Veja como foi o segundo dia de finais do Mundial de Kazan prova a prova.
100 PEITO MASCULINO –
O duelo esperado aconteceu, Adam Peaty da Grã-Bretanha e Cameron van der Burgh da África do Sul brigaram do início ao fim com vitória de Peaty por sete centésimos. Van der Burgh saiu melhor, muito melhor, uma filipina incrível que lhe deu grande vantagem. Uma velocidade inicial muito forte e um parcial de 26.79 abaixo do parcial do recorde mundial. Peaty não ficou longe, 27.20, mas perdeu mais espaço com a filipina da virada.
A diferença estava na volta do britânico que a cada braçada chegava mais perto fechando os segundos 50 metros com 31.32 contra 31.80 de Van der Burgh. Resultado final ouro para Peaty 58.52, Van der Burgh prata com 58.59.
O bronze ficou para a raia 8, Ross Murdoch, também britânico que nadou para 59.09 depois de virar em sétimo com 27.95.
Peaty, Van der Burgh e Murdoch, o mesmo pódio do Commonwealth Games no ano passado.
A vitória britânica quebrou um jejum de 40 anos nesta prova. O último britânico a vencer os 100 peito masculino no Campeonato Mundial havia sido em 1975 em Cali com David Wilkie nadando para 1:04.26. Por coincidência, na época, a medalha de bronze, assim como hoje, também foi britânica com David Leigh.
Cameron Van der Burgh completou quatro Mundiais de Longa e quatro pódios, sem nenhum ouro. Bronze em 2009 e 2011, prata em 2013 e 2015.
100 BORBOLETA FEMININO –
Foi daquelas provas que dá para dizer: “eu já sabia”. Não tinha uma alma viva que entendesse de natação que não cravasse a vitória para a sueca Sarah Sjoestroem. E assim foi, mais de um segundo de vantagem e novo recorde mundial.
Aliás, já se esperava a vitória e o recorde assim como a prata para a dinamarquesa Jeanette Ottesen. Tudo se confirmou.
A diferença entre as duas também foi bem parecida desde o início da competição:
Eliminatórias
Sjoestroem 56.47 Ottesen 57.79, diferença 1 segundo 32 centésimos
Semifinais
Sjoestroem 55.74 Ottesen 57.04, diferença 1 segundo 30 centésimos
Final
Sjoestroem 55.64 Ottesen 57.05, diferença 1 segundo 41 centésimos
Sarah passou os primeiros 50 metros com 26.17 e voltou com 29.47, para os 55.64. Na prova anterior, havia passado com 26.46 e voltado com 29.28 para os 55.74.
A sueca se tornou na primeira tri campeã mundial dos 100 borboleta repetindo seus títulos de 2009 com 56.06 e 2013 com 56.53.
Ottesen nunca havia sido medalha nesta prova levando a Dinamarca pela primeira vez ao pódio.
O bronze sobrou para Ying Lu da China, atual vice campeã olímpica, marcando 57.48 depois de passasr em quarto com 26.82.
100 COSTAS MASCULINO SEMIFINAL –
O australiano Mitchell Larkin deu outro show. Depois de fazer o melhor tempo do mundo na eliminatória 52.50 e novo recorde da Oceania, na semifinal foi ainda mais veloz com 25.28 no parcial e mandou 52.38, novo recorde continental. Agora, ele detém os dois melhores tempos do mundo na prova na atual temporada.
Tivemos mais dois nadadores na casa dos 52 segundos, Camille Lacourt da França com 52.70 e Matt Greevers dos Estados Unidos com 52.73.
O brasileiro Guilherme Guido repetiu o mesmo parcial das eliminatórias 26.03 nos primeiros 50 metros, mas voltou mais alto 27.85 fazendo 53.88 terminando em 14o lugar. Mesmo que tivesse repetido o tempo das eliminatórias de 53.57 não teria entrado na final. O oitavo colocado, Chris Walker-Hebborn da Grã-Bretanha fez 53.39.
Para chegar a final, Guido deveria ter feito as marcas que lhe deram a prata no Pan de Toronto (53.35) ou a marca de abertura do revezamento 4×100 medley (53.12).
Com o resultado, o Brasil permanece sem conseguir uma final nesta prova em Mundiais desde 1978.
100 PEITO FEMININO SEMIFINAL –
Duas nadadoras na casa do 1:05, e ao que tudo indica uma prévia do que vai ser a briga pelo ouro amanhã. Ruta Meilutyte da Lituânia venceu a primeira série passando com 30.60 e marcando 1:05.64. Pode se notar facilmente uma “afrouxada” no ritmo e na intensidade das braçadas nos metros finais da prova.
Na série seguinte, com o forte apoio da torcida local, Yulia Efimova também passou forte 30.70 e voltou melhor 1:05.60.
Depois das duas, mais cinco nadadoras na casa do 1:06 e a última vaga para a final ficou com Hrafnhildur Luthersdottir da Islândia marcando 1:07.11.
A americana Jessica Hardy, bronze no último Mundial, terminou na décima colocação ficando de fora da final.
50 BORBOLETA MASCULINO –

Nicholas Santos. Campeonato Mundial de Desportos Aquaticos no Kazan Arena. 03 de agosto de 2015, Kazan, Russia. Foto: Satiro Sodre/SSPress
Saiu a primeira medalha do Brasil, Nicholas Santos levou a prata com 23.09. Florent Manaudou confirmou o favoritismo e nadou para 22.97 conquistando o ouro e o bronze saiu dividido entre Konrad Czerniak da Polônia e Laszlo Cseh da Hungira com 23.15.
César Cielo nadou melhor, saiu melhor, mas não o suficiente. A chegada falhou mais uma vez e com 23.21 acabou em sexto lugar.
Nicholas largou bem, saiu ao lado de Manaudou e chegou a estar na frente, mas Manaudou ganhou um pouco de espaço, principalmente nos metros finais.
O Brasil perdeu a oportunidade do tri com César Cielo, mas manteve o país no pódio pelo terceiro ano consecutivo. Nicholas havia sido quarto colocado na última edição do Mundial e esta foi sua primeira medalha em Mundiais de Piscina Longa.
100 COSTAS FEMININO SEMIFINAL –
Etiene Medeiros voltou a nadar para 59, coisa que só havia feito na conquista do ouro do Pan em Toronto, porém os 59.97 de hoje não foram o suficiente para uma vaga entre as oito primeiras colocadas. A oitava foi a britânica Lauren Quigley com 59.71, 26 centésimos a frente de Etiene. Vale destacar que a americana Kathleen Baker que havia sido 17o pela manhã nas eliminatórias ganhou vaga na semifinal pela saída de Katinka Hosszu da prova fez o sétimo tempo de 59.63. Hosszu após quebrar o recorde nacional de seu país com 58.78 optou por descansar para os 200 medley dando a chance muito bem aproveitada pela americana que saiu de 1:00.62 para 59.63 e entrar na final.
Etiene nadou mais forte do que no Pan, lá em Toronto havia passado com 29.10, hoje com 28.93. A diferença foi a volta, no Pan 30.51 para 59.61, hoje 31.04 para 59.97.
Sem Katinka Hosszu, duas nadadoras fizeram abaixo dos 58 segundos. Emily Seebohm da Austrália com 58.56 e a dinamarquesa Mie Nielsen com 58.84, esta quebrando o recorde nacional de seu país.
Depois disso, seis nadadoras para 59 incluindo a atual campeã da prova Missy Franklin que entrou com o quinto tempo 59.42.
200 LIVRE MASCULINO SEMIFINAL –
No dia de seu aniversário, Ryan Lochte fez a primeira boa aparição da natação americana masculina na competição. Já era hora. Venceu a segunda série e fez o melhor tempo da prova e do ano com 1:45.36. Utilizando a sua nova técnica de virada onde fica de costas na saída da borda para um melhor aproveitamento do nado submerso, Lochte nadou forte, do início ao fim. Sem qualquer adversário venceu com facilidade.
Seus parciais 24.29, 50.82 (26.53), 1:17.90 (27.08) e 1:45.36 (27.46).
James Guy, o jovem britânico de 20 anos, depois da prata com recorde britânico nos 400 livre, hoje fez o segundo tempo da prova e novo recorde britânico para os 200 livre com 1:45.43. O australiano Cameron McEvoy ficou em terceiro com 1:46.09.
A oitava vaga para a final ficou com o russo Aleksandr Krasnykh com 1:46.45.
O brasileiro João de Lucca não repetiu a bela performance do Pan (1:46.42) nem a marca das eliminatórias (1:47.47). Demorou para entrar na prova e quando quis atacar pareceu sem forças. Terminou em 16o lugar com 1:48.23. Seus parciais: 24.95, 52.46 (27.51), 1:20.20 (27.74) e 1:48.23 (28.03).
Quem também ficou de fora da final foi o americano Conor Dwyer atual vice campeão mundial que fez 1:45.32 em Barcelona 2013 e hoje nadou para 1:46.64 terminando na nona colocação.
200 MEDLEY FEMININO –
A Dama pode ser de Ferro, mas o coração é de mel. Foi a primeira vez que se viu Katinka Hosszu se derretendo, emocionada e comemorando um ouro como nunca. O marido e treinador Shane Tsup também não resistiu e foi as lágrimas. Depois de abrir mão de chegar a final dos 100 costas, Hosszu optou por concentrar forças nos 200 medley e tentar a quebra do recorde mundial de Ariana Kukors de 2:06.15 que sobrevivia desde 2009. Hosszu teria 30 minutos de intervalo entre a semifinal dos 100 costas para os 200 medley, mas, pela primeira vez na sua história recente, Hosszu fez a opção por se resguardar.
Liderou de ponta a ponta e venceu com facilidade marcando 2:06.12 com parciais de 27.30, 58.94 (31.64), 1:35.64 (36.70) e 2:06.12 (30.48).
Comparados aos parciais de Kukors:
Borboleta – Hosszu 27.30 contra 27.72 de Kukors
Costas – Kukors 31.52 contra 31.64 de Hosszu
Peito – Hosszu 36.70 contra 37.07 de Kukors
Crawl – Kukors 29.84 contra 30.48 de Hosszu
Bi campeã e recordista mundial dos 200 medley com 2:06.12 ficando a prata com a japonesa Kanako Watanabe com 2:08.45 contra 2:08.77 de Siobhan Marie O’Connor da Grã-Bretanha. O bronze de O’Connor foi resultado de um final de prova muito fraco com 31.87 não suportando o ataque da japonesa que fechou a prova com 30.11, melhor até que Hosszu.
Infelizmente parece que é assim que as coisas funcionam.
Eu concordo com isso, mas a midia e os patrocinadores nao.
Eu ja acho que nao e’ controle de capacidade, e’ questao de treinar e repetir o que fara nessas competicoes grances.
No Brasil e em competicoes menores, eles nadam tranquilos na manha, e ai vao com tudo pra final. Mesma coisa em sul americanos, pan, brasileiros, paulistas, etc. Agora, no Mundial vc tem que estar treinado em nadar eliminatoria, semi, e final. E em geral, a maioria dos brasileiros nao tem essa repeticao na bagagem. O Franca nao tem a experiencia de nadar o 100 peito, 3 vezes forte, em 2 dias. Mesma coisa pro Joao, e muitos outros.
E nao e’ questao de nadar 100% as 3 vezes, e’ questao de chegar bem, nadar forte, soltar, se preparar pra proxima, e nadar de novo forte, soltar, relaxar, e nadar uma terceira vez. Poucos tem essa experiencia. Cielo sendo um deles que sabe fazer isso.
O Nathan Adrian falou antes de Londres que ele se preparava para isso (rehearsed) nadar forte 3 vezes a mesma prova em 2 dias.
Olá Coach. Parabéns a você, à Fabíola e à equipe SporTV pelas transmissões. Parabéns à fortíssima equipe brasileira. Gostaria de saber se o Nicholas Santos vai participar do Campeonato Mundial de Masters 2015, também em Kazan. Abraços a todos.
Eu ja pensei nesse assunto tambem, mas nao e’ apenas a CBDA. Eu nao vejo graca no Pan, mas ai entra outras coisas: patrocionios, oportunidades de marketing, etc.
Veja o Pereira por exemplo, pra que focar no Pan? Ele e’ medalista olimpico. O que acrescenta a ele ganhar mais um Pan? Midia, marketing, oportunidades. No Brasil, ele fica conhecido como o “Senior do Pan” como na verdade, nos dentro da natacao sabemos que nao vale nada comparado com um titulo mundial ou olimpico. Ele literalmente arriscou prejudicar o mundial para nadar o Pan, e so’ pode ser por oportunidades financeiras. Agora, o Cielo ja nao tinha o que ganhar com isso, por isso escolheu nao nadar o Pan.
Agora eu argumento que para outros nadadores nao faz sentido focar no Pan tambem. O Franca por exemplo. Legal, ele ganhou o Pan. Mas nao seria melhor entrar na final do Mundial dos 100 peito e ate’ brigar por uma medalha? Mesmo se ele ficasse em quarto ou quinto. Sera se valeria mais a pena um quarto lugar no mundial do que um recorde panamericano? Eu acho que sim, mas nao sou ele, e os patrocionadores preferem um recordista panamericano do que um finalista do mundial, nao acham? Essa e’ minha teoria.
parabéns ao Nicholas,merecia depois de ter insistido tanto,sem desistir depois de bater na trave algumas vezes
É até compreensível terem priorizado o Pan, porque mesmo com os tempos do Pan muitos mal pegariam final ou no máximo estourando um bronze, no Mundial. AINDA vale mais um ouro no Pan do que terminar em 7º do Mundial. O que não é compreensível é um sujeito com experiência, como o França, achar que vai derrotar o Peaty na piscina longa (onde claramente ele está num nível absurdo), querer ganhar dele de qualquer jeito na semi e morrer no final da prova, sendo eliminado de forma tola; o que não é compreensível é o João de Lucca piorar, numa semi de Mundial, 2 segundos do tempo do Pan e 1 segundo da própria eliminatória que ele fez. E mais gente fez tempo pior na semi do que na eliminatória! Fica a impressão não de cansaço, mas que eles não conseguem controlar o próprio nado, não entendem como fizeram o tempo. Ou seja, irregularidade. Pra mim, isso é muito preocupante, mais do que priorizar competição X ou Y é o nadador não cometer erros infantis e não saber controlar sua própria capacidade.
Me desculpe, mas priorizar o Pan em prol do Mundial é bobagem. Uma final de Mundial é muito melhor e mais significativa do que um pódio no Pan. Não quero ser negativo, mas se essa mentalidade continuar o Brasil vai zerar o quadro de medalhas no Rio.
Não é de hoje que nadador brasileiro não consegue nadar para o seu melhor tempo em competicoes como o mundial e a olimpiada. Ora, deveria ser proibido um nadador, que disputa mundial, ter como foco nasar bem no Pan. Esse planejameto deve ser da CBDa e não do atleta. Oq adianta arrebentarem no Pan e passarem mico no Mundial. Oq vc acha coach? Alguma explicação para esse piora de tempo? Estamos pertos da Olimpiadas e correnos o risco de ninguem nadar para o seu melhor lá?
Jorge, infelizmente isso e’ a consequencia da mentalidade tupiniquim de querer aparecer bem em competicoes internacionais que nao valem nada…..ao invez de a preparacao ser p o Campeonato Mundial, nao…..a maioria finalizou o polimento p o Pan….
O absurdo e’ que estamos em 2015….o cohecimento de proper tapering procedures esta bem documentado…..essa molecada sofreu com o double taper….Mentalidade Tupiniquim!
Agora so’ esperamos que nao haja nenhum campeonato sulamericano ou campeonato regional 10 dias antes da Olimpiada…..senao essa tropa toda vai fazer polimento p ganhar manchete nos jornalzinhos locais….
Sinceramente não entra na minha cabeça, um atleta (nadador) com um campeonato mundial “batendo a porta” vá priorizar os jogos pan-americanos. Foi isso o que esses nadadores fizeram. Tudo bem que o Pan era importante, mas não a ponto de o priorizar. Isso é inversão de valores!
Infelizmente isso ja era esperado. Muito dificil manter o mesmo nivel ja que, pra maioria, o Pan era o grande foco. Eles nadaram a competicao do ano ha 2 semanas, ai tiveram que ir pra Russia e tentar melhorar. Muito dificil. Isso nao me incomoda tanto, porque eu ja esperava.
Mas ai ja entra uma outra discussao: valeu a pena focar 100% no Pan? Na minha opiniao, para alguns nao vale a pena (Cielo, Fratus, Marcelo, Franca, Pereira)
Impressionante a piora de tempos dos brasileiros em relação ao Pan. Revezamento feminino piorou 3 segundos, 3m37 pra 3m40. Felipe França caiu de 59s21 pra 59s89. Guido caiu de 53s12 pra 53s88. E o mais bisonho foi o João de Lucca que tinha feito 1m46 no Pan e hoje fez 1m48. A comida de Kazan tá estragada ou o quê?
Impressionante a prova do Lochte. Saiu com tudo.
O que o pessoal tem achado da virada nova dele?