Entre todas as 34 provas da natação do programa olímpico atual, uma, só uma nunca teve um representante brasileiro. É os 200 costas feminino, prova que faz parte dos Jogos Olímpicos de 1968 na Cidade do México e que desde então, em 12 Olimpíadas teve a presença de 322 nadadoras de 66 países, nenhuma brasileira.

Karen Muir - divulgação

Karen Muir – divulgação

A estreia dos 200 costas não teve a melhor nadadora do mundo na época. A sul-africana Karen Muir era a recordista mundial da distância, mas por conta da política de segregação racial de seu país, ficou de fora dos Jogos. A África do Sul só retornou aos Jogos Olímpicos em 1992. Muir entrou para a história como uma das nadadoras mais prejudicadas pela política. Ela foi reconhecida pelo International Swimming Hall of Fame entrando para o Museu da Fama em 1980 numa carreira de 15 recordes mundiais batidos nas provas de 100 e 200 costas, 110 e 220 jardas costas.

Karen Muir ainda tem outro feito que se mantém até hoje. Foi a mais jovem nadadora a quebrar um recorde mundial em qualquer esporte. No dia 10 de agosto de 1965 com 12 anos, 10 meses e 25 dias se tornou recordista mundial dos 110 jardas costas com 1:08.7. Na época, os recordes de jardas eram reconhecidos como marcas mundiais.

Sem Muir, a Olimpíada de 1968 viu a americana Lilian Debra Watson, conhecida como Pokey Watson se tornar na primeira campeã olímpica dos 200 costas com 2:24.8. Era sua segunda Olimpíada, retornando depois de ser a mais jovem integrante do revezamento americano nos Jogos de 1964 quando tinha apenas 14 anos de idade.

Krisztina Egerszegy - divulgação

Krisztina Egerszegy – divulgação

Os 200 costas na Olimpíada também tem um capítulo especial para a húngara Krisztina Egerszegy, a única tri campeã olímpica da prova. Campeã em 1988 em Seul com 14 anos de idade marcando 2:09.29, depois em 1992 em Barcelona com 17 anos marcando 2:07.06 e sua despedida aos 21 anos de idade em Atlanta 1996 com 2:07.83.

A americana Missy Franklin foi a campeã olímpica dos 200 costas em Londres 2012 quebrando a sequência dos dois títulos olímpicos de Kirsty Coventry de Zimbabwe (2004 e 2008) desta vez terminando em sexto lugar. Franklin ganhou com 2:04.06 deixando a russa Anastasia Zueva em segundo com 2:05.92 e a americana Elizabeth Beisel completando o pódio com 2:06.55.

Missy Frankin - divulgação

Missy Frankin – divulgação

Neste mundo tão glorioso dos 200 costas as brasileiras ainda estão distante. Quem está mais próximo são as nadadoras Joanna Maranhão do Pinheiros e Natália de Luccas do Corinthians. As duas e quem quer que esteja na luta pela vaga olímpica vai precisar nadar para 2:10.60 ou menos. É a marca A exigida pela FINA e que a CBDA usa como critério de convocação.

O tempo é abaixo do recorde sul-americano da prova de 2:12.05 feito por Joanna nos Jogos Pan Americanos de Toronto no ano passado. Na lista dos índices exigidos, os 200 peito feminino com 2:26.94 é outra prova que tem o tempo abaixo do respectivo recorde sul-americano.

Joanna Maranhão já está classificada para o Rio 2016. Vai disputar sua quarta Olimpíada se tornando na nadadora mais olímpica da história e não deve nem nadar a distância. Deve buscar uma marca melhor nas provas de medley e uma vaga no revezamento 4×200 livre.

Natalia+De+Luccas+Summer+Youth+Olympic+Games+adUg4iJI7U-l

Por conta disso, Natália de Luccas é nossa maior esperança de quebrar esta sequência histórica sem representantes brasileiras na Olimpíada. Natália tem sua melhor marca pessoal 2:12.09, antigo recorde sul-americano feito no Julio de Lamare de 2013. No ano passado, mais precisamente no Open, na Palhoça, nadou a segunda melhor marca de sua carreira com 2:12.44.

A nadadora está treinando com Wlad Veiga e a prova é seu principal foco para a seletiva olímpica em abril. Comparando as suas provas de 2013 e do Open 2015:

2013 – 30.89, 1:03.86 (32.97), 1:37.94 (34.08), 2:12:09 (34.15)
2015 – 30.74, 1:04.28 (33.54), 1:38.22 (33.94), 2:12.44 (34.22)

Para um 2:10.60, a expectativa seria passar mais forte, algo em torno de 1:02 e tentar uma volta controlada. Atualmente, dentro dos critérios da FINA, existem 20 nadadoras com o índice A (2:10.60) e 129 com a marca B (2:15.60).

Depois de Natália de Luccas, as duas próximas nadadoras brasileiras no ranking pela vaga olímpica são da nova geração: Beatriz Lima e Silva do Corinthians com 2:15.39 e Fernanda Goeij do Curitibano 2:16.74.

Na busca do desejado índice, o nosso voto de esperança para fazer deste sonho uma realidade.

2 respostas
  1. Martins
    Martins says:

    Bela reportagem. Existe alguma possibilidade, caso nenhuma brasileira alcance o índice A, seja considerado o índice B para para as Olimpíadas.

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