De volta para o futuro na natação brasileira

O “De volta para o futuro” só estreou no Natal de 1985 no Brasil. Na época, os filmes demoravam mais para chegar ao país. Ele havia sido lançado em julho nos Estados Unidos.

Nesta “De volta ao passado” que a Best Swimming está promovendo na data que que o filme fazia previsões, viajamos na máquina do tempo do Dr. Emmett Brown, interpretado pelo ator Christopher Lloyd, até o Troféu Brasil de 1985.

Na época, o Troféu Brasil, a maior competição da aquática nacional era disputado nos primeiros meses do ano. Com isso, atletas aproveitavam as férias escolares e o verão para treinar em dois períodos se preparando para o torneio.

A competição foi em Campinas, 17 a 20 de janeiro de 1985, na piscina do Círculo Militar e servia como seletiva final para a formação da Seleção Brasileira que iria ao Sul-Americano de Rosário, na Argentina, em março. Competição de muita chuva e poucos recordes.

O Flamengo dominava a natação da época e chegou com facilidade ao hexa campeonato. A surpresa foi o Pinheiros, vice campeão, e dono do único recorde brasileiro do torneio com Mayra Kikuchi nos 200 costas com 2:24.91 superando a marca anterior de Rosamaria Prado desde 1978 com 2:25.11.

Já naquela época existiam as equipes “turbinadas”. O Flamento tinha a americana Sheila Findley vencedora dos 100 e 200 costas, na última a frente da recordista brasileira Mayra Kikuchi.

O Jornal Aquática do falecido Guilherme de Lamare foi bem crítico na análise da competição. Foi “o Troféu Brasil da Democracia”, segundo a matéria. Os nadadores se uniram e criaram a UNN, União Nacional dos Nadadores, tendo a frente Djan Madruga. Os técnicos também se manifestaram, era a ABTN, Associação Brasileira dos Treinadores de Natação em reunião “democrática e de elevadíssimo nível”. A natação brasileira começava um movimento contrário ao então Presidente Rubem Márcio Dinard.

No final da matéria sobre a competição, De Lamare escrevia que “a natação brasileira caminhava a passos de cágado”.

Entre as surpresas da competição, Marcos Goldenstein, segundo o Jornal Aquática “o mais antigo nadador em atividade” jamais havia perdido a prova dos 50 metros nado livre desde a sua implantação em 1981. Foi derrotado por seu companheiro de treinamento Ronald Menezes, também vencedor dos 100 livre.

A regra na época permitia duas saídas escapadas. Assim, nos 100 metros peito masculino tivemos quatro dos melhores nadadores caindo na terceira e derradeira saída. Nos 100 metros borboleta masculino, André Fiore saiu muito bem na segunda saída vencendo com 57.17, então recorde de campeonato. Marcus Mattioli, voltava as competições, terminou em segundo com 57.79 e reclamou da saída que teria favorecido o rival.

A controversa saída dos 100 borboleta

Os melhores índices técnicos do Troféu Brasil de 1985 ficaram com Patricia Amorim nos 400 livre com 4:26.75 e Jorge Fernandes nos 200 livre com 1:54.07. Os mais eficientes foram Patricia Amorim com 36 pontos e Ricardo Prado com 34, ambos nadadores do Flamengo.

Para viajar ainda mais na máquina do tempo, veja os vencedores do Troféu Brasil 1985:

Classificação final do Troféu Brasil de 1985:

1o Flamengo 361 pontos

2o Pinheiros 214 pontos

3o Minas Tênis Clube 193 pontos

4o Vasco da Gama 173 pontos

5o Fluminense 91 pontos

Não deixe de ler dois belos artigos do Blog Epichurus que falam do Troféu Brasil 1985;

http://epichurus.com/2014/11/06/os-resultados-do-tb-de-campinas/

http://epichurus.com/2014/08/25/1985-o-trofeu-brasil-de-campinas/

Artigos do jornal Aquática de Guilherme de Lamare: