Etapa final do Troféu Maria Lenk 2016, provas que completaram a Seleção Brasileira para o Rio 2016 e eliminaram o único campeão olímpico do Brasil. Confira prova a prova:

50 livre masculino –

Cesar, Italo. Trofeu Maria Lenk de Natacao, realizado no Centro Aquatico Olimpico. 20 de abril de 2016, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Foto: Satiro Sodré/ SSPress

Cesar, Italo. Trofeu Maria Lenk de Natacao, realizado no Centro Aquatico Olimpico. 20 de abril de 2016, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Foto: Satiro Sodré/ SSPress

A queda de luz prejudicou os atletas. O sistema de energia que alimentava a iluminacão do meio da piscina caiu, e demorou para voltar. Foi mais de uma hora. O atraso prejudicou os atletas que tiveram que refazer seus aquecimentos na piscina do lado de fora, trocar e colocar a bermuda, perderam o efeito de suas cafeínas tomadas minutos antes. A situação foi dura com os velocistas, o prejuízo foi de todos. Na disputa, um choque, um silêncio se fez para assistir a prova mais esperada do dia. Ítalo Duarte na raia 5 teve a melhor saída, mas já no início de nado Cesar Cielo ao seu lado tomava a frente, mesmo que por pouco tempo. Na altura dos 25 metros, os dois estavam juntos e Ítalo seguia crescendo. A derrota não foi coisa de chegada, foi na maior parte da prova. Bruno Fratus na raia 7 voltou a fazer o final tradicional, algo que lhe põe em destaque a nível mundial, talvez um dos melhores finais de prova do planeta dos 50 livre. E assim foi vencendo a prova com 21.74 depois de um terrível e inexplicáel 22.35 nas eliminatórias. Ítalo veio logo em seguida, mesmo errando a chegada, levantou a cabeça antes de tocar a parede mandou 21.82. Cielo chega em terceiro 21.91. Os três baixaram, mas os dois primeiros baixaram mais em relação as eliminatórias.
Ítalo pela primeira vez nadou para 21, entra para o clube onde apenas outros cinco brasileiros já estavam pela ordem Cesar Cielo, Bruno Fratus, Nicholas Santos, Marcelo Chierighini e Guilherme Roth. Cielo nadou para 21 pela 52a vez na sua carreira, mais do que qualquer outro velocista no planeta, Florent Manaudou vem num distante, mas crescente 40 vezes. Não o suficiente para evitar a sua não classificação olímpica. Campeão olímpico de 2008 e bronze em 2012, Cielo está fora da Olimpíada. O Brasil vai para a sua 8a Olimpíada com nadadores nos 50 metros nado livre, prova que já nos deu três medalhas. Desta vez sem Cielo. No ranking mundial, Fratus passa a ser o quinto do mundo, Ítalo o sexto, Cielo o sétimo. O Brasil é o único país do mundo que tem mais de um atleta entre os oito do mundo que já nadaram para 21 em 2016.

50 livre feminino –

Lorrane Ferreira. Trofeu Maria Lenk de Natacao, realizado no Centro Aquatico Olimpico. 20 de abril de 2016, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Foto: Satiro Sodré/ SSPress

Lorrane Ferreira. Trofeu Maria Lenk de Natacao, realizado no Centro Aquatico Olimpico. 20 de abril de 2016, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Foto: Satiro Sodré/ SSPress

A prova de Etiene Medeiros segue redonda. Fácil, controlada e precisa. Venceu com 24.64 em mais uma grande performance, a 10a do mundo este ano. É a prova em que Etiene tem parecido mais regular, e na minha opinião a que ela pode ter melhores reultados no Rio 2016. Saída precisa, submerso e chegada no ponto. Lorrane Ferreira do Minas foi a grata surpresa, nadou pela primeira vez abaixo dos 24 segundos, fez 24.95 e chegou na segunda colocação. Ficou a três centésimos da marca alcançada por Graciele Herrmann no Open. A chegada deslizada tirou de Lorrane a oportunidade de estar no Rio 2016. Graciele que teve uma manhã ruim com os 25.35 conseguiu melhorar, nadou para 25.09. Garantiu a vaga olímpica pelos 24.92 do Open, vai para a sua segunda Olimpíada.
O Brasil vai ter duas atletas na prova dos 50 livre no Rio 2016, repete o que aconteceu em 2004, quando Flávia Delaroli e Rebeca Gusmão foram as nossas representantes. Na época, Flávia conseguiu o melhor resultado ao chegar a final. Nos últimos Jogos, em Londres 2012, Graciele ficou em 22o lugar.

100 borboleta masculino –

Henrique, Marco. Trofeu Maria Lenk de Natacao, realizado no Centro Aquatico Olimpico. 20 de abril de 2016, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Foto: Satiro Sodré/ SSPress

Henrique, Marco. Trofeu Maria Lenk de Natacao, realizado no Centro Aquatico Olimpico. 20 de abril de 2016, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Foto: Satiro Sodré/ SSPress

A prova estava aberta e o final seria assim, dramático. Ninguém fez marca, ninguém melhorou, ninguém fez nem índice. O Brasil vai ser representado nos Jogos pelos dois nadadores que fecharam raia. Henrique Martins vencedor do Open com 52.14 terminou em sétimo com 53.00. Viveu uma semana difícil, foram três dias de febre até conseguir chegar para nadar a sua única prova. Marcos Macedo, companheiro de equipe de Henrique, ficou em oitavo, 53.06, entra com o tempo das eliminatórias do Open 52.17, um tanto distante do tempo desta final. Trocou de técnico e programa este ano. Ainda não se adaptou por completo e teve uma temporada de altos e baixos. Os dois vão precisar melhorar a marca feita em dezembro. O revezamento 4×100 medley não será competitivo sem um 51. A prova do Maria Lenk foi vencida pela grande revelação do torneio, Vinicius Lanza com 52.75. Ele que havia feito 52.22 e foi quem mais perto chegou ameaçando os dois classificados nas eliminatórias. Thiago Pereira chegou em segundo lugar com 52.77 empatado com o argentino Santiago Grassi.
Esta será a 11a Olimpíada que o Brasil vai ter nadadores na prova dos 100 borboleta. Nosso melhor resultado foi Gabriel Mangabeira sexto colocado na prova dos Jogos de Atenas em 2004.

200 costas feminino –
Seguiremos sem nenhuma nadadora na prova. É histórico, é a única prova do programa olímpico onde o Brasil nunca foi representado nos Jogos. Natália de Luccas teria de baixar quase dois segundos para atingir os 2:10.60. Não baixou dos 2:12.44 feitos no Open, nadou para 2:13.91, venceu a prova com facilidade, mas deixou o sonho de ser olínmpica para a frente.
A segunda colocada na prova foi a chinesa Yifan Yang com 2:14.14 seguida pela argentina Florencia Perotti 2:16.18. Beatriz Silva, a segunda melhor brasileira, ficou na quarta colocação com 2:16.22.

1500 metros livre masculino –

Miguel Valente. Trofeu Maria Lenk de Natacao, realizado no Centro Aquatico Olimpico. 20 de abril de 2016, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Foto: Satiro Sodré/ SSPress

Miguel Valente. Trofeu Maria Lenk de Natacao, realizado no Centro Aquatico Olimpico. 20 de abril de 2016, Rio de Janeiro, RJ, Brasil. Foto: Satiro Sodré/ SSPress

Ficamos 16 anos de fora dos Jogos Olímpicos na prova de fundo masculina, voltaremos com dois nadadores. Miguel Valente completou um trabalho fantástico do treinador Eduardo Santos do Minas ao garantir a marca com um 15:14.40, liderando de ponta a ponta a prova. Depois dos 400 metros nado livre, Miguel estava confiante que iria conseguir a vaga. Nadou de forma precisa e arrojada, caiu um pouco no final, mas o suficiente para garantir o passaporte olímpico. Brandonn Almeida saiu mais forte do que seu recorde brasileiro no Pan do ano passado. Tinha a prova sob controle, mas chegou a estar quatro segundos distantes de Miguel. Nos últimos 100 metros, Brandonn precisava fazer aqueles finais incríveis que só ele consegue. Foi mais longe do que isso, mandou um 57.73 e garantiu 15.14.58. Os dois estão classificados e irão representar o Brasil no Rio 2016. Guilherme da Costa ficou no terceiro lugar com 15:26.94, dois segundos acima do seu melhor, mas subindo ao pódio pela primeira vez no Maria Lenk.

800 metros livre feminino –
Para encerrar, outra chance de superação. A gaúcha Viviane Jungblut saiu de uma cachumba para vencer a prova derradeira do Maria Lenk. Venceu com 8:40.71, sua melhor marca pessoal e com parciais de 4:20.46 e 4:20.25. Um resultado que poderia ser ainda melhor se não fosse a doença, mas Viviane comemorou a baixa de tempo e o título de Maria Lenk. O índice era 8:33.97 e o Brasil fica de fora desta prova na Olimpíada. A equatoriana Samantha Salinas ficou em segundo com 8:42.04 e Ana Marcela Cunha em terceiro com 8:46.31.

6 respostas
  1. Rodrigo G
    Rodrigo G says:

    Apesar do tom da entrevista, espero que a Seletiva Olímpica não tenha sido o “adeus” do Cesar Cielo. Não que ainda falte a ele conquistar algo, não que ele tenha algum débito com os torcedores ou algo a provar pra alguém. Mas o fato é que é difícil se despedir de um ídolo. Eu acompanhei toda a carreira do Gustavo Borges, desde aquele 49″51 absurdos feitos em Havana-1991, até o melancólico revezamento 4×100 de Atenas 2004, eliminado nas eliminatórias, posso dizer como foi triste constatar que aquele cara que deu tantas alegrias pra gente não estaria mais nas competições, mas Gustavo preparou sua despedida. Ainda que fosse difícil, ele foi ensinando a gente a aceitar que seu ciclo estava se encerrando e que só nos restava aguardar…

    Ai vem Cesar Cielo e muda o patamar! A cada caída na água esperávamos mais dele e ele, correspondia. Ouro olímpico!? Feito! Recorde Mundial? Feito! Sub 21″, sub 47″? feito! Bi, Tri Mundial? Feito! Ele nos mal-acostumou e talvez nós o fizemos aumentar ainda mais a auto-cobrança que ele mesmo se impõe. Mas César, veja bem, já entendemos que vc é um herói bem parecido com esses de história em quadrinhos. Você tem seu lado humano, que assim como qualquer um de nós, tem suas imperfeições e falhas… E quer saber? Tudo bem, amigo! Sem problemas! Você continua sendo inegavelmente um ídolo e um marco na história do nosso esporte. Aliás, aproveite que agora vc teve sua identidade secreta revelada e relaxe… treine com a equipe, vá nadar um regional lá no Corinthians, sem placar eletrônico mesmo, talvez até com um pouco de chuva. Nade 50 crawl e 50 borbo.. quem sabe até 50 costas pra experimentar a sensação de nadar rápido olhando pro céu… vá com a seleção para os treinos em altitude, brinque, poste fotos engraçadas, sei que agora vc é um pai de família, mas todo pai de família ainda guarda seu lado moleque dentro de si… Nade mais,. divirta-se mais, aproveite mais o carinho e admiração que vc conquistou estando mais perto de quem sempre teve fascinação em te ver nadar: o povo brasileiro! Permita-se, Cesar! Seja feliz, Cesar! E vai com calma! Deixa a gente se acostumar aos poucos a ter você nadando apenas nas nossas lembranças. Ainda há muita piscina a sua espera, basta você reencontrar a felicidade nelas! Obrigado! Até a próxima (assim nós esperamos)!!!

  2. Estevam Luiz
    Estevam Luiz says:

    Você entende de natação mesmo? “Tempos medíocres a nível mundial” era antigamente, nos anos 80 e 90 onde os brasileiros eram 30º do mundo, 40º do mundo. Nessa competição teve vários tempos top10 do mundo. No Rio 2016, teremos VÁRIOS brasileiros em FINAIS, inclusive no FEMININO, que era medíocre até pouco tempo atrás. Não vi corpo mole não, muitos nadadores fizeram tempos raspando os recordes Sul-Americanos. A Larissa Oliveira destruiu os recordes sul-americanos dos 100m livres (54s03) e 200m livres (1m57s37), fazendo tempos que seriam top 10 da última olimpíada (em Londres para entrar na final dos 100m livres era 53 alto, e esse tempo dos 200m livres da Larissa daria a ela 7º lugar em 2012 nos 200m livres!!). A única coisa certa que você falou é que só o Fratus deve ganhar medalha mesmo. Mas em termos de participação geral, vai ser a melhor média do Brasil em todos os tempos. Teremos muitos, mas muitos brasileiros fazendo finais e terminando no top8.

  3. André Luis
    André Luis says:

    Será q Cielo não poderia participar como reserva do rev 4×100 livre?
    Seria no mínimo um prêmio a quem tanto fez pela país! Ele poderia nadar a eliminatória, e se fosse bem, até mesmo uma final! Claro q não sei se ele teria estímulo para treinar só pra um rev, mas acho válido, é a chance de mais uma medalha olímpica, ainda mais em casa!

  4. Ricardo Martins
    Ricardo Martins says:

    Gostaria de saber após 2009 quantas vezes em uma comparação o Cielo fez abaixo de 22″ em relação ao Manadou , quanto ao “apagão ” uma vergonha que irrita os nadadores mais velhos e sensíveis no qual uma desatenção leva a perda de preciosos centésimos , lamentável . Agora vamos torcer para que não faça calor em agosto ( duvido) e esse caldeirão sem ar condicionado não prejudique todos os atletas.

  5. Francisco Dantas
    Francisco Dantas says:

    Pelo que foi demostrado no Maria Lenk não dá para ter muitas esperanças de medalhas para o Brasil na Rio 2016. Além de muitos tempos serem medíocres a nível mundial, muitos desses nadadores parecem que fazem “um pouco de corpo mole”, pois como é que em uma seletiva olímpica um atleta piora o tempo ou não evolui? è impressionante, alguns parecem que nadavam apenas por nadar, pra cumprir agenda. A maioria não demostrava muito esforço, evolução. Alguns tempos foram apenas pra se classificarem, mais nada. A única medalha que ainda apostaria seria do Bruno Fratus nos 50 m, nem o Thiago Pereira eu apostaria, pois a concorrência dos 200 m medley está muito acirrada. As nadadoras parecem que estão satisfeitas com qualquer coisa. Apenas a Etiene tem uma postura um pouco diferente. Eu, hein!

  6. Realidade
    Realidade says:

    O que voces acham que aconteceu com a atitude do Cielo nesses ultimos 18 meses?

    Quando nao se sentia bem, saia da competicao.

    Mesmo nessa semana, toda vez que ele nadou de manha ele reclamou que era muito cedo para o corpo dele. Oras. Nunca vi um campeao olimpico e mundial reclamar de uma coisas dessas. Nao importa se Arizona esta em outro fuso. Nao fazia sentido essa desculpa dele de que de manha o corpo estava dormindo. Mesmo porque ele praticamente nao melhorou nada na final.

    Ele nunca foi assim. Voce ja percebia que o discurso dele estava diferente. Quando nadou no GP de Orlando saiu falando que foi razoavel. Oras. 22.4 nao e’ razoavel pra ele, principalmente qdo Nathan Adrian e outros deixaram ele bebendo agua.

    Depios dos 48.97 essa semana, ele tambem disse que ficou contente. Nao faz sentido isso. Desde qdo 48.97 e’ bom para o Cielo?

    Dificil de explicar o que aconteceu. As vezes fico analisando tudo dele. Sua saida ficou muito instavel nos ultimos anos. Ele quis mudar o seu estilo com bracos retos. A cabeca ja nao estava no lugar. Sempre respeitei a atitude dele de buscar mudancas para melhorar.

    Mas talvez aquele ditado de que “em time que esta ganhando nao se mexe” faca mais sentido agora. Saudades do Brett Hawke.

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