Seguimos em nossa série, artigos que destacam a chance que a Best Swimming vislumbra para o revezamento 4×100 livre masculino do Brasil rumo a um possível pódio nos Jogos Olímpicos do Rio em 2016. Até agora publicados:

Parte 1 – A história que faz o evento tão especial e difícil 

Parte 2 – Como está o ranking e quem são os inimigos 

Chegamos ao terceiro capítulo: 47, o número mágico.

digital-47

47 é o décimo quinto número primo. Se você discar 47, no código internacional de telefonia vai para a Noruega, se for no código nacional vamos para a região de Joinville, Santa Catarina. AK 47 são os conhecidos fuzis que são utilizados por criminosos, tanto no país como no terror internacional. Agora, 47 segundos, é o tempo que um nadador de alto nível precisa para executar 100 metros nado livre, e é em cima destes 47 que estamos atrás.

Nadar a prova para 47 é coisa para poucos. No ano passado, foram apenas quatro nadadores que conseguiram isso.

James Magnussen, Austrália 47.59
Cameron McEvoy, Austrália 47.65
Zetao Ning, China 47.65
Florent Manaudou, França 47.98

A briga australiana dos 100 livre foi bem interessante em 2014. Os dois se revezaram no primeiro posto, no Campeonato Nacional, no BHP Billiton Aquatic Super Series no Commonwealth Games e no Pan Pacífico. Uma rivalidade interna bem interessante.

Na história, um total de 30 nadadores já conseguiu quebrar esta barreira. O primeiro, foi o holandês Peter van den Hoogenband, no dia 19 de setembro de 2000. Era a semifinal dos 100 livre nos Jogos de Sydney. Três dias antes, o australiano Michael Klim havia quebrado o recorde mundial abrindo o revezamento da sua equipe para 48.18. Hoogenband quebrou a barreira dos 48 pela primeira vez vencendo a segunda semifinal da prova. Foi uma vantagem incrível sobre os adversários. O mais próximo foi Klim, vencedor da primeira série quase um segundo atrás, 48.80. Hoogenband não conseguiu repetir 47 no dia seguinte, na final da prova, mas levou o ouro com 48.30, 39 centésimos a frente do russo Alex Popov.

Nadar para 47 não foi uma rotina na carreira de Hoogenband. Ele voltou a nadar em 2002 no Campeonato Europeu quando venceu com 47.86 e só voltou a fazer em 2008. O mundo ficou numa escassez de 47 por cinco anos. De 2002 até 2007 quando o sueco Stefan Nystrand nadou para 47.91, num desempenho surpreendente no Paris Open.

Se o mundo não teve nenhum 47 nos anos de 2003, 2004, 2005, 2006, a quebra da sequência por Nystrand “abriu a porteira”. Em 2008, no início da era dos trajes foram 11 nadadores na casa dos 47 segundos. Em 2009, no auge dos trajes, o número subiu para 15 nadadores. Voltamos ao normal em 2010, com o fim da era tecnológica, o fim dos trajes completos, apenas um nadador, Brent Hayden conseguiu quebrar o 48 vencendo o Pan Pacífico com 47.98.

Confira ano a ano, o número de nadadores que conseguiram nadar para 47 desde a primeira vez com Hoogenband em 2000:
2000 – 1
2001 – 0
2002 – 1
2003 – 0
2004 – 0
2005 – 0
2006 – 0
2007 – 1
2008 – 11
2009 – 15
2010 – 1
2011 – 3
2012 – 7
2013 – 6
2014 – 4

Na história dos nadadores que já chegaram nos 47 dos 100 livre somam 30, destes os franceses puxam a fila com sete nadadores, seguidos de americanos com seis, australianos quatro, russos três, Brasil e Holanda tem dois, e com um aparecem Canadá, Suécia, China e África do Sul.

Os dois brasileiros são César Cielo e Nicolas Oliveira.

Cielo fez isso 11 vezes, a primeira na medalha de bronze dos Jogos Olímpicos de Beijing em 2008 com 47.67. No ano seguinte, nadando com o seu traje tecnológico da Arena, Cielo fez mais oito vezes, e até foi mais longe, nadou para 46.91 na final do Mundial de Roma quebrando o recorde mundial da prova.

Se nadar para 47 é difícil, para 46, ainda mais. Só Cielo e Alain Bernard conseguiram isso, uma vez cada um. Reveja o recorde mundial de Cielo que se mantém até hoje.

Uma vez em 2008, oito vezes em 2009, Cielo voltou a nadar para 47 mais duas vezes. Na final dos Jogos Pan Americanos de Guadalajara em 2011 com 47.84 e na final dos 100 livre nos Jogos Olímpicos de Londres em 2012 com 47.92.

Nicolas Oliveira alcançou o seu feito de 47 na semifinal dos 100 livre do Mundial de Roma em 2009. Ficou em quarto lugar na semifinal com 47.78 entrando para a primeira e única final de Mundial na sua carreira. Terminaria em oitavo lugar com 48.01.

Nesta verdadeira aula de 47s, o texto todo é baseado numa necessidade. É uma constatação e uma projeção bem real. Se o Brasil quiser uma medalha no revezamento 4×100 livre masculino no Rio em 2016, todos nossos nadadores vão ter de nadar para 47. Fato!

Para isso, fizemos uma análise dos revezamentos e seus resultados.

O show do 47 foi no Mundial de Roma, com a ajuda dos trajes tecnológicos e quando a maioria dos recordes nacionais foram estabelecidos. Os americanos venceram na época com Michael Phelps abrindo para 47.78, Ryan Lochte 47.03, Matt Greevers 47.61 e Nathan Adrian fechou com 46.79. Os russos foram prata com Yevgeny Lagunov 47.90, Andrei Grechin 47.00, Danila Izotov 47.23 e Alexander Sukhorov fechou com 47.39. A França foi bronze e só teve Gregory Mallet como o patinho feio, fechando para 48.28.

Só voltamos a ter um revezamento na casa dos 47 no ouro da Austrália no Mundial de 2011 em Shanghai. James Magnussen abriu para 47.49, Matt Targett 47.87, Matt Abood 47.92 e Eamon Sullivan fechando com 47.72.

No ano seguinte, franceses levaram o ouro olímpico em Londres com Amaury Levaux abrindo com 48.13, Fabien Gillot 47.67, Clement Leffert 47.39 e Yannick Agnel fechando para um impressionante 46.74. Os americanos ficaram em segundo, todo mundo na casa dos 47, Nathan Adrian 47.89, Michael Phelps 47.15, Cullen Jones 47.60 e Ryan Lochte fechou para 47.74. A Rússia levou o bronze, mas tanto abriu para 48 com Andrei Grechin 48.57, Nikita Lobintsev 47.39, Vladimir Morozov 47.85 e Danila Izotov fechou para 47.60.

No Mundial de Barcelona, os franceses voltaram a levar o ouro. Desta vez, Yannick Agnel não estava na sua melhor forma, abriu para 48.76, Florent Manaudou 47.93, Fabien Gillot 46.90 e Jeremy Stravius fechou para 47.59. Os americanos foram prata e Jimmy Feigen foi o único na casa dos 48, fechando com 48.23. Os russos, no bronze, abrindo com Andrei Grechin 48.09 e fechando com Danila Izotov 48.04.

Algumas semanas antes de Barcelona, os russos haviam vencido as Universiades em Kazan fazendo uma marca que lhes daria a prata no Mundial. Nadando em casa, com o apoio da torcida, Andrei Grechin 47.98, Nikita Lobintsev 47.92, Vladimir Morozov 47.14 e Danila Izotov 47.84.

Ninguém nadou “todo mundo para 47” no ano passado. Quem chegou mais perto foi a França, campeã européia que abriu com Mehdy Metella 48.69, Fabien Gillot 47.85, Florent Manaudou 47.54 e Jeremy Stravius 47.56. Os russos, segundo tempo do ano, prata no Europeu, tiveram dois 48 na equipe, Grechin abrindo 48.56, Lobintsev 48.54, e os dois últimos para 47, Alexander Sukhorov 47.58 e Vladimir Morozov 47.99.

A conclusão não é difícil de se fazer. A tendência e o cálculo para uma medalha no Rio 2016 é todo mundo na casa deste mágico 47. Evidentemente que um 46 aumenta a chance e talvez até possa decidir a cor da medalha. O que qualquer nadador brasileiro com a intenção de estar neste time para os Jogos Olímpicos, precisa estar consciente de que o 48 talvez seja suficiente para uma participação olímpica, mas se estamos falando de medalha o 47 é obrigação.

Na série 4×100 livre masculino: Projeto medalha para o Brasil no Rio 2016 o próximo artigo vai tratar da tão esperada:

Parte IV – Dança das cadeira do time brasileiro

2 respostas
  1. Rafael_A
    Rafael_A says:

    Vejo o Fratus com nadador de 50m, nos 100m ele morre muito na volta. Já O João de Lucca vem evoluindo muito e tem tudo para chegar nos 47. Assim, o rev titular seria Cielo, Santana, Chierighini e De Lucca, na reserva será uma boa briga ente Fratus, Nilo, Alan Vitória e quem sabe até o Felipe Ribeiro (apesar de muito jovem) possa surpreender.

  2. Jorge
    Jorge says:

    O time hoje sem dúvida é Cielo, Chierighini, Santana e Fratus, cujos melhores tempos são 47s84, 48s11, 48s25 e 48s57 (sem supertraje) respectivamente. Reservas atuais são o Nicolas Oliveira (que parou de evoluir) e o João de Lucca (que é nadador de 200m).

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