Thiago Pereira nunca foi fã dos 400 medley. A prova que lhe deu os primeiros títulos internacionais, a primeira medalha internacional (bronze no Pan Pacífico em 2006), a primeira e única medalha olímpica (prata em Londres 2012), os 14 títulos consecutivos no Maria Lenk, maior sequência da história da natação brasileira em campeonatos nacionais absolutos. Nada disso, nada disso consegue fazer Thiago Pereira morrer de amores pelos 400 medley.

Thiago Pereira, Ricardo de Moura.  Jogos Pan-americanos, Natacao no Aquatics Centre. 16 de julho de 2015, Toronto, Canada. Foto: Satiro Sodre/SSPress

Thiago Pereira, Ricardo de Moura. Jogos Pan-americanos, Natacao no Aquatics Centre. 16 de julho de 2015, Toronto, Canada. Foto: Satiro Sodre/SSPress

E ontem, com tudo o que se passou, mais uma vez a prova deixa marcas em sua carreira. Duras, como os quarto lugares em Mundiais, as vomitadas passando mal ao final das provas, ou de muita alegria como a medalha em Londres.

Thiago não nadou bem, mesmo controlado no início sentiu a prova no final. Abriu em quarto nos primeiros 50 metros com 27.11, virou os 100 na segunda posição com 57.71. Foi no costas que assumiu a ponta com 2:00.58, 1:02.87 de parcial. No peito, mesmo alongando, cansou e nadou para 1:12.03. No crawl, cansado o final foi de 1:01.47, quase três segundos a mais do que Brandonn fechou a sua prova.

Thiago Pereira.  Jogos Pan-americanos, Natacao no Aquatics Centre. 16 de julho de 2015, Toronto, Canada. Foto: Satiro Sodre/SSPress

Thiago Pereira. Jogos Pan-americanos, Natacao no Aquatics Centre. 16 de julho de 2015, Toronto, Canada. Foto: Satiro Sodre/SSPress

Pior de tudo foi a polêmica da virada de peito para o crawl. Thiago é um nadador inteligente, antes de entrar na prova, já sabia que a nadadora canadense, campeã da prova anterior havia sido desclassificada e até onde havia sido a irregularidade. Estava atento e chegou a rir quando lhe falaram do motivo da desclassificação.

A regra SW 7.6 fala claramente que viradas e chegadas de peito e borboleta devem ser feitos com as duas mãos de forma simultânea. A árbitra que viu a irregularidade de Thiago, uma venezuelana estava postada atrás do bloco, e na chegada de peito para a saída de crawl tinha uma visão perfeita, de cima para baixo do movimento.

Na papeleta de desclassificação, foi indicado em inglês “one hand touch”, informando que Thiago teria tocado com apenas uma mão na borda.

Quem viu a transmissão do SporTV deve ter notado que demoramos não só para darmos nossa opinião, mas principalmente para ter uma imagem clara do movimento. Isso tudo porque os sinais internacionais não conseguiam encontrar a tal irregularidade na virada de Thiago.

Quando se chegou a tal vídeo, foi necessário um detalhe em slow, super slow, uma lupa, tudo que pudesse fazer a coisa ficar mais clara e jamais se chegou ao consenso. Pode-se encontrar algumas pessoas que tenham a opinião de que houve uma alternância de toque na parede das mãos de Thiago.

Fica claro que a mão direita desliza pela parede enquanto a esquerda continua se aproximando e entrando na borda. O que é impossível de aceitar é indentificar que Thiago tocou com uma mão na parede, fato que a árbitra da Venezuela apontou em seu relatório e que foi aceito pela arbitragem.

O protesto em episódios de técnica são perdas de tempo. Impossíveis de serem revertidos. A delegação brasileira fez o que deveria fazer, zelar pelo seu atleta fazendo o protesto, mas o resultado já se sabia que seria negado.

A comissão de arbitragem negou o pedido dos brasileiros que tentaram através da regra pedir uma revisão da decisão. O vídeo, análise ou imagens jamais serão aceitas e sequer são vistas pela arbitragem, muito menos pela comissão.

Só existiriam duas possibilidades da comissão de arbitragem modificar o resultado adotado pela arbitragem. A primeira seria cancelar a decisão da árbitra apontando falhas em seu relatório, indicando não consistência em sua decisão. A segunda, uma decisão política, que também foi tentada. Seria um contato com o Presidente da FINA, Julio Maglione, que também é Presidente da ODEPA, que não estava no local, mas poderia interceder no caso. Foi tentado, nada aconteceu.

Em 2011, no Pan de Guadalajara, foi Maglione que decidiu a reversão do caso da touca de Leo de Deus. Ninguém jamais vai admitir isso, mas a Best Swimming tem informações seguras de que houve sua interferência no caso e até mesmo causou o afastamento de um dos árbitros da competição.

A regra SW 7.6 determina algo que não se discute. A alternância do toque é algo que pode gerar discussões e até mesmo diferentes opiniões deste analista, mas o toque de uma só mão na parede, só uma pessoa viu. A árbitra da Venezuela.

Gabriela Pauletti, Thiago Pereira, Rose Vilela.  Jogos Pan-americanos, Natacao no Aquatics Centre. 16 de julho de 2015, Toronto, Canada. Foto: Satiro Sodre/SSPress

Gabriela Pauletti, Thiago Pereira, Rose Vilela. Jogos Pan-americanos, Natacao no Aquatics Centre. 16 de julho de 2015, Toronto, Canada. Foto: Satiro Sodre/SSPress

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