Quem não está acostumado, estranha. E estamos estranhando.
A comunidade aquática tem vivenciado neste segundo semestre de 2015 algo que não via há quase 30 anos. Estamos em plena campanha.
Coaracy Nunes, já anunciou (desta vez, deve cumprir), que deixa o comando da CBDA em 2017. Será o fim da maior longevidade em dirigentes esportivos em andamento no Brasil. No cargo desde 1988, Coaracy foi re-eleito sete vezes.
A chegada de Coaracy Nunes na década de 80 na briga pela vaga de presidente da antiga CBN tinha o apoio maciço de treinadores e atletas. Sua plataforma básica eram duas, de fazer a Seleção Brasileira viajar, na época disputávamos apenas a Copa Latina e o Sul-Americano, e a de acabar com a “Dinardia”. Ruben Dinard comandava a CBN por 24 anos e tentava passar o comando para seu filho, Rubem Márcio de Araújo.
Coaracy perdeu duas eleições para Rubem Márcio. As duas foram impugnadas. Entre as duas tivemos um período de intervenção na entidade sob o comando de Maria Lenk. Foram quase dois anos de brigas na imprensa e na justiça. Na segunda eleição, após eleito, Rubem Márcio não aceitou a nova impugnação e decidiu entregar o cargo. Um acordo foi feito e Coaracy chegou ao comando da entidade que seria rebatizada para CBDA ainda no seu primeiro mandato.
Assim, em todos estes anos, Coaracy nunca venceu ou disputou uma eleição, foram todas por aclamação.
Agora, vivemos um momento diferente, empolgante e renovador. É inegável o avanço e o trabalho feito por Coaracy durante todos estes anos. Como também é incontestável que seu momento como Presidente já foi mais efetivo. Sua gestão priorizou a Seleção Brasileira e o país cresceu muito no cenário internacional.
Ao mesmo tempo, a natação de base do país padece e, pior ainda, as Federações estaduais minguam por ajuda e benefícios.
A prematura campanha nos traz dois candidatos, dois fortes candidatos.
De um lado o técnico, de outro o gestor. Pela situação, Ricardo de Moura, atual Superintendente Executivo da CBDA. Trabalhando ao lado de Coaracy por quase todo este período. Figura respeitada internacionalmente, Ricardo goza de prestígio entre treinadores e atletas. Demorou para assumir a condição de candidato, mas já viaja pelo país desde o meio do ano em busca de apoio das Federações.
O gestor vem da Federação Aquática Paulista, Miguel Cagnoni mudou o cenário no comando da maior federação estadual do país. Sua administração trouxe inúmeros benefícios de organização e desenvolvimento a entidade.
Preside a FAP desde 1994 e nunca escondeu o desejo de dirigir a CBDA. A intenção é antiga, mas a campanha só foi deflagrada este ano, já percorrendo o país em reuniões e em busca de apoio.
Pelo deflagrar prematuro da campanha, vamos ter mais de um ano e meio de política, discussões e caça aos votos das 27 Federações estaduais. Em princípio, a eleição acontecerá no primeiro trimestre de 2017. Antes disso, já em novembro de 2016 vamos ter as oficializações das chapas.
A Best Swimming reconhece ambos candidatos como fortíssimos e em grandes condições para comandar os esportes aquáticos do Brasil. Apresentamos um detalhado currículo de cada um dos candidatos e que a campanha nos traga muita discussão em benefício do desenvolvimento do esporte.
QUEM É MIGUEL CAGNONI?
Miguel Carlos Cagnoni é paulista, começou nadando nas escolinhas de natação do Clube de Regatas Tietê. Sua relação com o Esporte Clube Pinheiros também é forte e longínqua. Foi atleta de polo aquático onde se sagrou campeão paulista e brasileiro em diversas categorias até chegar a equipe adulta. Foi ainda campeão brasileiro universitário e atuou como técnico nas categorias menores.
Se formou em direito na Universidade Mackenzie e pós graduado na Columbia University nos Estados Unidos. Morou na França onde atuou como Diretor Superintendente da Gaumont Cinematográfica. Nos Estados Unidos, trabalhou na Stanley Home Corporation. Experiências internacionais que lhe deixaram com fluência em inglês, francês, italiano, espanhol e português.
Entre inúmeras atuações no exterior, no Brasil foi diretor da Federação e Centro de Comércio do Estado de São Paulo atuando na captação de recursos para empresas e poder público.
A volta ao esporte foi em 1984, agora como atleta masters. Três anos depois, seu nome era indicado para assumir a diretoria de natação do Esporte Clube Pinheiros. Em sete anos, trouxe o clube de volta ao cenário de destaque com títulos em todos os campeonatos nacionais além da medalha olímpica com Gustavo Borges em 1992.
Deixou a natação do Pinheiros para se tornar Presidente da Federação Aquática Paulista em 1994. Assumia uma entidade defasada e com problemas administrativos. Uma ampla reforma, informatização da entidade trouxe um novo patamar de organização e realização de eventos.
Ainda atuou como Diretor Geral de Esportes Aquáticos da CBDU e também como diretor de marketing da Confederação Sul-Americana de Natação – CONSANAT.
Empresário, Miguel Cagnoni junto com a esposa é proprietário do restaurante Acquavena e de uma franquia da doceira Ofner.
Na FAP, comanda a maior federação estadual aquática do país realizando centenas de eventos numa entidade que hoje tem sua sede própria, além de controle de inscrições e eventos todo informatizado com o único aplicativo de resultados de natação do país.
Perguntado sobre o motivo para tantos anos no comando da Federação Paulista, Miguel não pensa muito para responder que são dois motivos. Estava em busca de uma pessoa que pudesse lhe suceder com a mesma dedicação e resultados. Encontrou, é Marcelo Biazzoli, atual vice presidente da entidade. E outro é que sempre quis ter a possibilidade de comandar a CBDA. No seu ver, chegou a sua oportunidade.
QUEM É RICARDO DE MOURA?
Embora extremamente ligado ao Rio de Janeiro, Ricardo de Moura é paulista, de Santos. Foi lá que começou a carreira como técnico de natação no início da década de 70 no Tênis Clube Paulista.
Em 1973, Ricardo foi contratado para o Flamengo e veio para o Rio de Janeiro de onde não saiu mais. Passou pela AABB da Tijuca, pelo Tijuca Tênis Clube, pelo Fluminense, Vasco, Botafogo, voltou para comandar o projeto do Vasco por 13 anos e até hoje acumula a coordenação dos esportes aquáticos do Fluminense.
Seu trabalho no Vasco no final da década de 90 foi um dos mais impactantes na natação brasileira. Com o apoio do então presidente do clube, Eurico Miranda, e o suporte financeiro do patrocínio do Bank of America, o clube investiu montando a maior e melhor equipe do país. A dimensão foi muito grande, mas a administração organizacional pecou e com a falta da verba, o programa sucumbiu.
Ricardo sempre foi multi-tarefas, estudioso e empreendedor. Seu currículo inclui a formação em educação física na Faculdade de Educação de Santo André e um pós em administração de empresas na Universidade Estácio de Sá. A nível internacional, tem cursos de especialização no México, Canadá, Espanha, Portugal e Estados Unidos.
O mais admirável trabalho de Ricardo de Moura tem sido o comando das Seleções Brasileiras de natação. Sua capacidade de organização e comando, é admirada e respeitada tanto pelos profissionais no país, como no exterior. Chegou a FINA onde faz parte do Comitê Técnico da entidade há 10 anos. Antes disso, teve passagens pela Confederação Sul-Americana de Natação – CONSANAT e pela Confederação Latina de Natação – COLAN. Atualmente, além da FINA, também atua na UANA, União de Natação das Américas.
No movimento olímpico, Ricardo estreou em 1984, onde atuou nos Jogos de Los Angeles como observador. Era o supervisor técnico de natação nos Jogos de 1996 em Atlanta e em Sydney 2000. Chefiou a delegação brasileira em 2004 em Atenas e Londres 2012. Nos Jogos de 2008, foi escalado pela FINA para atuar no Comitê Técnico de Natação.
No Brasil, faz parte do Instituto Olímpico Brasileiro onde é professor de Gestão das Organizações Esportivas Olímpicas. Era o grande candidato para assumir a gerência dos esportes aquáticos no Rio 2016, mas abriu mão para atuar na CBDA. Desde maio do ano passado, após uma enfermidade do Presidente Coaracy Nunes, assumiu a Supervisão Executiva da entidade.
Modificou inúmeros procedimentos e plataformas da CBDA. A entidade investiu em informática, em mídias sociais e em recursos humanos. Líder, tem uma excelente reputação junto a comunidade aquática tendo chefiado inúmeras delegações em eventos internacionais de Multinations a Sul-Americanos, de Copas do Mundo a Mundiais de Longa e Curta.
Prêmios recebidos da FINA, da Câmara Municipal do Rio de Janeiro, da Prefeitura Municial de São José dos Campos, do Comitê Olímpico de Portugal, dos clubes que passou.
Palestrante, conferencista, professor universitário, treinador, Ricardo de Moura agora vai para uma nova fase da sua vida, a de dirigente. Relutante em aceitar a indicação de seu nome para o cargo, confessa que foi um pedido direto de Coaracy Nunes para encarar este desafio.
Leandro e Pussieldi,
As minhas desculpas em discordar de ambos.
A nossa seleção de natação tem imensas dificuldades em nadar qualquer prova acima de 50 metros. Os dois candidatos estão com toda a responsabilidade sobre este problema.
Como já citado , para mudança e início de um trabalho correto só tem um nome .. Miguel Cagnoni .. a outra opção é somente continuidade do que já está .. A FAP não é a grandeza que é por acaso e sim devido a trabalho e planejamento .. Com certeza com ele a CBDA irá se reestruturar , acabar com a mesmície de anos e começar uma fase nova que com certeza será benéfica para os Atletas em geral , as Federações que praticamente hoje em dia estão todas com problemas financeiros e aos árbitros que serão muito mais valorizados e passará a ter critérios válidos para indicações a quadros internacionais, se valendo da competência e conhecimento de cada um e não pelo nível de amizade ou por defender determinada região .. entra quem é mais preparado , independente de onde seja do Brasil ..
Não tenho duvida que ambos são competentes, mas gostaria que o próximo presidente fosse o Sr. Miguel Cagnoni, atual presidente da FAP que realiza um grande trabalho na Federação Paulista com muita organização e grandes realizações. Além disso, com o Sr. Miguel Cagnoni eleito presidente da CBDA, o professor Marcelo Biazzoli, vice presidente da FAP, pessoa excelente e competente, assumiria o comando da entidade paulista que será muito bom para todos.
Excelente reportagem que não deixa dúvidas de quem deveria assumir a CBDA.
Quem quer mudança deve apoiar meu caro Miguel Cagnoni, que simplesmente fez da Federação Aquática Paulista a maior Federação de Natação do Brasil, inclusive maior que a própria CBDA em todos os aspectos, exceto no recebimento de verba pública e privada.
A FAP, com pouquíssimos recursos externos, se transformou nessa gigante graças a competência e o trabalho de seu Presidente, já a CBDA, que diga-se de passagem, vem sendo comandada na prática pelo Ricardo de Moura a alguns meses, recebe milhões de reais de verba pública e privada, passa por dificuldades financeiras.
A competência de Gestão é muito clara na matéria, não deixando dúvidas que o Miguel é a pessoa certa para que a CBDA finalmente siga novos rumos.
Acredito que os dois candidatos sejam pessoas do mais alto respeito. Eu também acredito que respeito é obrigação do cidadão.O Brasil está necessitando de respeito e resultados.
O Ricardo de Moura é o responsável técnico por uma natação que após os 50,01m tem alguma dificuldade de se locomover. Os 200m, 400m, 800m e 1500m estão muito longe do que uma disputa olímpica exige.
O meu querido Miguel Cagnoni é PAULISTA e os paulistas só enxergam o próprio umbigo. Para os paulistas, o Brasil é uma extensão deplorável de São Paulo. Não acreditam? vejam o cenário nacional.
A natação brasileira, nestes últimos milênios, produziu dois profissionais que conhecem microscopicamente toda a natação brasileira. O Mestre Basilone não cansava de dizer: O craque não tem a obrigação de nascer no Rio e em São Paulo. Ele também pode nascer em 3 Corações.
Eu só vejo dois profissionais com este “Know-How” para virar o Brasil, desculpas do Cagnoni, e eles são:
1- Alexandre Pussieldi
2- Sérgio Lacerda
Esses dois podem disputar qualquer eleição ou maratonas de conhecimento e chegarão empatados. O que seria ótimo para o Brasil é que os dois se unissem para Presidente e Vice de uma Chapona chamada “Brasil de Novo”.
só muda se o miguel entrar, o q nao vai acontecer.
Leandro, como diria um antigo personagem de comédia de um programa da Globo “tirou daqui ó, tirou daqui!”.
Muito boa a reportagem e os currículos. Como ex atleta vejo uma esperança para a natação brasileira. Ai uma pergunta ao coach. Porque não uma campanha para unir os dois lados? Como os próprios currículos já dizem, um tem ampla experiência em administração e o outro ampla experiência em comando.