Segunda parte da série que destaca o revezamento 4×100 livre masculino rumo aos Jogos Olímpicos do Rio 2016. Já publicado:

Parte I – A história que faz o evento tão especial e difícil

Agora é a vez de conhecermos os nossos adversários e como está o panorama atual. Com vocês:

4X100 livre masculino: Projeto medalha para o Brasil no Rio 2016 Parte II – Como está o ranking e quem são os inimigos 

O ranking do 4×100 livre masculino de 2014 manteve o mesmo padrão deste ciclo olímpico. Entre os oito melhores tempos da temporada, a única surpresa foi a entrada da China, campeã dos Jogos da Ásia e que terminou o ano com o sexto tempo do ano.

O Brasil, pelo segundo ano consecutivo, se manteve entre os oito melhores tempos do mundo, repetiu a posição de 2013, sétimo do ranking mundial.

Pela ordem, em 2014, o ranking teve: França, Rússia, Itália, Austrália, Estados Unidos, China, Brasil e Japão.
Comparados com 2013, apenas a saída da Alemanha e a entrada da China. Pela ordem: Rússia, França, Estados Unidos, Austráia, Itália, Alemanha, Brasil e Japão.

Na comparação com a última Olimpíada, em Londres 2012, França, Estados Unidos ,Rússia, Austrália, África do Sul, Alemanha, Bélgica e Itália.

Comprovando que o grupo que briga pelas mesmas posições é basicamente o mesmo, os oito finalistas do Mundial de Doha no Catar , em dezembro: França, Rússia, Estados Unidos, Itália, Austrália, Bélgica, Japão e Brasil.
Identificados os países que estão nesta luta, vamos analisar cada um deles, seus atletas e a projeção para 2016:
FRANÇA

Equipe campeã olímpica de 2012

Equipe campeã olímpica de 2012

Recorde nacional 3:08.32 em Beijing, 2008
Primeiro tempo do ranking mundial de 2014 3:11.64

Não tem como não começar como o atual campeão olímpico. Os franceses viraram 2014 na frente de todos. Melhor tempo do ano (3:11.64) na vitória do Europeu ainda completaram com o título mundial em piscina curta em Doha.
Os franceses tem a seu favor o fato de quase toda a equipe treinar no mesmo clube, o Marseille, considerado o clube dos velocistas da França.
Nele estão os quatro melhores tempos da França na atualidade. A começar por Florent Manaudou, único na casa dos 47, 47.98, sua melhor marca pessoal, tempo que lhe deu o título europeu e lhe fez terminar o ano como quarto melhor do mundo.
Fabien Gillot é o segundo do grupo, 48.36, seguem Mehdy Mettella com 48.69 e Clement Mignon 48.89. Todos nadadores do Marseille e em marcas feitas no Europeu de Berlim.
Gillot é o único remanescente do time campeão olímpico de 2012. É o mais veterano, ou o único, pois tem 30 anos, comparados aos 24 de Manaudou, 22 de Mettella e 21 da novidade, Mignon.
Da equipe campeã em Londres, Amaury Leveaux e Clement Lefert se aposentaram. Ainda sobrou Yannick Agnel, que teve um péssimo ano, mas ainda temrinou a temporada como o quinto no ranking francês com 49.25 Agnel tentou a sorte, não deu certo, e já deixou Bob Bowman e seu programa do Nort Baltimore. Está de volta a França sob o comando de Lionel Horter.
O 4×100 livre da França é um dos maiores objetivos da equipe tanto para Kazan este ano como para o Rio 2016.

RÚSSIA

Ouro na Universíades em 2013, melhor tempo do ano

Ouro na Universíades em 2013, melhor tempo do ano

Recorde nacional 3:09.52 em Roma, 2009
Segundo tempo do ranking mundial de 2014 3:12.67

É o time que está há mais tempo junto. Da equipe recordista nacional de 2009. três estão entre os seis primeiros do ranking nacional. Aliás, a Rússia é junto dos Esatdos Unidos os únicos países do mundo que tem seis nadadores na casa dos 48 segundos em 2014. Dois estão entre os dez melhores do mundo. É Andrei Grechin e Vlad Morozov que empatam com Matheus Santana do Brasil na oitava posição do ranking mundial com 48.25.
Na ordem, depois dos dois 48.25, seguem Alexander Sukhorov 48.52. Sergei Fesikov 48.76, Nikita Lobintsev 48.78 e Danila Izotov 48.80.
Morozov é a maior estrela do time, mas fez um péssimo Campeonato Europeu. Por sugestão da Federação Russa treinou para o Europeu na Rússia, e o resultado foi o pior possível. A tendência é permanecer no Trojan Swim Club, onde treina com Dave Salo junto de Sukhorov, e Lobintsev.

ITÁLIA

Magnini se mantém no revezamento há mais de 10 anos

Magnini se mantém no revezamento há mais de 10 anos

Recorde nacional 3:11.48 em Beijing, 2008
Terceiro tempo do ranking mundial de 2014 3:12.78

Três dos quatro melhores tempos do revezamento da Itália estavam no título mundial júnior de 2008 em Monterrey, no México. Na época, Lucca Dotto foi campeão dos 100 livre, Luca Leonardi vice e Marco Orsi nadava apenas o revezamento. Os três, agora com 24 anos, ocupam as três primeiras posições do ranking nacional.
Orsi terminou o ano com 48.16, sétimo tempo do mundo em 2014, e apenas 12 centésimos acima do recorde nacional de Filippo Magnini, mas a melhor marca dos últimos nove anos. Luca Leonardi tem 48.36, Lucca Dotto 48.47. O quarto tempo, o único 49, é de um veterano, o recordista nacional Filippo Magnini com 49.12.
Os italianos vão ser isso, a mistura desta juventude com a experiência de Magnini, um competidor incrível que faz fechamentos de revezamentos históricos.
Magnini, sem muita velocidade, costuma dobrar seus parciais e, mesmo sendo o recordista nacional italiano, hoje é o pior tempo da equipe.

AUSTRÁLIA

Do super time, só sobrou Magnussen

Do super time, só sobrou Magnussen

Recorde nacional 3:09.91 em Beijing, 2008
Quarto tempo do ranking mundial de 2014 3:12.80

A Austrália foi do céu ao inferno nos Jogos Olímpicos de Londres em 2012. O super time favorito ao ouro no 4×100 livre, nem subiu ao pódio. Entre inúmeras acusações, brigas e uma história envolvendo até o comprimido Stilnox combinado com bebida alcóolica encerrou a carreira de três dos quatro nadadores que nadaram a final olímpica. Só sobrou James Magnussen, melhor tempo do mundo em 2014 com 47.59.
Os australianos são os únicos do mundo com dois 47 na temporada passada, gracas ao 47.65 de Cameron McEvoy, segundo do ranking mundial.
Completa a lista dos quatro, Tommaso Dorsogna com 48.72 e Kenneth To com 49.00.
To nadou até o Commonwealth Games em julho, depois se afastando para uma cirurgia nas costas, o que lhe deixou de fora do resetante da temporada.
O espírito dos australianos está diferente. O fracasso de toda a seleção em 2012 determinou uma mudança de comportamento e o revezamento de maior esperança de medalhas virou o maior vilão da equipe. Mesmo sendo campeões do Pan Pacífico no ano passado, a equipe ainda não nadou no nível desejado. A expectativa é de uma performance bem melhor em Kazan e principalmente no Rio.

ESTADOS UNIDOS

Americanos foram prata em Londres 2012

Americanos foram prata em Londres 2012

Recorde nacional 3:08.24 em Beijing, 2008
Quinto tempo do ranking mundial de 2014 3:13.36

2014 foi um dos piores anos da natação americana dos últimos anos. Mesmo assim, o Team USA conseguiu reunir seis nadadores na casa dos 48 segundos. Nathan Adrian, é o melhor deles, 48.05, quinto tempo do mundo em 2014.
Depois Michael Phelps 48.45, Anthony Ervin 48.71, Ryan Lochte 48.90, Matt Greevers 48.95 e Jimmy Feigen 48.98. Todos estavam na equipe que nadou em Londres 2012 e terminaram com a medalha de prata.
O time envelheceu, e por enquanto, ficou mais lento. Um ano depois de Londres, os americanos caíram para o terceiro lugar no ranking mundial e terminaram o ranking de 2014 na pior colocação da história do 4×100 livre, quinto lugar.
Seria muito temerário tirar os americanos da disputa, a tradição e principalmente o espírito de equipe deixam a equipe sempre entre os favoritos. Assim, mesmo com o que se viu em 2014, saiba que em Kazan já deve ser bem diferente, mesmo sem Michael Phelps, afastado da equipe voluntariamente desde o problema de ter sido pego dirigindo embriagado.

CHINA

Equipe campeã dos Jogos da Ásia 2014

Equipe campeã dos Jogos da Ásia 2014

Recorde nacional 3:13.47 em Incheon, 2014
Sexto tempo do ranking mundial de 2014 3:13.47

A surpresa do ano. Os chineses estavam há dois anos na décima posição do ranking mundial. A performance de Zetao Ning e seus 47.65, segundo melhor tempo do mundo em 2014, está fazendo a diferença. Nos Jogos da Ásia, quando a equipe quebrou o recorde nacional e asiático, Ning fechou o revezamento para 46.96.
Os chineses sempre surpreendem com nomes que nem apareciam no ranking mundial. O ranking dos 100 livre só tem Ning e o jovem Hexin Yu (49.06) em marcas abaixo dos 50 segundos.
Entretanto, no revezamento dos Jogos Asiáticos, Lin Yongqing nadou para 48.44 e ainda teve Sun Yang para 48.55.
Já se foi a época onde apenas a natação feminina da China era forte. Os homens também estão na briga, mas seguem misteriosos e surpreendentes.

JAPÃO

Vice asiático e novo recorde nacional em Incheon 2014

Vice asiático e novo recorde nacional em Incheon 2014

Recorde nacional 3:14.38, Incheon em 2014
Oitavo tempo do ranking mundial 3:14.38

Velocidade nunca foi o forte da natação japonesa, principalmente entre os homens. Mesmo asim, os japoneses por dois anos consecutivos estão entre os oito melhores do mundo do 4×100 livre.
A equipe vice campeã dos Jogos da Ásia bateu o recorde nacional com 3:14.38. Os melhores tempos do país têm três nadadores na casa dos 48 segundos. Shinri Shioura 48.69, Katsumi Nakamura 48.96 e Kenji Kobase 48.99. Kobase, o mais novo, ficou de fora do time dos Jogos da Ásia. Ramaru Harada é o quarto do ranking com 49.19.
A maior estrela é Shinri Shioura. Recordista nacional e asiático dos 50 livre com 21.88, esteve recentemente treinando na Austrália na mesma equipe que Cameron McEvoy.

Ranking mundial de 2014:
1o França 3:11.64
2o Rússia 3:12.67
3o Itália 3:12.78
4o Austrália 3:12.80
5o Estados Unidos 3:13.36
6o China 3:13.47
7o Brasil 3:13.59
8o Japão 3:14.38

O próximo texto da série:

4X100 livre masculino: Projeto medalha para o Brasil no Rio 2016

Parte III – 47, o número mágico 

12 respostas
  1. Alexandre Madsen
    Alexandre Madsen says:

    Para pegar medalha, TODOS os integrantes do reveza têm que nadar para 47 médio. Não adianta falar que não teme gringo, se no próprio Time Brasil, ele tem o pior tempo entre os 4. ( 48.57 ).

  2. Alexandre Madsen
    Alexandre Madsen says:

    Ninguém está “temendo” gringo. É uma realidade. Se todos não nadarem na casa dos 47, não sai medalha. Jorge, há uma contradição no seu comentário. O nadador com o tempo mais fraco da seleção disse que não teme gringo. ( Cielo 47.84, Chierighini 48.11, Matheus Santana 48.25 Fratus 48.57 ). Vc novamente esqueceu do seguinte detalhe : 47.4 do Magnussen e McEvoy na invididual significam 46.8 no reveza. Pela média, mesmo que Tommaso D’Orsogna nade para 47 alto, pela média, eles estarão muito na frente.

  3. Jorge
    Jorge says:

    Como disse o Fratus, “temer gringo é coisa dos anos 90”. Esse time do Brasil tem condição de meter um 3m11 fácil, e se fizerem milagre até um 3m10 alto. Quero ver os EUA só com o Adrian e o Phelps trintão fazerem isso. A Austrália só tem o Magnussen e o McEvoy nadando pra 47, se não tiverem mais 2 (como não tem hoje) não vão conseguir derrotar Brasil ou França. Até 2016 o Matheus Santana deve nadar pra 47 constantemente e o Fratus pode chegar nos 48 baixo também.

  4. Alessandro Borges
    Alessandro Borges says:

    Se James Magnussen estiver em sua melhor forma, ele manda um 46.50 . E não se esqueçam dos norte-americanos. O Brasil vai lutar é pelo bronze. Com certeza o Phelps deve abrir o revezamento para os norte-americanos.

  5. Alexandre Madsen
    Alexandre Madsen says:

    Em Shanghai 2011, James Magnussen abriu para 47.49, Matt Targett 47.87, Matt Abood 47.92 e Eamon Sullivan fechou com 47.72. 3:11:00. Porém, Cameron McEvoy está nadando para 47.6 ( 0.20 melhor do que Matt Target ). E James Roberts tem 47.7 como seu melhor tempo.

  6. Alexandre Madsen
    Alexandre Madsen says:

    Jorge.

    Vc está esquecendo da Austrália. Se fizermos a média dos melhores tempos de James Magnussen, Cameron McEvoy, James Roberts e Tommaso D’Orsogna, eles têm potencial para mandar um 3m10. Média : 47.60 ( descontando o RT ).

  7. Alexandre Madsen
    Alexandre Madsen says:

    Coach.

    Se James Magnussen e Cameron McEvoy estiverem em sua melhor forma, ou seja, nadando para 47.4 e 47.5 ( considerando que, no reveza, estes parciais caem para 47.00 e 46.9 ), os Aussies levam!!! Além disso, ainda tem o Tommaso D’Orsogna, que tbm nada em alto nível. Se James Roberts voltar a andar para 47.6. Aí, esquece!!! O ouro é da Austrália, tanto em Kazan 2015 quanto nos Jogos do Rio 2016. Abraços

  8. Jorge
    Jorge says:

    Vamos analisar o revezamento do Brasil no Pan Pac 2014: João de Lucca 49.05, Chierighini 47.91, Fratus 48.00 e Nilo 48.63, total 3m13s59. Tirando o de Lucca e colocando o Cielo, vamos considerar que o Cielo mande um 48.05, que é mais ou menos o que ele vem fazendo atualmente (mas pode fazer até melhor). Aí o tempo já cai pra 3m12s59 (já seria ouro no Pan Pacífico e prata olímpica conforme esa lista acima). Aí se a gente tira o Nilo e coloca o Matheus Santana, que tem condição de meter um 47 alto, o tempo do revezamento já cai mais uns 0.7 segundos pelo menos, indo pra 3m11s8 no mínimo, disputando lado a lado com a França. E isso que o Chierighini nadou mal esse ano, ou seja, o Chierighini ainda pode melhorar esse tempo. E o Fratus também está melhorando nos 100m livres, podendo conseguir um 47 também. Se todos nadarem no máximo, acho impossível algum time nos derrotar, só a França teria condição de fazer isso e mesmo assim teriam que fazer um milagre.

  9. Jorge
    Jorge says:

    Não sei porque, visto que o Brasil tem condição de fazer um tempo de 3m11 muito tranquilamente, e hoje só a França tem seleção pra fazer 3m11.

  10. Carlos Baiano
    Carlos Baiano says:

    Não quero bancar o pessimista, mas no contexto atual considero uma medalha de ouro olímpica verdadeira utopia. Um bronze já seria um feito e tanto.

  11. Jorge
    Jorge says:

    Os quatro recordes pessoais dos quatro melhores brasileiros: Cielo 47s84, Chierighini 48s11, Santana 48s25, Fratus 48s57. Tempo total: 3m12s77. Tirando o tempo de reação inter-prova de 0,70 segundos de 3 deles, ficaria um tempo magistral de 3m10s67. Brasil tem toda a condição de ser ouro olímpico. Mesmo considerando um tempo pior do Cielo e do Chierighini, o Santana e o Fratus tem tendência a melhorar, o que equilibra a situação.

  12. Sergio
    Sergio says:

    EUA foi prata em Barcelona/2013 e não bronze!
    Faltou comparar com os melhores tempos do Brasil! Espero também que o Sr. coach fale da importância do Cesão no revezamento, já que ele sempre decide não nadar!

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