Mais um dia que o Brasil teve sucesso nas piscinas, foram 14 medalhas, sendo cinco ouros, seis pratas e três bronzes, com três dobradinhas. A primeira do dia foi com Ruiter Silva e Lucas Mozela na prova dos 200m da classe SM9. A segunda foi dos experientes Daniel Dias e Clodoaldo Silva que ficaram respectivamente com ouro e prata dos 50 livre, com recorde Panamericano quebrado por Daniel, fez a prova em 32s41, 0.85 a menos que o recorde anterior. A terceira dobradinha do dia também foi de uma dupla conhecida na natação paralímpica: Joana da Silva e Esthefany de Oliveira ficaram com as duas primeiras posições da prova dos 50m livre feminino, também com recorde parapan-americano quebrado, 38.90, o recorde sul-americano também é dela com 38.11 de Londres em 2012.

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Uma das medalhas de prata de hoje foi de Verônica Almeida na prova de dos 100m peito da classe SB7, foi a segunda dela neste Pan-Americano. Existem diversos exemplos de pessoas que tiveram seus destinos transformados no momento em que se tornaram atletas. Mas poucas vezes a aplicação é tão literal como no caso de Verônica.

Diagnosticada em 2007 com Ehlers-Danlos, síndrome rara e degenerativa que a fez perder força e movimento nos membros inferiores e ter limitações no movimento de rotação do braço direito, Verônica recebeu dos médicos um prognóstico de apenas um ano de vida. Oito anos depois, a atleta credita à natação o fato de ainda estar viva.

“É uma síndrome degenerativa e progressiva. A grosso modo, a gente deixa de produzir um pouco de colágeno e perde os ligamentos. Você, literalmente, começa a deslocar”, explica. “Logo após o diagnóstico eu voltei a nadar por indicação médica. Hoje eu defino a natação como a minha vida de verdade, pois além do tratamento que faço, é esse esporte que me mantém viva”, relata.

Graças ao esporte, a nadadora também pôde comemorar no Canadá uma conquista tida por ela como especial. “Só me faltava uma medalha em Parapan e aqui está ela”, diz a brasileira, dona de um bronze nos Jogos Paralímpicos de Pequim 2008 e outro no Mundial de Natação de Eindhoven 2010, ambas nos 50 m borboleta S7.

História

Graduada em Educação Física em 1998, Verônica exerceu a profissão por oito anos como coordenadora de academia. Mãe de um casal de gêmeos, Bianca e Marcelo, ela descobriu a síndrome ainda na gravidez. “Minha sorte foi ter ficado grávida antes do diagnóstico”, conta a educadora, que deixou a profissão quando passou para a cadeira de rodas. “Fui demitida por que acharam que eu não causaria uma boa impressão como professora”, conta.

A gravidez foi sustentada, apesar da Ehlers-Danlos, algo considerado quase impossível pela medicina, pois há falta de colágeno para manter a placenta ligada ao útero. Fator que torna a medalha ainda mais especial e digna de dedicatória. “Esta medalha é para os meus filhos. Antes de eu viajar, o Marcelo ficou doente e falou: ‘mãe, traz a medalha’. Então, dedico a vitória a ele.”

Com o diagnóstico, a nadadora encontrou um programa experimental em Paris, na França, que selecionava voluntários para tratamento com células-tronco. “É um tratamento que faço não para curar a síndrome, pois não tem cura. Faço para estabilizar”, explica Verônica, a única que permanece no estudo de uma turma inicial de 20 pessoas.

Para garantir tanto o tratamento quanto as conquistas, Almeida tem o apoio do Ministério do Esporte com a Bolsa Pódio. “Sem ela eu não teria nem o suporte nem a estrutura que tenho. Para mim, em particular, o programa ajuda até no tratamento em Paris, que tem custo muito alto. Assim como a natação, a bolsa é uma maneira de continuar a minha vida”, explica.

Além da medalha de Verônica (Prata nos 100m peito com o tempo de 1m40s79) e as três dobradinhas, confira a lista das outras medalhas conquistadas pelo Brasil nesse quinto dia de competições da Natação:

– Raquel Viel foi prata nos 400m livre da Classe S13, terminando a prova em 5min16s25.

– Ítalo Gomes foi bronze nos 100m livre na classe S7 da natação, tempo de 1min10s33.

– Nos 100m livre da classe S6 masculina, Talisson Glock conquistou o bronze, chegando com tempo de 1min10s84.

– Ronystony Cordeiro foi bronze nos 50m costas na classe S4, com tempo de 47s85.

– Edenia Garcia conquistou seu primeiro título em Toronto, vencendo os 50m costas com tempo de 53s73.

– Dobradinha de lendas brasileiras nos 50m livre classe S5: Daniel Dias ouro, com 32s41 e recorde pan-americano; e Clodoaldo Silva prata, com 34s94. Daniel chega ao 4º ouro em Toronto.

– Nos 50m livre feminino classe S5 também teve dobradinha e recorde pan-americano: Joana Maria da Silva venceu com 38s90; e Esthefany de Oliveira foi prata, completando em 45s72.

– Matheus Rheine terminou em 4º nos 400m classe S11/12/13, tempo de 4min45s48.

– Verônica Almeida foi prata nos 100m peito categoria SB7, tempo de 1min40s79.

Por Carlos Novack
Siga no Twitter: @carlinhosnovack

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