Dona da única medalha de ouro da Rússia no Mundial de Kazan, Yulia Efimova abriu a boca contra a Federação de Natação de seu país em entrevista ao site russo Sport Mail.

Treinando nos Estados Unidos há vários anos sob o comando de Dave Salo no Trojans Swim Club na Califórnia, Efimova retornou as competições em abril depois de cumprir 16 meses de suspensão por doping. Em Kazan, a nadadora foi ouro nos 100 peito e bronze nos 50 peito, falhando de chegar a final nos 200 peito onde era a atual campeã mundial.

Na entrevista, a nadadora não poupa críticas a federação. Questionada sobre como viu o desempenho da seleção: “Absolutamente um fracasso. Minhas medalhas não tem nada a ver com a federação, elas são da Rússia, não desta federação”.

A nadadora também destacou que evitou estar nas duas semanas de aclimatação determinadas pela federação antes de chegar a Kazan e reclamou das mudanças de última hora na equipe convocando nadadores fora dos critérios estabelecidos na seletiva em abril. As mudanças teriam favorecido atletas da equipe de Volgogrado chamando nadadores que conseguiram bons resultados nos Jogos Europeus em Baku e nas Universíades em Gwangju.

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Estas mudanças tiraram atletas que haviam sido selecionados no Campeonato Russo em detrimento de outros que conseguiram resultados fora do período de seleção. Em Kazan, todos os novos convocados ficaram longe das suas marcas.

Efimova também reclamou da escalação da equipe de revezamento masculino onde a Rússia poderia ter preservado alguns nadadores no 4×100 livre perdendo o ouro na final por apenas quatro décimos para a França, mas com nadadores que estavam cansados das eliminatórias.

A nadadora chegou a se manifestar junto aos dirigentes da seleção, especificamente Viktor Advienko, vice presidente da Federação Russa, que friamente lhe respondeu: “Diga apenas muito obrigado por estar aqui e não termos feito nada contra você”. A resposta é relacionada ao doping de Efimova.

Nas declarações, Efimova vai mais fundo e especificamente contra Advienko diz: “Não consigo entender. Temos um head coach, um Presidente da Federação (Viktor Salnikov) porque temos esta pessoa tentando comandar tudo, cuidando de tudo”. A nadadora já tinha feito críticas similares após o Mundial de Barcelona, e nada foi feito neste aspecto.

Em busca de mudanças, Efimova propõe uma nova federação, um novo comando e até sugere que Alex Popov assuma a direção da entidade.

Efimova também enfrenta problemas pelo seu contrato com a Arena. Em conflito com a federação contou com a ajuda do Ministro do Esporte Vitaly Mutko que garantiu todo o apoio a nadadora as vésperas do início da competição.

A nadadora também falou da sua falha nos 200 peito, prova em que defenderia o título de campeã mundial e nem passou das eliminatórias. Diz que não se sentiu bem no dia da disputa, carregou o esforço do revezamento 4×100 medley misto da noite anterior, outro desastre da orgnização técnica russa ao colocar duas mulheres abrindo o revezamento contra todos os outros finalistas que utilizaram dois homens.

No ano passado, diversos nadadores chegaram a discutir um movimento para denunciar os abusos e a forma de comando da Federação Russa, mas temerosos de represália o movimento desapareceu. Nem o head coach Antatoly Zhuravlev tem capacidade de reagir a todos estes problemas.

Andrey Vorontsov, head coach da Rússia até os Jogos Olímpicos de Londres 2012, deixou o cargo reclamando e muito das ingerências de Viktor Advienko. Atualmente, trabalhando na Suécia e responsável pelo programa de Sarah Sjoestroem, Vorontsov revelou a Best Swimming em janeiro a sua revolta com relação a Advienko. Foi durante o training camp que o time sueco fez no Rio de Janeiro onde alertou para o grande fracasso para a equipe russo enquanto a federação estivesse sob o comando de Viktor Advienko.

Viktor Advienko foi um dos mais conhecidos treinadores russos da década de 80-90. Com um trabalho baseado em grandes distâncias, seu melhor resultado foi com Evgeny Sedov campeão olímpico dos 200 e 400 metros nado livre nos Jogos de Barcelona em 1992. Na época, Sedov chegou a treinar por 16 horas ao dia. Aposentado como treinador, é dirigente da natação em Volgogrado e ocupa a vice presidência da Federação Nacional Russa.

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Para ver o artigo completo da entrevista de Yulia Efimova:
https://sport.mail.ru/news/swimming/22925806/

1 responder
  1. Francisco
    Francisco says:

    Os nossos ídolos da natação deveriam também fazer críticas a confederação, quando ela merecer ser criticada. Infelizmente nossos atletas (não só da natação) muitas vezes tem medo de fazer alguma crítica para não sofrerem “retaliações” por parte dessas instituições, pois são elas que detém os recursos financeiros e influência. Instituições que reprimem e ameaçam atletas não são organizações, são máfias.

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