Tatiana Lemos de Lima completou 35 anos há uma semana e fará em Porto Alegre a sua última participação na natação competitiva. A decisão já estava tomada há algum tempo, mas a nadadora, que este ano defende o Unisanta, decidiu revelar durante a festa de despedida de Fabíola Molina.

Fabíola e Tatiana

Fabíola e Tatiana

Segundo Tatiana, a decisão foi difícil, mas muito mais difícil, foi colocar para fora. Uma grande ajuda veio da ex-companheira de Pinheiros e Seleção Brasileira, Flávia Delaroli, que se aposentou na temporada passada. Tatiana queria se aposentar, mas não queria dividir esta decisão com ninguém. Foi Flávia que conseguiu demover a amiga do segredo, pois “não seria justo com todas suas amigas e companheiros” por todos estes belos momentos vividos em 16 anos servindo a Seleção Brasileira.
A nova fase que vem a frente de Tatiana é promissora. Formada em educação física, a nadadora quer explorar algo novo, uma realização diferente e em outra área.

Natural de Brasília, Tatiana teve momentos muito importantes dentro da natação brasileira. Representou Minas Brasília, COPM de Brasília, Iate Clube de Brasília, AABB de Brasília, Clube do Exército de Brasília, Vasco do Rio, Pinheiros e mais recentemente a Unisanta. Começou com Hugo Lobo em Brasília, depois vieram Vinicius Costa Ribeiro, Antonio Henrique Barbosa, Fábio Costa, Alberto Klar, Alberto Pinto, Felipe Dominguez e mais recentemente tem estado com o gaúcho Fred Guariglia.
Brilhou em todos os lugares que passou. Esteve em quatro edições dos Jogos Pan Americanos, cinco Campeonatos Mundiais de Piscina Curta, quatro Campeonatos Mundiais de Piscina Longa, dois Campeonatos Mundiais Militares e duas participações olímpicas.

Foi várias vezes recordista sul-americana e alguns deles ainda estão imbatíveis. Na piscina curta, ainda mantém os 53:19 e os 1:56:43 obtidos em uma vitoriosa participação nas etapas da Copa do Mundo de 2009. Na piscina longa, ainda mantém os 54:72 alcançados no Open de São Paulo também em 2009.

Tatiana sempre foi uma excelente nadadora de revezamento. Nestes 16 anos de Seleção Brasileira Absoluta, sua participação foi determinante para a conquista de alguns dos melhores resultados já alcançados pela natação brasileira em provas de revezmaento.
Foi com Tatiana na equipe que o Brasil conseguiu a sua melhor colocação olímpica no 4 x 100 livre com o 12o lugar dos Jogos de Atenas em 2004. Tatiana nadou ao lado de Renata Burgos, Rebeca Gusmão e Flávia Delaroli. Foi com ela que o Brasil teve o seu melhor resultado olímpico no 4 x 100 medley, em Beijing 2008, um 10o lugar nadando junto de Fabíola Molina, Tatiane Sakemi e Gabriella Silva.

Tatiana esteve nos três revezamentos de bronze da sua estréia em Pan Americanos em 1999 em Winnipeg. Estava no bronze do 4 x 100 livre do Pan de 2003 em Santo Domingo. Nadou o 4 x 200 de bronze do Pan do Rio em 2007. Aliás, neste Pan também nadou o 4 x 100 livre de prata, que acabou perdendo a medalha por conta do doping de Rebeca Gusmão.
Voltou a subir no pódio no seu último Pan, 2011 em Guadalajara. Estava na equipe de prata do 4 x 100 livre e 4 x 200 livre, além do bronze no 4 x 100 medley.
Outro revezamento histórico é o 4  x 100 medley do Mundial de Roma de 2009. A primeira e única vez que o Brasil chegou a final em Mundiais de longa com recorde sul-americano de 3:58:49 que se mantém intacto até hoje.
Aliás, o nome de Tatiana ainda vai demorar para ser apagado da memória dos recordes. Na tabela ainda estão os recordes do 4 x 50 livre em piscina longa e curta, mais os 4 x 100 livre e 4 x 200 livre em piscina curta, todos recordes sul-americanos. O mais antigo deles é o 4 x 200 em piscina curta. Junto com Paula Baracho Ribeiro, Manuella Lyrio e Joanna Maranhão, o 8:01:78 se mantém intacto desde o distante 2005 em um Troféu José Finkel na piscina do Internacional de Santos.

Tatiana ainda tem outra conquista e que a cada ano tem se mostrado mais difícil de ser repetida. Em 1997, no Troféu Brasil, foi a última nadadora a conquistar a tríplice coroa das provas de velocidade no nado livre.
Na época representando o Clube dos Oficiais da Polícia Militar de Brasília, Tatiana venceu os 50 livre com 27:38 batendo Flávia Delaroli por apenas dois centésimos. Nos 100 livre, venceu com 58:21 deixando Sylvia Cyrino na segunda posição com 58:96. E fechou com outro nos 200 livre com 2:07:56 batendo Monique Ferreira segunda colocada com 204:40.
Vencer os 50, 100 e 200 livre em Troféu Brasil agora Troféu Maria Lenk é algo tão difícil que desde então, nenhum homem ou mulher conseguiu repetir.
Porto Alegre foi o local escolhido para Tatiana treinar nestes últimos meses vai ser o lugar para encerrar tão bela carreira. A filha de Dona Martha e e seu Timóteo, integrante da equipe militar da Marinha do Brasil, integrante da Comissão de Atletas do COB, atleta do Unisanta e da Seleção Brasileira, atleta de fibra e muita dedicação, amiga de tantos vai deixar saudade. Os seus tempos, suas marcas, seus recordes, e principalmente o seu nome vai ficar registrado para sempre.

Parabéns Tatiana, que bela carreira!

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