Tudo é Olimpíada. No orçamento do Ministério do Esporte, nas diretrizes do Comitê Olímpico do Brasil, nos procedimentos da CBDA.

O anúncio da exclusão do Parque Aquático Julio de Lamare dos Jogos do Rio 2016 não devem causar grandes problemas para a organização. Acomodar os jogos de polo aquático na fase inicial de grupos não será coisa de outro mundo.

Existe a possibilidade destes jogos irem para o Parque Aquático Maria Lenk que já recebe os saltos ornamentais de 7 a 20 de agosto e o nado sincronizado de 14 a 19 de agosto. Para isso, seriam inseridos jogos nos horários livres, o que me parece ser um pouco complicado.

Como a fase de jogos preliminares do polo aquátivo vai de 6 a 14 de agosto colocar a disputa no Centro Aquático de Deodoro seria mais fácil. Lá, teremos a disputa do pentatlo moderno nos dias 19 e 20 de agosto.

A fase final do polo, esta não tem problema, será na piscina olímpica da Barra, começando no dia 15 de agosto, dois dias depois do encerramento da natação.

Ou seja, o anúncio de Deodoro como nova sede do polo aquático só depende da aprovação da FINA, coisa que deve acontecer nos próximos dias.

Até aí tudo bem. Agora é hora de falar da lambança que virou esta novela do Julio de Lamare. Fora da Olimpíada, ainda queremos o nosso parque aquático de volta.

Culpar a Concessionária Maracanã S.A. por tudo isso é, no mínimo, ignorância dos fatos. Uma empresa trabalha com contratos, regulamentos e orçamentos. O ex-Governador Sérgio Cabral foi irresponsável ao firmar um contrato, tentar mudar e fazer promesas que não foram cumpridas.

A Concessionária Maracanã recebeu o estádio e o compromisso de investir 594 milhões de reais em novas estruturas e reformas. No projeto, estava a demolição do Célio de Barros e Julio de Lamare. Ali, a construção de um shopping e um estacionamento, fontes de renda que garantiriam vida financeira saudável para os 35 anos de contrato.

Como o ex-Governador Sérgio Cabral mudou de idéia, cancelou a derrubada dos dois centros esportivos, a Concessionária se declarou incapaz de cumprir o acordo, nestas alturas o “desacordo”. Um novo aditivo para o contrato deve ser assinado nos próximos dias, e ao invés dos 594 milhões de investimentos, serão 120 milhões. Uma redução de 80% no acordado anteriormente, numa perda incrível pelo péssimo contrato estabelecido pelo Governo do Rio de Janeiro.

A Concessionária Maracanã não é responsável pelos 60 milhões de reais necessários para a reforma do Julio de Lamare para os Jogos Olímpicos. Afinal, pelo contrato assinado, o parque aquático já teria virado pó há muito tempo. É o Governo do Rio, que diz não ter esta verba.

Com o Julio de Lamare fora da Olimpíada, o Governo do Rio, agora na nova gestão, através do Secretário Estadual da Casa Civil, Leonardo Espíndola, diz que serão apenas 30 milhões para “recuperar o Célio de Barros e as pequenas reformas do de Lamare”. Evidentemente, obras que só serão iniciadas depois dos Jogos Olímpicos.

Uma pena que o ex-Governador Sérgio Cabral tenha tirado a oportunidade dos clubes do Rio de Janeiro em participarem da licitação. O Flamengo manifestou interesse e, com certeza, teríamos uma situação bem diferente desta.

Ainda faltam três anos para o fim da atual gestão do Governo do Rio de Janeiro e 33 anos para o fim do contrato com a Concessionária Maracanã. Alguém acredita que o Célio de Barros e o Julio de Lamare serão reformados e reabertos para o esporte do Rio de Janeiro? Eu duvido!

1 responder
  1. sergio benatti
    sergio benatti says:

    Perfeito, coach! Mais uma vez, o país paga a conta do populismo. Lembro-me que em 2013, a posição popular, que estava nas bocas de todo mundo, era o propagado “absurdo” de se derrubarem o Célio de Barros e o Julio de Lamare, pois os atletas ficariam sem ter onde treinar. E que a construção de um novo parque aquático e de um novo centro de atletismo, na outra margem do trem, demoraria muito tempo.

    Pois bem, estamos em 2015, e hoje não temos nem o Célio de Barros, nem o Júlio de Lamare, nem um novo centro de atletismo, nem um novo centro aquático. Não temos nada! Quem bateu o pé contra a iniciativa privada, hoje não tem NADA, fazendo jus ao que o Estado brasileiro costumeiramente entrega a seus cidadãos.

    Que o populismo econômico ao qual hoje o Brasil paga a conta, e que o populismo social, na esteira dos protestos de 2013, fiquem na nossa memória.

Deixe uma resposta

Want to join the discussion?
Feel free to contribute!

Deixe um comentário