O “tudo a ver e nada ver” foi a maneira que respondi ao narrador Luiz Carlos Júnior no encerramento da natação nos Jogos Pan Americanos em Toronto. Luiz Carlos, como tanta gente no Brasil, queria saber que tipo de projeção podemos fazer com o bom resultado da natação brasileira no Pan. Afinal, assim como o atletismo, a natação do Pan foi a mais forte desde 1987 em Indianápolis. Foram 38 recordes panamericanos, mais do que o dobro dos 16 quebrados em Guadalajara 2011.

Ontem, terminou o Pan de Toronto. O Brasil atingiu a meta estabelecida pelo COB ao terminar entre os três primeiros colocados. Somamos 141 medalhas, sendo 41 de ouro, 40 de prata e 60 de bronze. Repetimos as mesmas 141 medalhas de Guadalajara 2011, mas perdemos sete nos 48 ouros ganhos há quatro anos. A melhor participação brasileira segue o Pan do Rio, lá tivemos 157 medalhas e 52 delas foram de ouro.

As análises estão espalhadas pelas redes sociais, pelos sites, pelos jornais. A natação do Brasil foi bem, as águas abertas não. Não gosto de chamar de equipe B, como até a CBDA fez, é um grupo que está abaixo dos principais nadadores e a renovação sempre preocupa.

Na piscina foi nossa melhor participação. Igualamos o número de 26 medalhas ganhas no Rio e repetimos os 10 ouros dos dois últimos Jogos Pan Americanos. O Brasil quebrou 12 recordes panamericanos, 10 recordes sul-americanos e três recordes brasileiros além de um recorde mundial júnior do Brandonn Almeida nos 400 medley. Foi a melhor participação da história da natação feminina em Jogos Pan Americanos, oito medalhas.

Não se deixem levar pelas análises sem sentido de que apenas o ouro de Felipe França seria medalha em Londres 2012. É um dado real, mas sem sentido. De todos os medalhistas dos Jogos de Guadalajara NENHUM seria medalha em Beijing 2008. Ou seja, Pan é uma coisa, Olimpíada é outra. Simples assim.

De todos medalhistas da natação de Toronto, além de Felipe França, Arianna Vanderpool Wallace, campeã dos 50 livre também teria um lugar no pódio de Londres 2012, seria bronze. Se a comparação for com o Mundial de Barcelona, a marca dos 100 peito de Felipe França também seria bronze e o tempo de Leo de Deus nos 200 borboleta seria prat na prova de 2013.

Quando eu digo que não tem nada a ver, Jogos Pan Americanos é uma competição de meio de ciclo, onde nenhum dos atletas está finalizando seu trabalho. Lá não estavam os melhores nadadores do Mundo, os europeus, os asiáticos.

Em compensação, tem tudo a ver. Afinal é o grupo do Brasil que vai enfrentar o Rio 2016, talvez com a entrada de mais algum ou outro, a saída de alguns, mas é base que vamos enfrentar a Olimpíada. O programa do Pan é o programa olímpico, o grupo se mostrou, na grande maioria, em ascensão, diversas marcas a nível de ranking mundial.

Quer dizer que os resultados do Pan garante sucesso no Rio 2016? Não, claro que não. Longe disso. As performances mostraram uma participação positiva, de um trabalho em ascensão e com boas perspectivas. A realidade, talvez dura, a gente já começa a ver a partir do final de semana com o início do Mundial de Kazan.

Para terminar, medalhas em Kazan também vão ser boas e importantes, mas nem isso é garantia de que elas voltem a acontecer no Rio 2016.

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