Recordes mundiais e performances históricas enquanto que o Brasil vive mais um dia abaixo das expectativas. Veja o dia prova a prova.
200 LIVRE MASCULINO –
Uma prova disputadíssima, sem favorito e com resultado surpreendente. A vitória foi do britânico James Guy com novo recorde nacional de seu país, aos 19 anos de idade, conquistando o seu primeiro título mundial com 1:45.14. Guy havia sido prata nos 400 livre e se classificado com o segundo tempo para a final. Abriu em terceiro com 24.53 para assumir a liderança nos 100 metros com 50.99. Muito equilibrada, virou em terceiro novamente nos 150 e quando parecia que a vitória seria do chinês Sun Yang, Guy fechou com 26.81 para levar o ouro com 1:45.14. Sun Yang chegou a estar na frente já na terceira virada, mas não conteve o ataque de Guy no final e ficou com a prata, seis centésimos atrás, 1:45.20. O bronze para o melhor final de prova, o alemão Paul Bidermann, o tempo todo atrás, e com o final de 26.67 terminou na terceira posição com 1:45.38.
Ryan Lochte e sua virada nova não aguentaram a pessão e até piorou o tempo da semifinal de 1:45.36 para 1:45.83 terminando em quarto lugar. Chad Le Clos e seu início implacável durou pouco, abriu os primeiros 50 metros na frente e só. Terminou em sexto com 1:46.53. Pior mesmo foi o australiano Cameron McEvoy, um dos favoritos para o título fechando raia com 1:47.26 e um final de prova muito ruim de 28.68.
Os britânicos quebraram um tabu de 40 anos sem ganhar os 100 peito masculno em Mundiais no segundo dia. Hoje, quebraram outro, também de 40 anos, sem subir ao pódio na prova dos 200 livre masculino. O último havia sido Brian Brinkley bronze em 1975 no Mundial de Cali com 1:53.56.
Este é o segundo Mundial de Piscina Longa para James Guy. Ele vai completar 20 anos em novembro e sua estréia havia sido em Barcelona 2013 quando ficou em quinto lugar nos 400 livre. Depois foi para o Mundial Júnior de Dubai onde foi prata nos 200 e 400 livre. Assim, o primeiro título mundial da sua carreira veio na categoria absoluta. Prata nos 400 e ouro nos 200 livre, James Guy é a grande revelação masculina desta competição.
Sun Yang havia sido prata nos 200 livre nos Jogos Olímpicos empatando com Tae Hwan Park, esta foi sua primeira medalha nesta prova em Mundiais.
Paul Biedermann, o alemão recordista mundial da prova, ouro em 2009, repete o bronze de 2011, somando agora três medalhas em Campeonatos Mundiais.
Ryan Lochte, o campeão de 2011 repete a mesma colocação de 2013, quarto lugar. Nos últimos cinco Mundiais, tivemos cinco campeões diferentes: Michael Phelps em 2007, Paul Biedermann em 2009, Ryan Lochte em 2011, Yannick Agnel em 2013 e agora James Guy.
100 COSTAS FEMININO –
Com muita emoção, olhos cheios de lágrimas Emily Seebohm subiu no pódio de campeã mundial pela primeira vez. Prata olímpica tendo feito o melhor tempo da prova na semifinal, prata no Mundial de 2013 em Barcelona, a conquista deste ano veio marcada por superação. Uma grave lesão no joelho e mais a troca de treinador poucos meses antes do Mundial parecia que tudo ia mal para a australiana. Venceu com 58.26 e ainda celebrou uma dobradinha com Madison Wilson chegando em segundo com 58.75. A dinamarquesa Mie Nielsen completou o pódio com 58.86 repetindo o que não tínhamos desde 2009, um pódio completo com nadadoras abaixo dos 59 segundos.
No parcial, Nielsen foi mais rápida com 28.37, Seebohm em segundo com 28.46. Na volta, 29.80 para 58.26 apenas três centésimos do recorde da Oceania que é dela da semifinal olímpica em Londres.
Missy Franklin, a americana campeã da prova em 2013 e sua saída horrorosa sempre comprometendo sua prova abriu em oitavo com 29.20 e voltou com 30.20 para 59.40 terminando na quinta colocação.
50 PEITO MASCULINO SEMIFINAL –

Felipe Franca. Campeonato Mundial de Desportos Aquaticos no Kazan Arena. 04 de agosto de 2015, Kazan, Russia. Foto: Satiro Sodre/SSPress
Depois do recorde mundial de Cameron van der Burgh da África do Sul na eliminatória, Adam Peaty da Grã-Bretanha deu o troco na primeira série mandando 26.42, novo recorde mundial. Recuperou o recorde que nunca foi seu, afinal o tal 26.62 feito no Europeu no ano passado nunca foi homologado pela FINA. Van der Burgh igualou pela manhã e a tarde assistiu seu recorde passar para o britânico. Na série seguinte, Van der Burgh nadou para 26.74 e classificou com o segundo tempo. Ainda tivemos mais três nadadores na casa dos 26 segundos.
O americano Kevin Cordes nadou para 26.76 igualando o recorde das Américas que é de Felipe França desde 2009. França ficou em quarto com 26.87 igualando sua melhor marca sem trajes feita no Maria Lenk 2012.
O quinto colocado foi o esloveno Damir Dugonjic com 26.92. A oitava posição para entrar na final ficou para o lituano Giedrius Titenis com 27.19.
Felipe Lima não nadou bem e ficou na 12a posição com 27.50.
A prova ainda na semifinal já teve dois recordes mundiais, um recorde das Américas igualado e o nadador Dmitriy Balandin do Cazaquistão quebrando o recorde da Ásia em nono lugar com 27.24.
1500 LIVRE FEMININO –
Impressionante, não há palavra mais expressiva do que esta para resumir o que se vê quando Katie Ledecky nada. O seu próprio recorde mundial foi quebrado pela quinta vez agora na casa dos 15:25.48 mais de dois segundos do que ela havia feito na eliminatória ontem.
Katie Ledecky quebrou o recorde mundial dos 1500 livre pela primeira vez na final do Mundial de Barcelona em 2013. Desde então, foram cinco recordes e uma baixada de 17 segundos.
Desde 2012, Ledecky baixou quase um minuto na prova dos 16:24.46 para os atuais 15:25.48.
Seus parciais foram fortes desde o início com uma capacidade incrível de dividir cronometricamente a prova:
* 59.04, 2:00.52 (1:01.48), 3:02.46 (1:01.94), 4:04.69 (1:02.23), 5:06.89 (1:02.20), 6:09.19 (1:02.30), 7:11.38 (1:02.19), 8:13.25 (1:01.87), 9:15.26 (1:02.01), 10:17.23 (1:01.97), 11:19.24 (1:02.01), 12:21.24 (1:02.00), 13:23.43 (1:02.19), 14:25.62 (1:02.19), 15:25.48 (59.86).
* A cada 500 metros, Ledecky fez 5:06.89, 5:10.34 e 5:08.25.
* O seu primeiro 800 metros foi 8:13.25 melhor do que a marca que lhe deu o ouro na conquista do título olímpico em Londres com 8:14.63.
E a prova não foi só Ledecky. Teve Lauren Boyle da Nova Zelândia chegando quase 15 segundos atrás com 15:40.14 e estabelecendo novo recorde da Oceania. A marca anterior era 15:44.71 quando Boyle foi bronze em 2013 na mesma prova que Ledecky batia o seu recorde mundial pela primeira vez.
Lotte Friis, a dinamarquesa e recordista européia da prova, prata em 2013, desta vez caiu para quarto lugar com 15:49.00. Estava na segunda posição até 650 metros, caiu para terceiro e perdeu o bronze nos últimos 50 metros.
A medalha ficou para a húngara Boglarka Kapas que baixou 16 segundos quebrando o recorde nacional de seu país e nadando abaixo da barreira dos 16 minutos pela primeira vez. Fez 15:47.09 e fechou os últimos 100 metros para 1:01.47.
Katie Ledecky é a terceira nadadora da história a chegar ao bi campeonato mundial nos 1500 livre. A primeira foi a alemã Hannah Stockbauer em 2001 e 2003, Kate Ziegler dos Estados Unidos fez em 2005 e 2007 e agora Ledecky.
100 COSTAS MASCULINO –
Assumindo a ponta no quadro de medalhas, Mitchell Larkin teve dificuldades para vencer os 100 costas e se sagrar campeão mundial de piscina curta e longa com 52.40 oito centésimos a frente do francês Camille Lacourt e 26 centésimos do americano Matt Greevers.
Greevers foi quem passou na frente 25.40 apenas um centésimo na frente de Larkin com Lacourt em terceiro com 25.47. No meio da prova, foi Lacourt que cresceu e parecia estar na frente, mas a chegada de Larkin foi perfeita levando o ouro 52.40, Lacourt a prata 52.48 e Greevers o bronze 52.66.
Não tínhamos um australiano campeão mundial dos 100 costas desde Matt Welsh em 2001.
Especialista dos 200 costas, Larkin foi olímpico em 2012 terminando em oitavo na final olímpica. Em Mundiais, foi 23o em 2011 e 17o em 2013, mas sempre nos 200 costas. Treinando por Michael Bohl os 100 costas é coisa nova. Se sagrou campeão nacional australiano pela primeira vez no ano passado com 53.46. Quebrou o recorde nacional e da Oceania duas vezes nesta competição com 52.50 nas eliminatórias e 52.38 nas semifinais.
O pódio de hoje reuniu os dois campões dos últimos anos. Larkin, vencedor de 2015 com Lacourt campeão de 2011 e Greevers campeão do último Mundial.
200 LIVRE FEMININO SEMIFINAL –
Apenas 72 centésimos separam o primeiro tempo da semifinal, Federica Pellegrini da Itália 1:56.23 da oitava classificada, a australiana Emma McKeon com 1:56.95. Todas na casa do 1:56. Charlotte Bonnet da França foi a primeira a ficar de fora 1:57.01.
Pela ordem:
Pellegrini 1:56.23, Missy Franklin (USA) 1:56.37, Duo Shen (CHN) 1:56.44, Katinka Hosszu (HUN) 1:56.51, Veronika Popova (RUS) 1:56.56, Katie Ledecky (USA) 1:56.76, Femke Heemskerk (NED) 1:56.91 e Emma McKeon (AUS) 1:56.95.
Prova vai ser equilibradíssima e difícil de se apontar um favorito. Apenas dizendo que Katie Ledecky amanhã vai estar descansada, sem ter nadado nada antes. Isto porque hoje nadou 20 minutos depois de quebrar o recorde mundial dos 1500 livre.
A brasileira Manuella Lyrio chegou na 15a colocação piorando o tempo em relação a sua melhor marca (1:58.03) e também em relação ao tempo feito pela manhã (1:58.68). Fez 1:59.28 com parciais de 28.28, 57.74 (29.46), 1:28.35 (30.61) e 1:59.28 (30.93).
200 BORBOLETA MASCULINO SEMIFINAL –
Se esperava mais de Leo de Deus, muito mais. Parecia que estava em controle, mas cansou no final e com 1:56.02 acabou em nono lugar. Seus parciais de 26.08, 55.23 (29.15), 1:25.38 (30.15) e 1:56.02 (30.64) lhe tiraram a chance de chegar a sua segunda final de Mundial de Piscina Longa.
A oitava posição ficou para o americano Tom Shields que nadou ao seu lado e entrou com 1:55.75.
Nadando sem brincar, e baixando ainda mais o que havia feito na eliminatória (1:53.71) , Laszlo Cseh fez novamente o melhor tempo do mundo em 2015 com 1:53.53. Chad Le Clos foi o segundo com 1:54.50 seguido do japonês Masato Sakai 1:54.75, Viktor Bromer da Dinamarca 1:54.82 e Daiya Seto do Japão 1:54.95. Para completar a final, três nadadores de 1:55.
100 PEITO FEMININO –
A primeira medalha de ouro da Rússia veio de forma dramática e decidida nas últimas braçadas. Yulia Efimova saiu mal e bem atrás da lituana Ruta Meilutyte que dominou a prova por 90 metros. Passou com 30.27, meio segundo a frente de Efimova com 30.76.
Na volta, a coisa mudou. Efimova mais eficiente e mais alongada com 34.90 fechou para 1:05.66 contra 36.09 da volta de Meilutyte 1:06.36. Alia Atkinson foi bronze com 1:06.42.
Interessante dizer que o tempo foi mais lento do que a vitória de Ruta Meilutyte no Mare Nostrum de Canet com 1:05.46, mais lento do que o tempo de Yulia Efimova na semifinal ontem com 1:05.60 e mais lento do que o ouro de Katie Meili no Pan com 1:05.64.
Natação é isso, é nadar bem na hora certa, no momento correto.
Bastante celebrada, a primeira medalha de ouro da Rússia na natação deste Mundial revive um ouro que não acontecia nos 100 peito feminino desde 1978 com Julia Bogdonova com 1:10.31 em Berlim, na época, recorde mundial.
Efimova havia sido prata em 2013 com 1:05.02 e Meilutyte ouro com 1:04.42.
Alia Atkinson ganhou a primeira medalha da Jamaica em Mundiais de Piscina Longa com o seu bronze.
A seletiva americana para os J.O. acontece três semanas antes e eles arrebentam então este papo de cansaço é desculpa.
Em 2016 só temos chance nos 50 livres, o revezamento bras. 4×100 não é páreo para França, Russia, EUA e Austrália.
Mesmo nos 50 livre é complicado, Cielo parece estar numa descendente enquanto Morozov e Manaudou estão crescendo, Fratus ainda não medalhou em mundial(talvez agora, tomara…). Tiago P. não tem chance contra os 2 americanos e os 2 japoneses. Coach sou seu fã mas manda a real na tv, avisa que em 2016 uma medalha é lucro!
Chegar pelo menos a uma final em mundial seria importantíssimo para os nadadores brasileiros na preparação para as olimpíadas. Infelizmente eles estão perdendo essa oportunidade. A falta de competitividade da natação brasileira é “dolorosa”, não há evolução. A grande verdade é que ela se resume ao César Cielo, que infelizmente nesse momento não está na melhor forma física. Há uma “Cielodependência” na natação do Brasil. Só nos resta esperar para que em 2016 essa modalidade demonstre realmente alguma evolução, que é difícil, pois para ganhar uma medalha olímpica é necessário muito treino, muita técnica, muita tática, e um bom preparo psicológico. Eles acham que ocorrerá um “milagre” em 2016 que os farão ganhar medalhas, mas não é assim.
Parece que os brasileiros sentiram o peso da proximidade do Pan e do Mundial.
Se o Pan tivesse sido disputado em Guadalajara denovo, eu diria que os nossos campeões
pan-americanos estão sofrendo da Maldição de Montezuma.
Pq todos os nossos Pan-Am Champs que cairam na água até agora, cairam nas semi-finais.