Na prova mais tradicional da natação, ninguém no mundo foi tão regular nos últimos anos como o australiano James Magnussen. O cara tem sido uma máquina desde que apareceu para o Mundo no Mundial de 2011 em Shanghai.

Naquela oportunidade, Magnussen, até então um mero desconhecido, se apresentou abrindo o revezamento da Austrália para 47.49 e dois dias depois vencia o seu primeiro título internacional na prova individual com 47.63. Estava aberta a “temporada Magnussen”.

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Uma sequência impressionante de quatro anos consecutivos como líder do ranking mundial da prova:

2011 – 47.49
2012 – 47.10
2013 – 47.53
2014 – 47.59

A lesão e consequente cirurgia no ombro na atual temporada, lhe deixou de fora das principais competições impedindo-o de defender o seu título de bi campeão mundial nos 100 livre. Mesmo fora de Kazan, Magnussen ainda aparece no ranking de 2015 com 48.18, em oitavo lugar.

Magnussen nasceu em Port Macquarie, na costa norte do Estado de New South Wales, distante 390 quilômetros da capital Sydney. Uma cidadezinha de pouco mais de 40 mil habitantes que no passado foi uma comunidade penal recebendo os criminosos australianos. Hoje, a pacata cidade é conhecida por receber aposentados que convivem com uma das maiores populações de koalas do país.

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Foi lá que em 11 de abril de 1991 nasceu James Magnussen. Hoje, um dos mais celebrados e conhecidos nadadores do país. Com 1,98 de altura e 94 quilos, Magnussen tem sido o mais festejado e promovido atleta da natação nacional.

O primeiro grande resultado veio no Campeonato Australiano de 2010. Lá, aos 18 anos de idade, Magnussen quebrava a barreira dos 50 segundos pela primeira vez e com 49.43 entrava no ranking nacional terminando com a medalha de bronze na prova.

O resultado lhe valeu a convocação para a sua primeira Seleção Australiana participando do Commonwealth Games de Nova Déli, na Índia, onde fechou o revezamento 4×100 livre nas eliminatórias (48.24) e na final (48.57).

Ainda em 2010, Magnussen esteve no Pan Pacífico onde terminou os 100 livre em 10o lugar. Foi a primeira vez que nadou abaixo dos 49 segundos, fazendo 48.94.

O primeiro título nacional veio no mesmo ano em que veio o primeiro título mundial. Foi no Australiano de 2011 em Sydney quando nadou para 48.68 nas eliminatórias e melhorou ainda mais na final 48.29.

Primeiro título mundial em Shanghai 2011 

Poupado nas eliminatórias do revezamento 4×100 livre do Mundial de Shanghai, Magnussen abriu a prova na final quando fez os 47.49 que lhe introduziram para o mundo. Na sequência, Matt Targett 47.87, Matt Abood 47.92 e Eamon Sullivan 47.72. Os australianos deram um show vencendo o revezamento com 3:11.00 depois de entrar na final com o quinto tempo. Enquanto só se falava em França e Estados Unidos, os australianos colocaram o seu nome no alto do pódio.

Os seis do revezamento 4x100 livre de 2012

Os seis do revezamento 4×100 livre de 2012

O tal revezamento virou uma coqueluche na Austrália. Apontados e glorificados como a grande chance para Londres 2012, acabou se tornando na maior decepção. Dentro e fora d’água.

Meses de conflitos com os demais atletas da seleção, brigas internas e comportamentos inapropriados. O grupo de seis atletas ainda se involveu num escândalo do consumo dos comprimidos para dormir Stilnox ingeridos com bebida alcóolica durante o training camp em Manchester. Bullying e assédio, os astros do revezamento aprontaram como nunca fora d’água.

Quem tomou Stilnox?

Quem tomou Stilnox?

Em Londres, ainda entraram na final com o melhor tempo, Magnussen mandou 47.37 nas eliminatórias. Na final, Magnussen foi quem abriu e desta vez mandou 48.03. Na sequência, Matt Targett 47.83, Eamon Sullivan 47.68 e James Roberts fechou 48.09. Austrália ficou em quarto lugar com 3:11.63.

Era o que todo mundo na delegação australiana queria. Isso mesmo, o relacionamento e o comportamento do grupo tinha sido tão ruim que a torcida toda era contra. Três dias depois, Magnussen ainda perderia a prova dos 100 livre, 47.53, apenas um centésimo atrás do americano Nathan Adrian.

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Na volta da Olimpíada, a vergonha nacional. Os atletas foram suspensos, obrigados a pagar uma multa e o head coach da Seleção banido para sempre do cargo. Para Magnussen, o líder do grupo, só restou o pedido de desculpas.

O título do Mundial de Barcelona, bi campeão da prova dos 100 livre teve um significado de redenção. Magnussen pediu uma nova oportunidade e tinha em Barcelona o direito de defender o seu título. Classificou com o quarto tempo para a final, passou em quinto com 22.80, mas mantendo a sua tradição e estratégia o final forte de 24.91 superou a todos levando o título com 47.71.

Bi campeão mundial em Barcelona 

A temporada de 2014 foi diferente. Os resultados se alternaram, as dores vieram. Depois de começar o ano com um show de 47s feitos em profusão, Magnussen perdeu o Campeonato Australiano para o jovem Cameron McEvoy. Venceu, mas não convenceu no Commonwealth Games e ficou em terceiro lugar no Pan Pacífico.

A briga com Cameron McEvoy no Australiano de 2014 

A lesão e as dores no ombro, mas também uma certa insatisfação com o treinador de longa data, Brian Best. Era a hora de mudar. Magnussen não foi atrás dos melhores treinadores do país, nem mesmo do Head Coach da Seleção, o recém contratado Jacco Verhaeren, de experiência incontestável com resultados de Peter van den Hoogenband, Marleen Veldhuis e mais recentemente com Ranomi Kromowidjojo.

Magnussen foi atrás de um amigo, um jovem treinador, mais jovem que ele, seu ex-companheiro de treinamento. Os irmãos Mitch and Latch Falvey, treinadores sem qualquer expressão, de um clube pequeno (Ravenswood) e sem nenhum nadador em qualquer seleção australiana.

Magnussen e seus treinadores

Magnussen e seus treinadores

A Federação Australiana não gostou. Mais que isso, publicamente desaprovou, mas Magnussen insistiu, era o que queria fazer e lhe foi dado um tempo para provar que isso iria funcionar. Verhaeren passou a fazer constantes visitas ao programa, ajudando, auxiliando, orientando.

Magnussen ainda nadou o campeonato australiano deste ano em Brisbane. Ficou em segundo nos 100 livre, 47.92, novamente atrás de McEvoy. Garantiu a vaga para o time de Kazan onde iria defender o título de bi campeão mundial da prova. Meses depois, teve de abrir mão da temporada para uma cirurgia no ombro.

Isso lhe deixou fora de Kazan, e do resto da temporada. Magnussen só volta a competir em 2016. Será no Campeonato Estadual de Victoria, onde ele está acostumado a vencer e até fazer seus 47s fora de época.

O objetivo era fazer a cirurgia o mais rápido possível para não atrapalhar o programa para o Rio 2016, seu grande sonho. A medalha de ouro que não veio em 2012 e o revezamento que fez feio e nada em busca de redenção.

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Melhores marcas pessoais em piscina longa

PROVAS TEMPO COMPETIÇÃO
50 livre 21.52 Australiano 2013
100 livre 47.10 Australiano 2012
200 livre 1:47.69 NSW Estadual 2014

 

Melhores marcas pessoais em piscina curta

PROVAS TEMPO COMPETIÇÃO
50 livre 20.98 Copa do Mundo 2013
100 livre 45.60 Copa do Mundo 2013
200 livre 1:44.12 Australiano Curta 2011

James Magnussen é o nadador que mais vezes (18) nadou na casa dos 47 segundos na história da natação mundial além de ter o melhor tempo da prova dos 100 livre da era pós-trajes com 47.10.

Magnussen quer nadar para 46 no Rio 2016 

Na série da Best Swimming:

#1 Therese Alshammar, Suécia

#2 Laszlo Cseh, Hungria

#3 Adam Peaty, Grã-Bretanha

#4 Nathan Adrian, Estados Unidos

#5 Ruta Meilutyte, Lituânia

#6 Shiwen Ye, China

Link:

https://bestswimming.swimchannel.net/jogos-olimpicos-2016/40-estrelas/

Próximo da série:

Katinka Hosszu, a Dama de Ferro

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