Mesmo não estando mais entre nós, não dá para deixar passar batido o centenário de Maria Emma Hulga Lenk Zigler, ou nossa Maria Lenk de tantas glórias e feitos.

Filha de imigrantes alemães que chegaram ao Brasil no início do século, Maria Lenk nasceu no dia 15 de janeiro de 1915 em São Paulo.Uma pneumonia dupla foi o suficiente para os pais colocarem a filha de 10 anos na natação, que pela falta de piscinas era feita nas margens do Rio Tietê.

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Começava ali a carreira de um dos maiores nomes da natação brasileira em todos os tempos. Seria ela a primeira brasileira e sul-americana a quebrar um recorde mundial. Também seria Maria Lenk a primeira sul-americana a competir nos Jogos Olímpicos. Feitos que mantiveram seu nome sempre ligados ao esporte, e mesmo aposentada das piscinas, se tornou marco na natação masters com inúmeros recordes mundiais.

No dia 15 de abril de 2007, aos 92 anos, Maria Lenk faleceu por uma parada cardiorespiratória e adivinha onde ela estava? Na sua nadada diária na piscina do Flamengo.

A natação feminina chegou aos Jogos Olímpicos na edição de 1912 em Estocolmo, na Suécia. As sul-americanas só entraram 20 anos depois, com Maria Lenk nos Jogos de Los Angeles em 1932. Eram 201 mulheres, 44 na natação onde haviam cinco provas femininas.

Maria Lenk ainda esteve nos Jogos de 36 em Berlim, desta vez chegou as semifinais dos 200 peito, nadando borboleta revolucionando o estilo que ainda estava por vir anos depois.

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O drama das duas Grandes Guerras Mundiais cancelou os Jogos de 1940 e 1944, seria ali o ápice da carreira de Maria Lenk.
Em 1939, na piscina do Botafogo, Maria Lenk quebrou o recorde mundial dos 200 peito com 2:56.0. Superava a marca de Joie Waalberg por nove décimos. O recorde se manteve por cinco anos.Ainda no mesmo ano, Maria Lenk quebrava mais um, agora os 400 peito.

A aposentadoria oficial da natação veio em 1942. Mesmo assim, ela nunca se afastou das piscinas. Foi figura importante na construção da carreira de professor de educação física no país e brilhou como nunca na natação masters.

No dia de seu falecimento, acumulava cinco recordes mundiais masters entre as dezenas batidos quase que todos os anos. Maria Lenk foi a primeira (e única) brasileira que entrou para o Swimming Hall of Fame. Foi no ano de 1998, mesma temporada em que era reconhecida como uma das dez melhores nadadoras masters do mundo.

Prêmio Brasil Olímpico em 2004

Prêmio Brasil Olímpico em 2004

Na cerimônia do Prêmio Brasil Olímpico de 2004, Maria Lenk recebeu o Troféu Adhemar Ferreira da Silva do Comtê Olímpico Brasileiro. A premiação é uma espécie de reconhecimento pelos serviços prestados ao esporte olímpico do país. Dois meses antes do seu falecimento, o Prefeito César Maia do Rio de Janeiro anunciou que o Parque Aquático então em construção para os Jogos Pan Americanos iria ter o nome de Maria Lenk.

Com o seu falecimento, no dia seguinte a sua morte, o Presidente da CBDA, Coaracy Nunes, anunciava a troca do nome da mais importante competição de natação do país de Troféu Brasil para Troféu Maria Lenk.

A piscina que leva seu nome e nunca viu ser inaugurada

A piscina que leva seu nome e nunca viu ser inaugurada

O reconhecimento a carreira e a participação de Maria Lenk na aquática nacional, ela que também atuou como interventora da entidade no final da década de 80 numa interminável batalha jurídica entre Rubem Márcio Dinard e Coaracy Nunes.

Austera e dura, Maria Lenk foi uma reconhecida professora de educação física com participação determinante na fundação da Escola Nacional de Educação Física.

Neste 15 de janeiro de 2015, o centenário de Maria Lenk precisa ser recordado e comemorado por uma das figuras mais exponenciais da história de nosso esporte.

Reportagem do Globo no seu falecimento

Reportagem do Globo no seu falecimento

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O primeiro recorde mundial 

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