No próximo dia 18 de agosto o tempo do revezamento 4×200 livre feminino do Brasil 8:05:29 alcançado nos Jogos Olímpicos de Atenas vai estar completando 10 anos de vida. Junto com os 4:40:00 nos 400 medley de Joanna Maranhão, são os recordes mais antigos da natação brasileira.
Entretanto, pelos recentes resultados das meninas do Brasil, já sabemos que esta histórica marca está com os dias contados.
É bom começarmos esta história pelo resultado fantástico do Brasil em Atenas. Nossa seleção ganhou a vaga olímpica para o 4×200 livre no Mundial de Barcelona em 2003. O Brasil ficou em 12o lugar com 8:13:13 após a desclassificação da Nova Zelândia e batendo a Itália por apenas cinco centésimos. Nossa equipe de Monique Ferreira (2:02:33), Mariana Brochado (2:01:84), Ana Carolina Muniz (2:05:46) e Paula Baracho (2:03:50) dava ao Brasil a primeira participação do revezamento 4×200 livre numa Olimpíada. Aliás, até hoje, a única.
Nos Jogos de Atenas, tivemos uma mudança com a entrada de Joanna Maranhão e a saída de Ana Carolina Muniz. Joanna, inclusive, foi escalada para abrir o revezamento. Ela que quatro dias antes havia alcançado o melhor resultado da história da natação feminina do Brasil em Jogos Olímpicos ao terminar na quinta colocação da prova dos 400 medley.
Nas eliminatórias, o Brasil ficou em sétimo lugar em performance fantástica e recorde sul-americano de 8:05:58 batendo equipes como Holanda, França, Nova Zelândia e Itália. Os parciais foram: Joanna (2:01:38), Monique (2:01:40), Mariana (2:01:68) e Paula (2:01:12). Para a final, a estratégia era a mesma, repetimos a colocação, e baixamos ainda mais o tempo para 8:05:29 com Joanna (2:01:20), Monique (2:01:42), Mariana (2:01:15) e Paula (2:01:52).
Desde então, os 8:05:29 se tornaram quase que mágicos e cada vez mais distantes. Somente no ano passado, no Mundial de Barcelona que “uma luz surgiu no fundo do túnel”. Primeiro com Manuella Lyrio quebrando o recorde sul-americano da prova dos 200 livre com 1:59:52 e depois o revezamento ficando em 10o lugar com 8:09:47, o melhor resultado do Brasil desde Atenas 2004.
Na época, Jessica Cavalheiro (2:02:72), Manuella Lyrio (2:00:64), Larissa Oliveira (2:02:94) e Carolina Bilich (2:03:17).
Os tempos individuais hoje nos dão uma perspectiva que vai muito além dos 8:05:29. Este é só questão de tempo, pois deve cair na próxima vez que reunirmos as meninas do Brasil. Na soma, os tempos já dão bem abaixo disso, mas o que estas meninas querem é muito mais. Estão todas em busca de fazer história.
Nosso melhor tempo segue com Manuella Lyrio, recordista sul-americana da prova com os 1:59:52 feitos em Barcelona. Este ano, Manuella nadou para 2:00:94. Larissa Oliveira venceu o Maria Lenk e depois o Brasileiro Senior baixando duas vezes a sua melhor marca pessoal, na última com 2:00:11, é o segundo tempo do país.
Jessica Cavalheiro tem 2:00:69 do ano passado e já tinha nadado para 2:00:99 no ano anterior. Este ano, é a terceira do ranking com 2:01:06.
A novidade do grupo é a jovem Giovanna Diamante, revelação do SESI-SP e que agora ocupa o quarto posto do ranking nacional com os 2:01:16 feitos no Brasileiro Júnior de Inverno.
A perspectiva é tão boa que ainda temos na fila, pertinho e loucas para entrar, a catarinense Julia Volkman com 2:01:56 feitos no Open do ano passado, 2:01:86 no Maria Lenk deste ano, e a capixaba Carolina Bilich com 2:01:70 do Maria Lenk do ano passado e 2:01:99 deste ano.
O recorde sul-americano deixou de ser o objetivo destas meninas. A marca cai na próxima vez que forem reunidas. Isso é consenso, mas para algo mais ser feito a superação vai ter de acontecer. A natação mundial melhorou muito, e esta prova em especial.
As meninas querem uma vaga olímpica, querem uma vaga na final do Rio 2016. E isso vai requerer uma boa baixada do grupo, uma superação. A evolução da prova mostra que não será fácil.
Em 2004, quando o Brasil ficou em sétimo na prova dos Jogos de Atenas, para entrar na final o tempo foi 8:07:17 da Suécia. Quatro anos depois, nos Jogos de Beijing, o Japão entrou como oitavo na final do 4×200 livre com 7:55:63, são quase 12 segundos em relação aos Jogos anteriores. Em Londres 2012, a oitava vaga para a final foi novamente do Japão, agora com 7:54:56.
Assim, numa previsão bem realística, afim de ter um revezamento em condições de chegar a uma final olímpica estamos falando algo em torno de 7:53. Isso é ter as quatro nadadoras do Brasil abaixo dos dois minutos na prova individual. Hoje, temos apenas Manuella, mas várias na “porta” desta barreira.
Na história da natação sul-americana apenas Manuella, Monique Ferreira (1:59:78) e a venezuelana Andreina Pinto nos Jogos Odesur deste ano (1:59:89). São as únicas a terem quebrado a barreira dos 2 minutos.
Coisa que para nós vale muito, mas a nível mundial nem tanto. Só em 2014, são mais de 70 nadadoras que já fizeram isso e hoje, para estar entre as 20 do mundo é algo na casa dos 1:57.
Se chegarmos a uma final olímpica no Rio (previsão de 7:53) já difícil, uma medalha é algo totalmente fora de perspectiva. Nos Mundiais mais recentes, em Shanghai deu China com 7:47:66 e em Barcelona no ano passado a França com 7:48:43. Nos dois últimos Jogos, algo similar, com as americanas em terceiro em Beijing 2008 com 7:46:33 e as francesas com o bronze em Londres 2012 com 7:47:49.
Assim, nossa realidade é sair em busca da vaga e da final olímpica no Rio em 2016. Para que isso aconteça, o plano não pode ser outro do que ter as quatro integrantes do revezamento nadando abaixo da barreira dos dois minutos.
Por conta disso, o recorde de 8:05:29 vai ser apenas um detalhe, pois o objetivo é muito maior. Precisa ser. Estas meninas tem chance de fazer história, a perspectiva é boa, mas o desafio não é nada fácil.
Ranking brasileiro 2014 200 livre feminino
1o Larissa Oliveira do Pinheiros 2:00:11
2o Manuella Lyrio do Minas 2:00:94
3o Jessica Cavalheiro do SESI 2:01:06
4o Giovanna Diamante do SESI 2:01:16
5o Julia Volkmann do União 2:01:86
6o Carolina Bilich do Minas 2:01:99
Ranking brasileiro melhores marcas 200 livre feminino
1o Manuella Lyrio do Minas 1:59:78
2o Larissa Oliveira do Pinheiros 2:00:11
3o Jessica Cavalheiro do SESI 2:00:69
4o Giovanna Diamante do SESI 2:01:16
5o Julia Volkman do União 2:01:56
6o Carolina Bilich do Minas 2:01:70
Acompanhe a sequência fotográfica do revezamento 4×200 livre do Brasil no Mundial de Barcelona, melhor resultado desde os Jogos de Atenas em 2004 pela ordem com Jessica Cavalheiro, Manuella Lyrio, Larissa Oliveira e Carolina Bilich. Fotos de Satiro Sodré.
Infelizmente é o mais fraco dos nossos revezamentos atuais, o 200 livre é um dos nossos calos, assim como as provas de peito…mesmo com essa melhora no nível da prova nossa realidade ainda é muito distante do resto do mundo, então só em pegar uma vaga olímpica já seria grande coisa. Espero que daqui há a 1 ano pelo menos 4 nadadoras ja estejam nadando na casa de 1’59, creio que Larissa e Manu ainda tem potencial pra 1’58 mais na frente.
Também acho que são nadadoras de primeira linha e com grandes perspectivas, mas lembre que o que precisamos é de 1:59 ou menos. Ainda é muita pressão para estas meninas.
Coach,
ainda ponho nesse grupo algumas jovens que podem explodir a qualquer momento:A Andressa Lima,a Roncatto e a Primati.
Excelente explanação, e incentivo às meninas.