maritza Correia, a primeira negra “americana” na seleção olímpica de 2004 na verdade nasceu em Porto Rico.

* Recordista mundial dos 400 medley, Jesse Vassalo é outro porto-riquenho de nascimento que brilhou pela seleção americana.

* Anthony Nesty, primeiro  nadador campeão mundial e olímpico da raça negra, maior glória da natação de Suriname, nasceu em Trinidad & Tobago.

Anthony Nesty no caminho para seu ouro histórico.

Anthony Nesty no caminho para seu ouro histórico.

* Duas vezes campeão olímpico pelo Canadá, Alex Baumann é nascido na Tchecoslováquia.

* Duas Olimpíadas e uma prata nos Jogos de Atenas em 2004 pela França, Malia Metella nasceu na Guiana Francesa.

* David Lopez Zubero nasceu em Nova Iorque e foi as Olimpíadas de 1976, 1980 e 1984, seu irmão Martin, nasceu em Jacksonville, e foi aos Jogos de 1988, 1992, 1996. Seis Olimpíadas para a família Zubero e duas medalhas olímpicas, ouro para Martin, bronze para David, e representando o país dos pais: a Espanha.

* A australiana Michelle Engelsman tinha dupla cidadania, brasileira e australiana, sempre defendeu a Austrália, mas na verdade nasceu na Argentina.

* Sarah Powe já era sucesso na natação da África do Sul antes de se tornar alemã. Foi olímpica em 2000 como sul-africana, e depois esteve em três Jogos 2004, 2008 e 2012 aí defendendo a Alemanha.

* A britânica Zoe Baker foi nadadora de destaque da Seleção Nacional até 2005 quando decidiu se tornar neo-zelandesa. Em 2011, mudou de novo, voltou a ser britânica em busca de uma vaga na equipe olímpica de 2012 mas acabou falhando na seletiva.

* Mikhail Alexandrov nasceu na Bulgária e esteve em duas Olimpíadas pelo seu país em 2004 e 2008, mas desde 2009 está defendendo a Seleção Americana. No ano passado ficou em sexto lugar na seletiva americana na prova dos 100 peito.

* Nascido na Colômbia, mas vivendo desde a infância no Paraguai, Ben Hockin chegou a Seleção Júnior do Paraguai inclusive disputando o Sul-Americano da categoria. De pai inglês e com a mudança para a Grã-Bretanha, Ben se tornou olímpico integrando o revezamento 4 x 100 livre em Beijing 2008. De volta ao Paraguai no ano seguinte, mudou novamente de cidadania para ser olímpico pela segunda vez no ano passado em Londres. Em 2011, Ben foi bronze nos 200 livre do Pan de Guadalajara, a primeira medalha da história do Paraguai na natação em Jogos Pan Americanos.

* A russa Nina Zhivanevskaya também foi olímpica por duas nações. Nascida na Rússia, eteve no time unificado em 1992 em Barcelona com apenas 15 anos de idade. Depois em Atlanta 1996 pela Rússia e teve mais duas Olimpíadas 2004 e 2008 defendendo a Espanha.

* O recordista nisso ainda é o americano Michael Cavic, isso mesmo, americano. O conhecido Milarad Cavic nasceu na Califórnia, e aos 16 anos foi olímpico em 2000 defendendo a  Iugoslávia em 2000. Em 2004, com a nova organização política do país defendeu a Sérvia-Montenegro nos Jogos de Atenas. A partir de 2008 em Beijing e em Londres 2012 quando se aposentou já defendia a Sérvia. São quatro diferentes representações! Cavic teve o momento alto da sua carreira na derrota de um centésimo para Michael Phelps nos 100 borboleta dos Jogos de Beijing em 2008.

* Se formos mais longe na história, até mesmo o famoso Tarzan, Johnny Weissmuller que defendeu a Seleção Americana nos Jogos Olímpicos de 1924 e 1928, nasceu na Romênia.

* Dos nomes da atualidade, a dupla de irmãs Cate e Bronte Campbell da Austrália nasceu em Malawi na África, quando a família esteve residindo por lá.

* Ellen Gandy que foi olímpica em 2012 pela Grã-Bretanha reside e treina há muitos anos na Austrália, país que passa a defender a partir do próximo ano.

* O russo Arkady Vyatchnin depois de três Jogos Olímpicos está em processo de naturalização para os Estados Unidos. Outro russo, Vladimir Morozov, maior estrela da natação masculina do país até tentou defender os Estados Unidos em 2012, mas como seus papéis não chegariam em tempo optou por manter a cidadania original e foi a Londres onde foi medalhista de bronze no 4 x 100 livre.

* Outro caso de “quase” é da nadadora americana Melissa Franklin. Missy, nasceu nos Estados Unidos, e preferiu não aceitar a possibilidade de defender o Canadá, país de seus pais , onde seria “mais fácil” chegar a Olimpíada. Missy fez a opção e já se tornou numa das maiores nadadoras americanas da história e tudo isso com apenas 17 anos de idade.

A FINA tem um regulamento específico na troca de nacionalidade. Um dos itens requer a mudança comprovada de residência pelo menos um ano antes do início de representação oficial pela nova cidadania.

Na Carta Olímpica, o regulamento que rege os Jogos Olímpicos, o artigo 41 no seu parágrafo 2 é mais rigoroso no assunto. Atletas para disputar os Jogos precisam de um intervalo de três anos da última representatividade oficial pelo país anterior. Para as exceções, ambos países envolvidos na troca e a Federação Internacional do respectivo esporte precisam aprovar a mudança em período menor.

Cada federação internacional tem sua regra específica sobre o tema, mas para os Jogos Olímpicos a Carta Olímpica precisa ser seguida.

1 responder
  1. Luiz Duarte
    Luiz Duarte says:

    Faltou mencionar o Campeão Olímpico dos 200 peito em Seul e Barcelona, o paraguaio Mike Barrowman, que na época representava os EUA>

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