O que se viu ontem no Campeonato Sueco em Boras não foi um Recorde Mundial, mas um RECORDE MUNDIAL, com todas as letras maiúsculas e garrafais. Fica difícil dizer que foi o maior recorde de todos os tempos, mas se existe algum que mereça estar neste patamar, os 24:43 de Sarah Sjoestroem chega bem perto.
A sueca de 20 anos completou o seu fantástico resultado no Campeonato Nacional da Suécia vencendo os 50 borboleta com 24:46 estabelecendo novo recorde mundial para a prova. A marca anterior era da sua compatriota, Therese Alshammar 25:09 no Mundial de 2009, na era e na competição dos trajes tecnológicos. Alshammar recentemente voltou a natação competitiva após dar a luz ao primeiro filho, Fred, optou por não competir no Campeonato Sueco. Aliás, os suecos não usam o campeonato como seletiva única, e sim a combinação dos melhores resultados nas competições internacionais da temporada. O que realça ainda mais o feito de Sarah Sjoestroem e seus 24:43 feitos sem polir ou raspar.
O resultado da prova por si só mostra a diferença de Sjoestroem em relação as adversárias. Enquanto ela vencia os 50 borboleta com 24:43, Rebecka Palm chegava em segundo lugar num longínquo 26:97. A marca completou mais uma competição e tanto para Sjoestroem que desde o primeiro dia brilhava quebrando o recorde de campeonato nos 200 livre. Na segunda etapa, igualou o melhor tempo do mundo no ano nos 100 borboleta com 56:50. Na véspera mandou 23:98 nos 50 livre, melhor tempo da história da prova sem trajes. Nas eliminatórias dos 50 borboleta, Sjoestroem nadou para 25:23 que já era o melhor 50 borboleta sem trajes batendo os 25:24 de Jeanette Ottesen Gray do ano passado e os 25:27 da mesma dinamarquesa como melhor marca do mundo este ano.
Ela ainda encerrou o Campeonato Sueco em Boras nadando o revezamento 4×100 medley com um parcial de 55:73 nos 100 borboleta. Não foi o suficiente para evitar a derrota de seu clube, Sodertorns Simsallskap que terminou em segundo lugar com 4:10:84, mas uma boa perspectiva para recuperar o recorde mundial dos 100 borboleta agora em posse da americana Dana Vollmer com 55:98 desde os Jogos Olímpicos de Londres em 2012. Sjoestroem parou nos 56:06, o histórico recorde feito em Roma no Mundial de 2009 quando ainda tinha apenas 15 anos de idade.
Reveja o recorde mundial dos 100 borboleta de Sarah Sjoestroem em 2009.
Os 50 borboleta de Sarah Sjoestroem na final do Campeonato Sueco ontem é o que pode se chamar da prova perfeita. Uma performance incomum onde ela baixou 1 segundo e 9 centésimos da melhor marca pessoal e 64 centésimos do recorde mundial. Executada com precisão em 21 braçadas numa frequência incrível e no mesmo padrão criado por Alshammar há quase 10 anos, sem respirar.
O nado de Sjoestroem é linear, pouca ondulação, corpo alto na água, preciso e uma pernada constante. Comparadas as concorrentes na prova, sua frequência é bem mais alta.
Sarah Sjoestroem está com 20 anos. Faz uma temporada incrível e que promete muito para o Campeonato Europeu. Seu treinador Carl Jenner tem submetido sua nadadora a grandes competições alternados com training camps, incluindo altitude. Uma demonstração da sua grande fase foi os 400 livre em Amiens na França no mês de março 4:06:04, décimo tempo do mundo numa melhora de seis segundos na sua marca pessoal.
As comparações e referências feitas com o tempo 24:43 nos 50 borboleta evidenciam uma das melhores performances já vistas em nosso esporte. O tempo fica em sexto lugar no ranking deste ano na prova dos 50 livre. Na história do 50 livre feminino, os 24:43 aparecem em 15o lugar. Os 24:43 seriam suficientes para dar a medalha de bronze nos 50 livre para Sjoestroem no Mundial de 2011 em Shanghai.
Ela mesmo nos 50 livre do Mundial de Barcelona, no ano passado, ficou na quarta posição nadando para 24:45. Nunca um recorde mundial em piscina longa chegou tão perto de uma marca em piscina curta. O recorde na curta é de Therese Alshammar com 24:38 também na era dos trajes em 2009.
Faltam 38 dias para o Campeonato Europeu em Berlim. Vale a pena esperar pelo que Sarah Sjoestroem ainda é capaz de fazer neste esporte. A perspectiva é a melhor possível.
Está no patamar daqueles recordes bizarros da Janet Evans que duraram 20 anos…